Com prisão de Gusttavo Lima, Operação Integration aprofunda investigação sobre bets

Juíza Andrea Callado, responsável pela prisão de Lima, afirmou em sua decisão que “o jogo do bicho, assim como outros jogos de azar, tem efeito devastador sobre as famílias”

Ruan Pablo / Site do PT

As bets representam grave ameaça para as famílias de baixa renda no Brasil

Deflagrada em Pernambuco, a chamada operação Integration busca identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. A Polícia Civil cumpriu 19 mandados de prisão, 24 de busca e apreensão domiciliares e sequestro de bens como carros, valores em dinheiro e imóveis, entre outros. Nesta segunda (23), foi preso o cantor Gusttavo Lima.

Sua estreita relação com investigados pela Operação Integration resultou no seu indiciamento. Na mira da Justiça pernambucana, Gustavo Lima levou à Grécia, para comemorar seu aniversário, dois convidados sob investigação. Já com pedidos de prisão decretados, José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina da Rocha, sócios da casa de aposta Vai de Bet, não voltaram, optaram pela fuga, com a ajuda do amigo aniversariante.

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A juíza Andrea Calado da Cruz, do Tribunal de Justiça pernambucano, acatou o pedido da Polícia Civil de Pernambuco e rejeitou argumento do Ministério Público estadual, que pedia substituição de prisões por medidas cautelares. Diz a magistrada: “esses indivíduos, ao se esquivarem da Justiça, demonstram desinteresse em responder por seus atos, além da tentativa deliberada de manipular o sistema judicial em seu favor”.

Em sua sentença, a magistrada registra que “Nivaldo Batista Lima, nome verdadeiro do cantor Gustavo Lima, demonstra alarmante falta de consideração à Justiça”. E mais: que “a conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado”. O inquérito, a que o jornal Folha de S. Paulo teve acesso, revela que a quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casa de câmbio e outras para lavagem de dinheiro.

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Efeito devastador dos jogos de azar

A juíza Andrea Callado afirmou, em sua decisão, que “o jogo do bicho, assim como outros jogos de azar, tem efeito devastador sobre as famílias”. E aponta como as Bets vem destruindo lares, causando danos à saúde mental de apostadores e provocando aumento do endividamento. Diz, ainda, que “essas práticas corroem o tecido social” e conclama o Poder Judiciário à “coragem para enfrentar interesses obscuros e agir em prol do bem comum, sempre com integridade e determinação”.

Pesquisa do Instituto Locomotiva, publicado pela coluna Painel S/A, da Folha, realizada no início de agosto, com cerca de dois mil entrevistados em 142 municípios pelo Brasil afora, revela que a maioria das pessoas que fazem apostas esportivas em plataformas de Bets são de baixa renda, estão endividados e possuem dois ou mais cartões de créditos que são as principais formas de pagamentos das apostas online.

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Quase metade dos apostadores, cerca de 46%, é formada por jovens entre 19 e 29 anos. Pertencem às classes C D e E, 35% deles. Das classes A e B, são 25% o universo de apostadores. Mais de um terço deles está com o nome sujo. Em levantamento de maio passado, o Mapa Serasa Crédito revela que quase 17% das pessoas entre 18 e 25 anos pegaram empréstimos consignados e “aplicaram” em apostas pela internet.

Questões como a facilidade de acesso pelo celular, intensa publicidade nas redes sociais e outras mídias, além da falta de regulamentação eficaz contribuem para esse processo de danos graves aos usuários que navegam por casas de apostas e cassinos online. Além do irreversível prejuízo financeiro, causa problemas psiquiátricos que afetam as relações familiares e mesmo a convivência em seu meio social.

Da Redação

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