Dandara: “A política se fortalece quando há uma diversidade maior no poder”

Para a pré-candidata à prefeitura de Uberlândia (MG), quando as mulheres ocupam a política, vidas são transformadas

Reprodução/TvPT

A educação é uma das bandeiras da pré-candidata que pretende modernizar Uberlândia

Em entrevista ao programa Café PT desta quinta-feira (4), a deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG), pré-candidata à prefeitura de Uberlândia (MG), falou sobre sua campanha, o enfrentamentos da extrema direita no Parlamento e a defesa dos direitos das mulheres nas eleições municipais. 

No final de maio, a pesquisa IPEC revelou que a mineira lidera a intenção de votos para a prefeitura do município. Sobre isso, ela celebrou a construção que vem sendo feita na cidade: “É uma construção coletiva feita a muitas mãos, com muitos sonhos, muitas lutas, e que está liderando as pesquisas. A pesquisa IPEC apresentou um cenário muito bom para nós, mostrando que o nosso trabalho já gera resultados. Nós sabemos a importância de impulsionar e fortalecer mais mulheres na política”.

A pré-candidata reforçou a necessidade de haver mais mulheres na política, tendo em vista que as brasileiras compõem a maioria da população no país. Ela defende que quando as mulheres ocupam os espaços de poder conseguem proporcionar mudanças mais profundas na sociedade, pois “nós sentimos na pele as agruras do dia a dia, e quando mulheres ocupam esses lugares estratégicos nós temos uma inversão de prioridades.”

Dandara pontuou ainda que “as mulheres são hoje 51% do nosso país, mas infelizmente ainda é só 12% das que governam, administram no Executivo. E as mulheres negras, 28%, o maior grupo populacional do nosso país, e apenas 4% dos que governam. Isso significa dizer que a gente tem que fortalecer a presença de mais mulheres, mulheres negras nos espaços de poder. E nós sabemos que isso faz diferença porque nós pensamos e construímos a política a partir do lugar que a gente vem, que a gente vive. E nada melhor que quem sofre e vive na pele as agruras do dia a dia ocupe os espaços de poder.”

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Projetos para a prefeitura de Uberlândia 

Indagada sobre a importância de o povo mineiro ter o PT na prefeitura de Uberlândia, a parlamentar destacou que o mandato do presidente Lula tem mostrado a importância de incluir as pessoas no orçamento, de priorizar a educação, a saúde e a mobilidade urbana.

“Tenho certeza que ter essa conexão entre o município e o governo federal vai abrir ainda mais portas. Eu consegui, em um ano e meio de trabalho, quase duas mil casas do Minha Casa Minha Vida para Uberlândia. Nós conseguimos R$ 2 milhões para concluir uma obra de um teatro e de cinema inacabado na Universidade Federal de Uberlândia há mais de dez anos”, assinalou Dandara.

“Conseguimos incluir uma escola como escola de Tempo Integral, a construção de uma nova creche, duas novas UBSFs, e são unidades básicas de saúde daquele modelo mais equipado, maior ainda. Também levamos um novo CAPS infantil para a cidade, ou seja, o nosso trabalho já vem trazendo resultado para a cidade e vai ampliar ainda mais”, garantiu. 

Além dessas ações já realizadas, Tonantzin adiantou quais seriam as ações de destaque na gestão em Uberlândia, em caso de vitória eleitoral: “A prioridade vai ser cuidar das pessoas. Na saúde, não dá para a gente ficar com um pronto-socorro lotado. Defendemos uma educação de qualidade, com merenda escolar. Vamos gerar emprego, renda, e criar mais oportunidades para as pessoas, porque tem vaga de emprego, mas falta mão de obra qualificada, falta essa ponte entre o mercado de trabalho e as pessoas que precisam, que querem trabalhar. Eu estou priorizando esse olhar para as pessoas, uma cidade que realmente cuide de todo mundo, que seja boa para todo mundo.”

A mineira foi a única pré-candidata que, antes do início da campanha, fez plenárias, debates, escutas ativas em todas as regiões da cidade. Segundo ela, com essa ação, ela pode perceber e sentir na pele que as pessoas estão precisando de uma nova cidade capaz de atender seus anseios e desejos. 

“Eu percebo que hoje nós não temos uma gestão voltada para esse cuidado. Tem muito concreto, viaduto, asfalto, mas falta emprego, vaga na escola, falta geração de oportunidades. Geração de melhorias para os empreendedores. Hoje quem quer empreender na cidade sofre muito. Tem gente que demora um ano para conseguir um alvará, um ano e meio, dois anos para conseguir um habite-se”, declarou.

“Nós não temos uma política integrada, desburocratizada na prefeitura, que possa facilitar o trabalho e a vida de quem quer empreender. Eu também quero uma cidade viva, pulsante, em que a cultura não seja só uma ferramenta de lazer, mas que ela gere emprego e renda, que ela possa colocar a cidade no circuito nacional, internacional, de turismo, de referência”, afirmou. 

A ideia da companheira é conectar Uberlândia a conceitos modernos e inovadores. Para ela, a cidade tem potencial para ser uma cidade global, como Munique ou Barcelona: “Nós podemos conectar a Uberlândia com o que está acontecendo no resto do planeta, mas ela não pode ficar parada no tempo como está hoje. É preciso políticas públicas de inovação, que conectem a cidade com o século XXI”, defendeu.

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Atenção especial à educação 

A deputada é pedagoga, filha de professores, mestra em educação e, no ano passado, ganhou o prêmio Congresso em Foco como a parlamentar que mais atua na defesa da educação. Por conta dessa trajetória, o tema educação é altamente prioritário para a pré-candidata. 

“Meus pais são professores, então eu aprendi dentro de casa a importância da educação e da sala de aula como ferramenta para transformar vidas. Se eu estou aqui hoje como deputada federal e pré-candidata à prefeita, foi também a educação que mudou a minha história, e eu acho que a educação precisa ser reconhecida e vista como investimento e não como gasto. Eu concordo muito com o presidente Lula: investir na melhoria da infraestrutura, expandir novos cursos, ampliar a quantidade de vagas, valorizar e reconhecer os servidores públicos municipais é apostar num futuro diferente”, disse.

A pré-candidata tem a chance de fazer história, caso seja eleita em outubro, para assumir a prefeitura de Uberlândia. Seria a primeira mulher negra periférica a assumir o Executivo local em 130 anos de história da cidade.

“Tenho certeza que isso vai significar uma mudança de concepção, de gestão do olhar e da prioridade. Nós temos uma cidade hoje de quase um milhão de habitantes, a segunda do estado de Minas Gerais, que representa o 17º PIB do Brasil, mas, infelizmente, está há 8 anos sem entregar uma única creche, e isso impacta diretamente na vida da mulher que precisa trabalhar e não tem onde deixar seus filhos”, ressaltou.

“Ter uma mulher na gestão significa também um olhar de futuro capaz de conectar o passado, o presente e apontar para uma nova diretriz. Eu tenho dito que nós vamos inovar, fazer o que nunca foi feito: vamos incluir mais pessoas e nós vamos conectar a cidade com o futuro”, comprometeu-se a pré-candidata.

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O Parlamento brasileiro e a extrema direita

Outro ponto da entrevista foi a ascensão de deputados e deputadas da extrema direita no Parlamento. Na avaliação de Tonantzin, a atuação desses parlamentares enfraqueceu o debate de ideias e projetos que busquem a melhoria da vida da população, dando lugar a trocas de ofensas e violências verbais, sempre em busca de likes e compartilhamentos nas redes sociais.  

“É muito triste ver que em pleno século 21 o Parlamento brasileiro esteja empobrecido de debate político de qualidade. Hoje, mais vale a fala da lacração, do close, do ataque violento, que depois é cortado para postar na internet, do que realmente participar de um debate, de uma audiência pública, uma reunião de uma comissão e ter encaminhamentos”, lamentou. “Tem gente que está apostando nessa despolitização do debate político para divulgar fake news, disseminar mentiras”. 

A mineira acredita que esses parlamentares aproveitam o ano eleitoral para trazerem à tona temas ligados à agenda de costumes, para criar uma cortina de fumaça e não debater os temas reais, concretos de quem está na ponta vivendo as dificuldades: “Quando a gente tem deputados pré-candidatos a prefeitos de suas cidades, que, ao invés de debater a saúde, a educação, a mobilidade urbana, a geração de emprego e renda, cultura, segurança, está debatendo porte de arma, estupro, maconha, aborto de forma descontextualizada, rasa, e superficial é porque, na verdade, eles não têm aprofundamento para entrar nos temas centrais do que está acontecendo na vida das pessoas.”

Recado para as mulheres 

“Quando as mulheres ocupam a política as vidas são transformadas. Quero convidar você, mulher de luta, a colocar o seu nome, a sua vida à disposição da construção de projetos coletivos que podem, sim, transformar a vida das pessoas. Ocupe a política com qualidade. Seja a mudança que você espera no mundo. Com coragem tem jeito. para refletir os direitos das mulheres, dos negros é preciso ocupar a política e ocupar cargos eletivos”, encerrou a deputada.

Da Redação Elas por Elas

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