A face do bolsonarismo: mortes pela PM de SP disparam 71% no governo Tarcísio

Letalidade da Polícia Militar do estado atinge níveis sem precedentes no segundo ano de governo Tarcísio, diz o MP-SP: foram 344 mortes no primeiro semestre deste ano, frente a 201 no mesmo período de 2023

Rovena Rosa/Agência Brasil

"Não estou nem aí", disse Tarcísio sobre denúncias na Comissão de Direitos Humanos da ONU

O aumento significativo de mortes provocadas pela Polícia Militar de São Paulo nos primeiros seis meses de 2024 expõe uma realidade alarmante: a administração do governador Tarcísio de Freitas transformou parte da corporação em uma força extremamente letal, quase um estado de exceção. De acordo com dados do Ministério Público paulista, o número de óbitos causados pela PM local cresceu 71% em comparação ao mesmo período de 2023, saltando de 201 para 344 casos.

Essa estatística alarmante é resultado de operações policiais realizadas com alta violência e com a anuência de Tarcísio, principalmente na Baixada Santista. As operações Escudo e Verão, por exemplo, foram acompanhadas de denúncias de execuções sumárias e abuso de autoridade.

A justificativa da Secretaria de Segurança Pública de que as mortes ocorrem em resposta à reação violenta dos criminosos soa como um eufemismo para encobrir uma política de segurança que legitima a execução. Para o tenente-coronel aposentado Adilson Paes de Souza, mestre em Direitos Humanos pela USP, esse cenário configura “a consagração da letalidade como política de governo”.

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Tarcísio é Bolsonaro com fachada de moderado

Desde o início da gestão de Tarcísio de Freitas, é possível observar uma continuidade da lógica repressiva que marcou o governo Bolsonaro. Ambos utilizam o massacre aos direitos humanos como ferramenta política, reforçando uma agenda extremista. O governador paulista, longe de ser um moderado, tem seguido à risca o script autoritário de seu mentor e antigo chefe, promovendo a violência estatal como método de controle social.

Sua resposta às críticas, afirmando “não estou nem aí” para as denúncias na Comissão de Direitos Humanos da ONU, revela o desprezo pela vida e pelo próximo, especialmente se esse for mais humilde. Este discurso incita uma polícia mais agressiva, conforme alerta Rafael Alcadipani, professor da FGV e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública: “É extremamente preocupante ver esses números. Temos que ver com bastante atenção quando esse tipo de aumento de letalidade acontece porque pode mostrar sinais de uma polícia pouco profissional”.

O caminho adotado em São Paulo não oferece mais tranquilidade para os cidadãos, mas sim um estado de constante tensão e violência. A consagração da letalidade como política de governo é uma afronta aos princípios democráticos e aos direitos humanos.

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Da Redação

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