Ministro golpista: Bruno Araújo, lobista profissional contra o MCMV
O ministro das Cidades bateu panela contra a corrupção, mas fez lobby para a indústria farmacêutica, que financiou sua campanha, na Câmara dos Deputados
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O deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE) deu o voto número 342, que selou a a continuidade do processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, no dia 17 de abril, e ganhou como prêmio o ministério das Cidades do governo do presidente golpista Michel Temer.
Honrado com a oportunidade que o “destino” lhe reservou, Araújo é mais um dos nomes do ministério golpista a constar na planilha de pagamento de propinas da Odebrecht, apreendida pela operação Lava Jato.
Líder da oposição na Câmara dos Deputados até então, ele foi um dos 330 deputados que votaram a favor de uma emenda que permite o financiamento empresarial de campanha aos partidos políticos. A votação, ocorrida em maio do ano passado, foi uma manobra de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Casa, para reverter o fim das doações aos candidatos, aprovada um dia antes.
Apesar de questionável – uma vez que suprimir o poder das empresas sobre as campanhas é tida como medida essencial para combater a corrupção – a postura do ministro é ‘coerente’ com seu histórico. Além de receber doações da Odebrecht e da Queiroz Galvão nas últimas eleições, ambas investigadas na Lava Jato, em 2010, Araújo foi apontado em reportagem da revista “IstoÉ” como um dos principais lobistas das indústrias farmacêuticas no Congresso.
Laboratórios interessados em aprovar a liberação de inibidores de apetite proibidos, como a sibutramina, a anfepramona, o femproporex e o mazindol, foram os principais financiadores de sua eleição. Araújo recebeu um total de R$ 405 mil dos laboratórios Aché, Biolab Sanus, Eurofarma, Libbs e Infan.
Minha Casa Minha Vida
Preocupado em “buscar tudo que seja melhor para a população”, como afirmou em seu discurso após o voto do impeachment, a principal medida do ministro batedor de panela à frente do ministério das Cidades até o momento foi revogar a construção de 11.250 unidades do Minha Casa Minha Vida. Nesta sexta-feira (20), o golpista cancelou toda a terceira etapa do programa habitacional.
Embora o presidente golpista Michel Temer tenha afirmado em seu primeiro discurso depois o golpe parlamentar que manterá os programas sociais e os direitos adquiridos pelos cidadãos brasileiros, já são vários os indícios de que a promessa não será cumprida.
Das ameaças à universalização do SUS como direito constitucional, à ampliação da cobrança de mensalidades em universidades públicas, passando pelo “austericídio” econômico de Henrique Meireles, que, na prática, pode reduzir salários e o Bolsa Família, e pelo cancelamento das habitações do Minha Casa Minha Vida, tudo revela os retrocessos e o caráter elitista deste governo ilegítimo.
Da Redação da Agência PT de Notícias