Gleisi, a golpistas: “Vocês formaram uma quadrilha. O lugar de vocês é na prisão”
Petistas pedem prisão da quadrilha que elaborou plano para matar Lula e abolir o Estado Democrático de Direito
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Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (26), para pedir prisão e punição de todos os envolvidos na trama golpista para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes (STF). “Vocês arquitetaram para matar. Vocês têm que pagar, responder ao processo, responder à sociedade brasileira. Vocês buscaram atentar contra a vida, contra o Estado Democrático de Direito. Vocês formaram uma quadrilha. O lugar de vocês é na prisão”, afirmou a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).
A parlamentar, que preside o PT nacional, rebateu Bolsonaro que ao ser indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, considerou que o seu crime foi de pensamento. “Vocês não pensaram em matar, vocês arquitetaram um plano para matar: mobilizaram pessoas, materiais, informação, fizeram campana para pegar o ministro do Supremo. Então pensou em matar realmente, organizou para matar”, reiterou.
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Gleisi lembrou ainda que Bolsonaro disse que não seria golpe matar o Lula, porque o Lula não tinha tomado posse ainda como Presidente da República. “E pior, ainda falou que golpe é uma coisa séria. Para acontecer, teria que ter todo o envolvimento das Forças Armadas e não tinha. Não, Bolsonaro, golpe não é uma coisa séria, golpe é crime. Vocês têm que pagar pelo crime que cometeram. Não pensem que vocês só pensaram, não. Não diga isso. Vocês arquitetaram, vocês quiseram matar o Lula, matar o Alckmin”, disse.
“Está tudo provado”
Para o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), já passou da hora de Bolsonaro e Braga Netto serem presos. “Está aqui o relatório da Polícia Federal. No dia 9 de novembro de 2022, o general Mário Fernandes imprimiu no Palácio do Planalto, na impressora do Palácio, o plano para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes — está tudo provado. Ele pega esse documento, e vai sabe para onde? Para o Palácio da Alvorada”, relatou.
O deputado citou ainda que no dia 12 de novembro, ocorreu reunião na casa do general Braga Netto, onde começaram a discutir o plano Copa 2022. “Esses senhores tiveram coragem, seis agentes que foram para a casa do ministro Alexandre de Moraes, com o plano de prender ou matar. Abortaram a operação no último minuto”, ressaltou. Lindbergh citou ainda o ataque à sede da Política Federal no dia 12 de dezembro de 2022, no dia que o Lula foi diplomado. “E mais, no dia 24 de dezembro, um atentado a bomba no aeroporto de Brasília.
“Bolsonaro e esses militares têm que ser julgados e condenados. Mas temos que mudar, aqui, com uma proposta de emenda à Constituição, o art. 142 da Carta Magna, para definitivamente afastar os militares da cena política nacional”, defendeu.
Congresso não é lugar para incitar golpes
O deputado Rogério Correia (PT-MG) alertou que o Congresso Nacional não é lugar de incitar golpes. “Quem incita o golpe, esteja onde estiver, está cometendo crime contra a democracia. E muitos aqui insistem em cometer crimes contra a democracia. Isso está na Constituição Federal. Mesmo sendo parlamentar, não venham e não continuem a incitar golpe e, depois, dizer que estão sendo perseguidos, porque isso é crime colocado na Constituição. O Congresso é lugar de se fazer defesa do processo democrático”, afirmou.
Para Rogério Correia é inacreditável ver deputado de extrema direita querer desvirtuar os fatos. “Tentaram envenenar o presidente Lula e o vice Alckmin. Quem diz isso não sou eu, é a Polícia Federal, que agora não serve para nada. E eu vejo policiais federais aqui falando mal da nossa PF, e são policiais federais ligados às forças de segurança”, desabafou. Na sua avaliação, a Polícia Federal está fazendo um trabalho minucioso, “e há agora áudios que mostram que eles estavam incitando um golpe, que havia pessoas prevendo os assassinatos. Esses áudios estão lá. Os senhores não vão falar, pelo menos, que essas pessoas que fizeram isso deveriam estar presas — pelo menos essas pessoas? Não, os senhores protegem toda a extrema direita e, por isso, são coniventes com a tentativa de golpe que existiu no Brasil, isso está mais do que claro”, enfatizou.
