Andreza Almeida: Rede PT de Comunicação – Um instrumento necessário na luta de classes
Precisamos de um modelo de funcionamento padrão para os diretórios e executivas que garantam a integração plena e a divulgação e repercussão de nossas ações
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O Partido dos Trabalhadores nasceu em 1980. Naquela época, as formas de comunicação eram muito restritas, era um grande luxo ter televisão ou telefone, e o modo de comunicação de massas mais popular era ainda o rádio. Para a militância, restavam o boca-a-boca, panfletos, megafones e carros de som nas portas das fábricas e escolas. Sempre fomos, enquanto partido de esquerda, em grande medida perseguidos pelos meios de comunicação, que no Brasil se mostram a serviço de interesses do grande capital
A popularização do telefone celular a partir do começo do século 21 facilitou a comunicação entre a militância, mas não solucionou o problema de que continuávamos invisibilizados, pejorativamente estigmatizados e/ou politicamente perseguidos pela grande imprensa sem grandes alternativas de comunicação que não fossem nossos velhos métodos.
As coisas mudaram com a propagação do uso da internet, proporcionando uma alteração lenta, gradual, intensa, porém insuficiente, para a crescente demanda de comunicar, que se apresentou à medida que o Partido dos Trabalhadores foi crescendo em numero de militantes, conquistando governos por todo Brasil e finalmente chegando à Presidência da República, o que veio acompanhado de uma perseguição inescrupulosa, desleal e ainda crescente.
A disputa petista na batalha pela comunicação contou ao longo desses anos com a editoração e distribuição de diferentes Jornais, revistas, publicações cientificas, conjunturais, a criação de canais de rádio e mais recentemente, com o boom do uso das redes sociais, incrementamos e ampliamos nosso sistema através de sites, páginas e grupos de produção e compartilhamento de informações, mas mesmo todo esse aparato ainda não alcança a dimensão e amplitude da repercussão de “notícias” produzidas e promovidas pela grande mídia.
É fato que nunca estivemos confortáveis nem conformados e temos travado a batalha da comunicação com unhas, dentes e todas as nossas armas possíveis, buscando diminuir os impactos de farsas orquestradas, noticias mentirosas e manipulações ideológica,s sem perder de vista a necessidade de, além desse enfrentamento aos constantes ataques que sofremos, promover nossos ideais, programas de governo e feitos administrativos, mas ainda de forma semi-profissional e desproporcional a ofensiva a qual temos estado expostos.
Assim, diante desses fatos, é cada vez mais necessário a construção da Rede PT de Comunicação, buscando a profissionalização do nosso funcionamento e aparato, o planejamento centralizado de nossas comunicações, a integração de parceiros e a reconfiguração da Rede PT, que hoje atende apenas ao SisFil (Sistema de Filiados) e ao SisPED (Sistema do Processo de Eleição Direta), numa rede social petista que possibilite também pesquisas de opinião e consultas aos militantes, a realização de atividades virtuais em ambiente seguro dentro de nossa própria rede social e a confluência de produções e interesses.
Precisamos de um modelo de funcionamento padrão para os diretórios e executivas que garantam a integração plena e a divulgação e repercussão em âmbito local de nossas ações, pautas e agendas garantindo visibilidade e possibilitando a disputa de opiniões e narrativas.
A Pesquisa Brasileira de Mídias realizada pelo instituto Ibope em 2015 apontou que 95% dos brasileiros assistem TV regularmente e 74% assistem todos os dias. O uso de rádio aparece com 55% de utilização, onde apenas 21% afirmam ouvir rádio diariamente.
A 11ª Edição da Pesquisa de Tecnologias de Comunicação e Informação realizada no mesmo ano mostra que 58% da população faz uso de internet como meio de comunicação, com 89% de uso em celular, e apenas 40% de acesso por computadores, sejam desktop ou notebook.
Diante dessa realidade e do fato de que a democratização dos meios de comunicação que defendíamos ter sido inviabilizada pelos interesses das bancadas conservadoras, precisamos repensar nossa forma de comunicar, ampliar a integração entre nossas equipes e veículos, de incrementar e otimizar nosso sistema interno, capacitar nossa militância e nossos dirigentes para o uso produtivo e eficiente das formas de comunicação disponíveis.
Precisamos também rediscutir com nossos parlamentares e aliados a retomada desse enfrentamento para continuar a série necessária de reformas nos meios de comunicação, buscando diminuir os prejuízos sociais promovidos por quem não tem se furtado ao sensacionalismo, a propagação de noticias falsas e a perseguição ideológica e que se mantém resguardado por uma legislação ultrapassada que tem favorecido ainda mais nos últimos anos as direitas ultraconservadoras.
Hoje para nós é fundamental pensar em estratégias de comunicação que levem em conta essa realidade do povo brasileiro. Precisamos dar conta dessa demanda, reduzir o impacto dessas perseguições. Dependerá muito da nossa capacidade de produzir uma comunicação de massas, que apresente à população a nossa verdadeira face, de um partido feito por militantes comprometidos com as pautas do povo, de governos engajados na redução das desigualdades de uma organização profundamente comprometida com a população brasileira.
Precisamos da Rede PT de Comunicação, de um diálogo audiovisual popular e com identidade, precisamos que em cada cantinho desse País onde estamos estejamos produzindo e compartilhando informações educativas, politizadoras, culturais e artísticas de qualidade que permitam nossa expressão, divulgação e diálogo com quem muitas vezes só nos conhece pela narrativa dos grandes veículos de comunicação!
Que possamos criar um sistema integrado, autossustentável de amplitude proporcional a nossas dimensões e que continuemos lutando incansáveis por uma reforma da Mídia que realmente democratize e humanize os meios de comunicação no Brasil!
Andreza Almeida, blogueira e militante do PT, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.
ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores