“Disputa eleitoral de 2014 não acabou”, diz Pochmann sobre impeachment

“Cunha tornou-se um instrumento da oposição, gerando de fato mais um turno nas eleições. É isso: 2014 não terminou”, defende, em conversa com o “Portal Vermelho”

O economista Marcio Pochmann disse, nesta quinta-feira (3), que com o acolhimento do pedido de impeachment, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rendeu-se aos objetivos da oposição, “que não aceitou o resultado das urnas” e estabeleceu “um programa para levar a um terceiro turno” da disputa eleitoral.

“Cunha tornou-se um instrumento da oposição, gerando de fato mais um turno nas eleições. É isso: 2014 não terminou”, defende, em conversa com o “Portal Vermelho”.

O economista, que é ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca que, desde o fim das eleições, a oposição tenta maneiras de reverter a reeleição da presidenta Dilma Rousseff.

“Isso foi tentado de várias formas, a começar pela tentativa de recontagem dos votos, não aceitando o resultado eleitoral e inquirindo o TSE, uma iniciativa que não obteve êxito. Depois, motivando mobilizações nas ruas. Mas chegamos ao fim do ano com um movimento de descrédito em relação a esse tipo de mobilização. E restou, basicamente, a tentativa do impeachment”, enumera.

O economista menciona ainda os prejuízos que as turbulências na esfera política têm acarretado ao desempenho econômico do país. Segundo ele, a instabilidade política é, nesse momento, o principal obstáculo para a retomada.

Nesse sentido, Pochmann defendeu um rápido desfecho da crise, para que o país siga adiante. “Quanto maior o lapso de discussões, certamente a economia vai entrar em fase de maior paralisia que a que se encontra hoje”, opina.

Ele afirma que não percebe, “entre os que realmente comandam o país” – ou seja, os ricos –, um “empenho” em apoiar o movimento pré-impeachment, justamente pela ideia de que, sem Dilma, a situação da economia só de agravaria.

“Se atentarmos para a posição dos principais representantes da classe dominante, de maneira geral, eles têm tido certa acomodação, porque não têm clareza de que uma alternativa ao governo da presidenta Dilma permitira estabilizar, do ponto de vista político e econômico, o país. Poderia lançar, na verdade, o país em situação de maior insegurança, com traços de ingovernabilidade”, conclui.

Por Joana Rozowykwiat, do “Portal Vermelho”

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