Golpistas escolhem nome suspeito para periciar impeachment
Diego Prandino Alves, consultor do Senado, é autor de diversas postagens no Facebook contra Dilma e o PT, ou seja, não pode ser considerado isento
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O conjunto de elementos que comprovam o golpe contra a presidenta eleita, Dilma Rousseff, foi ampliado na Comissão Especial do Impeachment no Senado, nesta quarta-feira (15). Sob protestos dos defensores da democracia e da Constituição, foi escolhido um perito parcial para analisar os documentos do processo.
Diego Prandino Alves, consultor do Senado, foi indicado para coordenar os trabalhos de perícia, mas é autor de diversas postagens no Facebook contra Dilma e o PT. Ou seja, não poderia realizar com isenção o trabalho de perícia dos documentos.
Mesmo diante do fato, os golpistas que integram a comissão no Senado mantiveram a indicação, em mais uma demonstração de que não querem um julgamento justo e promovem um cerceamento ao direito de defesa de Dilma.
Eles já haviam impedido a realização de perícia —a defesa queria uma perícia internacional para garantir a imparcialidade, mas não obteve sucesso. Mas, por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Levandowski, que é o responsável por conduzir o processo no Senado, foi determinada a realização da perícia para evitar pedidos de nulidade do processo.
Foi o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) quem identificou as postagens de Prandino, com conteúdos claramente ofensivos ao PT e à presidenta Dilma.
“Ressalvamos, por óbvio, o direito democrático dele [o perito Prandino] se manifestar politicamente”, afirmou Lindbergh ressaltando que não questiona a atuação de Prandino como servidor. “Mas é explícito que, pela posição política, ele não tem a isenção necessária para realizar o trabalho.”
José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União (AGU) da presidenta eleita, argumentou que as mensagens colocam em suspeição o trabalho, o que seria desnecessário.
“Até informei que os outros peritos tiveram também, curiosamente, suas mensagens apagadas do facebook”, disse Cardozo. “Isso não me leva a suspeitar, mas me leva a achar que é uma situação esquisita. Diante desse quadro é que fizemos essa ponderação. Lamento porque essa perícia nasce sob uma suspeição que não precisaria ter. Para quê?”, questionou.
A expectativa agora é que o próprio servidor se declare suspeito para coordenar os trabalhos, como gesto de valorização de seu trabalho.
Além de mais esse atropelo ao direito de defesa, o relator do processo, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que é do mesmo partido autor da denúncia contra Dilma, rejeitou o último depoimento do dia. O Consultor de Orçamentos do Senado Hipólito Gadelha Remígio chegou a iniciar sua fala, mas foi interrompido por Anastasia, que pediu a dispensa da testemunha.
Segundo Cardozo, o consultor estava na mesma condição que outro depoente, o procurador do Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo, que falou na semana passada. Mas o depoimento foi cancelado pelos senadores golpistas que integram a comissão.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do PT no Senado