Zelotes pode atingir ministro do TCU

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, é relator das contas fiscais do governo federal de 2014

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Recente ação da Operação Zelotes pode ter como alvo o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes. Uma operação de busca e apreensão de provas, realizada em conjunto pela Polícia Federal, Ministério Público, Corregedoria do Ministério da Fazenda e Receita Federal, na quinta-feira (3), teve entre os alvos três escritórios de contabilidade, em Santo Ângelo (RS), terra de Nardes e de Paulo Roberto Cortez, um dos delatores do esquema.

Por se tratar de autoridade com foro privilegiado, o caso foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, após análise, poderá ser encaminhado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pessoa competente para investigar agentes públicos com tal condição de foro.

Segundo informações obtidas pela revista “Carta Capital”, o nome do ministro teria aparecido durante as investigações da Operação Zelotes na condição de sócio de uma das empresas participantes da fraude. À reportagem, Nardes afirmou que conhece Cortez superficialmente e está tranquilo, pois afastou-se de todas as empresas das quais era sócio, desde que se tornou ministro do TCU, há 10 anos.

“Não descartou, porém, que algum destes desligamentos tenha levado um certo tempo para se consumar, nem que alguma das empresas tenha sido usada indevidamente por terceiros”, reportou a revista.

Ex-deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Nardes foi indicado para o TCU em 2005 pelo então líder da bancada partido na Câmara, José Janene.

Falecido em 2010, Janene era amigo do doleiro Alberto Youssef, e teve seu nome citado nas investigações da Operação Lava Jato.

Para o relator da subcomissão da Câmara dos Deputados que acompanha a Operação Zelotes, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), “esse caso é muito grave, foram desviados bilhões, e precisa ser investigado até o fim”.

Pimenta é também autor de uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), contra o juiz titular da 10º Vara Federal de Brasília, Ricardo Leite, por indeferir os pedidos de prisão temporária de 26 investigados e não conceder a prorrogação do monitoramento das escutas telefônicas e de e-mail dos envolvidos. Instado pelo CNJ a prestar esclarecimentos por sua condita, Leite foi afastado do caso e substituído pela juíza Marianne Borré.

Nardes é relator das contas fiscais do governo federal, de 2014. Em 2008, ele também foi o relator das contas e não as considerou irregulares pelos mesmos motivos que as considera agora.

Em relação às “pedaladas fiscais” do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Nardes não considerou como práticas irregulares. Quanto ao orçamento de Lula, seu relatório reduziu a responsabilidade do Executivo, visto que o orçamento de 2007 estava em tramitação no Congresso nacional.

Entenda o caso – A Operação Zelotes investiga um esquema de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativos de recursos Fiscais (Carf), entre 2005 a 2013, cujos valores somam R$ 19 bilhões. Entre as empresas investigadas por suspeitas de envolvimento estão o grupo midiático RBS, os bancos Santander, Bradesco, Opportunity e Safra, a construtora Camargo Correa e a fábrica Gerdau.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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