Denúncia da PGR
O deputado aproveitou para, da tribuna, pedir ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, rapidez na análise do processo. “E que ele denuncie todos os responsáveis por tentar acabar com a democracia no Brasil, que não passe uma borracha por cima dos golpistas”, pediu. Rogério Correia entende que o procurador tem que examinar tudo isso. “Todos têm que ter direito de defesa, mas o Paulo Gonet tem que punir os que tentaram acabar com a democracia”, completou.
Plano homicida e golpista
O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) lamentou a cegueira dos parlamentares bolsonaristas. “É lamentável esse momento que nós passamos aqui no Parlamento. Parece até que não se lê, não se ouve o que está acontecendo neste País. Foi preparado um plano homicida e golpista para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Quem diz isso é a Polícia Federal. E olhe que para dizer algo dessa natureza é preciso ter provas robustas, provas que não podem ser refutadas. Observem onde chegamos. Inclusive, eu fico perplexo aqui, quando percebo a cara de pau de quem ainda defende e adora a morte de um presidente da República, de um vice-presidente e de um presidente do Supremo Tribunal Federal. A que ponto nós chegamos?”, protestou.
Joseildo Ramos enfatizou que o plano golpista foi impresso no Palácio do Planalto e levado para o Palácio da Alvorada, onde o ex-presidente Bolsonaro estava “e, portanto, tomou conhecimento”. Ele citou ainda que os áudios vinculados ao telefone móvel do Mauro Cid colocam claramente que o general Mario Fernandes estava falando que o ex-presidente aceitaria o assessoramento desses generais. “Portanto, é de uma seriedade muito grande, e é preciso que tomemos conta desse processo, independentemente das matizes ideológicas que estão dentro desta Casa. É preciso que, de maneira exemplar, isso seja tomado como exemplo, para evitar que mais uma vez aconteçam essas tramas urdidas contra o interesse maior da sociedade brasileira”, defendeu.
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Sem anistia
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) reiterou o pedido de punição para todos os que armaram a tentativa de golpe contra a democracia. “Esse crime não pode ficar impune e os que armaram e urdiram um golpe contra todos os brasileiros e brasileiras precisam ser punidos. Já não bastasse a violência cometida contra o País durante o Governo Bolsonaro, no final ou nos estertores daquele governo, o que vimos foi uma trama ardilosa, violenta, inconstitucional, criminosa, para tentar matar o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Pensem, senhores e senhoras, este Parlamento ficaria livre da ação ardil e criminosa dos bolsonaristas?”, indagou.
Para Rosário, não é possível sermos tolerantes com os violentos e golpistas. “Não é possível aceitarmos qualquer discurso sobre a anistia. Tenham a palavra anistia como algo de pronto impedido de ser tratado neste Plenário e nesta Câmara dos Deputados. Se valorizamos os nossos mandatos populares, se somos dignos do voto do nosso povo, não aceitem a anistia! Arquive-se imediatamente o projeto da anistia para que estes canalhas, palavra utilizada por Tancredo do Neves, aqui neste plenário, não tenham voz permitida…”, pediu.
“Não há anistia para criminosos”, reforçou o deputado Paulão (PT-AL). Ele afirmou que toda a trama do golpe e para assassinar Lula, Alckmin e Moraes foi um atentado ao Estado Democrático de Direito. “Isso é muito grave. Trata-se de uma quadrilha organizada, capitaneada, articulada, do ponto de vista intelectual pelo indiciado Jair Bolsonaro e pelo general Braga Netto e vários militares que deveriam fazer a defesa do Brasil, mas estão atentando contra a democracia. Anistia nunca”, afirmou.
Deus, pátria e família
O deputado Luiz Couto (PT-PB) considerou de extrema gravidade as denúncias reveladas pelo Fantástico, na trama de golpe de Estado e tentativa de assassinato. “O slogan Deus, Pátria e Família, frequentemente invocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro agora, lamentavelmente, é manchada por indícios de graves crimes que configuram uma trama golpista”, observou. Ele destacou que a reportagem mostra áudios exclusivos, onde altas patentes militares discutem abertamente uma trama golpista, uma tentativa explícita de subverter a democracia pelo simples desejo de se manter no poder. “Não podemos permitir que a crença em valores fundamentais, como Deus, Pátria e família, seja utilizada como manto para atos de traição a esses mesmos princípios”, protestou.
Para Luiz Couto é imperativo que o Congresso Nacional tome uma posição firme e clara contra aqueles que tentam desmantelar a nossa democracia. “Devemos exigir responsabilidade e resposta”, reiterou.
Do PT Câmara