Gleisi: “Golpe não é ‘coisa séria’, Bolsonaro: golpe é crime”
Presidenta do PT responde Bolsonaro enquanto o cerco se fecha sobre golpistas: Nesta terça (26), Alexandre de Moraes quebra sigilo do inquérito que investiga trama golpista de Bolsonaro e sua quadrilha e envia relatório à PGR
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou, nesta terça-feira (26), o sigilo do inquérito que investiga o plano bolsonarista contra a democracia brasileira, orquestrado, como se sabe agora, para assassinar o presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o próprio Moraes. O magistrado também remeteu as 884 páginas do relatório da investigação à Procuradoria-Geral da República (PGR), que vai decidir se apresenta denúncia contra os acusados.
O relatório contém um robusto acervo de provas de que o ex-presidente da extrema direita era o capitão do golpe militar.
“Os elementos de prova ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio, de forma direta e efetiva, dos atos executórios realizados pela organização criminosa, que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumiu em razão de situações alheias à sua vontade”, diz o relatório da PF.
“O arcabouço probatório coletado indica que o grupo investigado, liderado por Jair Bolsonaro, na época da República, criou, desenvolveu e disseminou a narrativa falsa da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema presidente eletrônico de votação do país desde 2019”, acrescenta.
Em outro trecho, a PF afirma que a investigação obteve “elementos de prova que corroboram as atuais hipóteses criminais, demonstrando que o ato executivo ilícito foi feito então pelo presidente da República”.
Para acessar a decisão que levantou o sigilo, clique aqui .
Confira a integra do Relatório Final da Polícia Federal clicando aqui .
A confissão de Bolsonaro
Diante das evidências que pesam contra Jair Bolsonaro e a quadrilha arregimentada por ele para enterrar o Estado Democrático de Direito, além das recentes e constrangedoras falas do capitão da extrema direita, confessando que uma conspiração foi, de fato, gestada dentro do Palácio do Planalto, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), protestos ao ex-presidente, como manda a lei.
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“Golpe não é ‘coisa séria’, Bolsonaro: golpe é crime. Contra a democracia e o Estado de Direito, previsto na lei. E o seu golpe fracassou, simples assim. Responda por seus crimes na Justiça, porque, para o país e para a História, você já está condenado”, publicou Gleisi, na rede social X.
É patética a reação de Bolsonaro ao indiciamento de sua quadrilha golpista. Chama de “crime de pensamento” um plano minucioso de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, que teve até tocaia contra o ministro. Praticamente confessa que o golpe falhou, mas não consegue…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 26, 2024
A PGR tem prazo de 15 dias para se manifestar, mas a expectativa é de que o procurador-geral, Paulo Gonet, apresente denúncia contra o capitão da extrema direita apenas em 2025. Na última quinta (21), a Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro e outros 36 extremistas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Reações desesperadas
As reações desesperadas de Bolsonaro ao cerco da Justiça, hora de tentar minimizar seu indiciamento pela PF, hora de se vitimizar, foram constrangedoras até para os padrões da extrema direita. “Posso ser preso ao sair daqui”, indicou a jornalistas, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, na segunda (25).
Na mesma entrevista, o ex-presidente chegou a admitir que o Estado de Sítio estava entre seus desejos, depois de perder as eleições de 2022. A solução, argumentou Bolsonaro, seria uma maneira de se manter “dentro das quatro linhas”. “Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição. Dá para resolver tudo nas quatro linhas”, confabulou.
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Atos falhos
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) ironizou os argumentos de Bolsonaro para esvaziar o processo. Na avaliação do parlamentar, o ex-presidente cometeu um deslize e admitiu os crimes. Bolsonaro disse, nas redes sociais, após receber o indiciamento, que um golpe de Estado ocorre apenas quando há “presidente empossado”, o que ainda não era o caso de Lula, no momento da intenção fascista.
“Lula foi eleito. Lula tinha sido diplomado em 12 de dezembro. Isso aqui é inacreditável. É uma confissão. O que passa na cabeça de um sujeito como esse? […] Não pode ter anistia dos golpistas”, defendeu Lindbergh, por meio do X.
As manifestações de Bolsonaro confirmam que o PT já apontava desde 2021, quando iniciou a série Réu Confesso, uma sucessão de materiais para mostrar todos os crimes cometidos por Bolsonaro à frente da Presidência, dos crimes ambientais ao negacionismo científico que resultou na morte de mais de 700 mil brasileiros na pandemia de covid-19, fato que popularizou e associou o termo “genocida” ao seu governo desastroso.
INACREDITÁVEL: Bolsonaro faz postagem nas redes sociais e confessa que sequestro de Alexandre de Moraes não restringiria nem impediria exercício do Poder Judiciário. SEM ANISTIA! pic.twitter.com/ekH2xYR9Mt
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) November 25, 2024
A nota da defesa do general da reserva Braga Netto – vice de Bolsonaro nas eleições de 2022 e igualmente indiciado pela PF – também soou como uma confissão da tentativa de golpe de Estado. Conforme O Globo, membros do PL se disseram constrangidos com a refutação de um “golpe dentro do golpe”, postulada pelos advogados do general, o que comprovaria a lealdade de Braga Netto para com o ex-presidente.
Da Redação, com O Globo