Anne Karolyne: PT é grande porque tem mãos de muitas mulheres

Mulher e descendente de indígena, a amazonense Anne Karolyne é a integrante mais jovem da direção nacional do PT. Conheça sua história

Arquivo pessoal

Anne Karolyne, é secretária nacional de desenvolvimento econômico do PT e membro da Executiva Nacional do partido

Em 2013, com apenas 26 anos, Anne Karolyne Moura passou a ser a integrante mais jovem da Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores. “Eu tinha vários desafios quando assumi a direção, dentre eles o de cumprir a cota étnicorracial, por ser descendente indígena, a cota geracional e a paridade, por ser mulher”, conta.

Hoje, aos 29 anos, a amazonense é também secretária nacional de desenvolvimento econômico do PT e lembra do frio na barriga que sentiu na hora assumir a direção.

“Na minha posse estavam Lula e Dilma, bem na minha frente, e eles perguntaram quem era a mais jovem ali. De tão nervosa, eu não conseguia responder.” Não era por menos. Além da tripla representação, Anne estava ocupando espaços pelos quais lutou para conquistar.

Isso porque, além de militar na juventude e no movimento de mulheres com recorte especial nas mulheres indígenas, Anne Karolyne estava presente ao 4º Congresso Nacional do PT e votou a favor da implantação da paridade de gênero e das cotas etária e étnicorracial, todos aprovados naquele encontro.

Porém, aquele “passarinho amedrontado que sai da gaiola sem saber para onde ir”, como ela mesma se descreve, teve a oportunidade de crescer e amadurecer justamente por poder ocupar um cargo na direção nacional do partido.

Com apenas 26 anos, Anne Karolyne passou a ser a integrante mais jovem da Executiva Nacional do PT

Na sua avaliação, o processo foi um aprendizado não apenas para ela, mas para todas as mulheres e jovens que compõem a Executiva Nacional.

“Ninguém tem que chegar com toda a experiência, ela vai se construindo no dia a dia, na vivência. E na direção tem que ser de igual para igual. Não interessa se é mulher, se é jovem, se é negra, se é indígena, é de igual para igual e tem que se fazer valer a sua opinião.”

A presença das mulheres na política e nos espaços de poder serve para reafirmar os direitos femininos, ressalta a jovem dirigente. Por isso, acredita que o PT faz uma grande diferença na luta pela participação política das mulheres por praticar a paridade de gênero nos espaços de direção, sendo o primeiro partido a adotar essa composição.

“Quanto mais mulheres estiverem nesses espaços de poder na política, muitas outras vão se sentir representadas e até entusiasmadas para continuar militando e alcançando os espaços também”, defende.

Para Anne, a presenta das mulheres na política serve de incentivo para outras mulheres

Segundo ela, a paridade permite não apenas ampliar as fileiras das mulheres de luta, como também contribui para a oxigenação e o processo de renovação do partido. “O PT também só é do tamanho que é porque tem mãos de muitas mulheres”, enfatiza.

Mas Anne lembra que esse pioneirismo do PT começou pela juventude petista. “Antes do partido como um todo adotar a paridade, a Juventude do PT já tinha paridade desde seu primeiro Congresso em 2008, elegendo, inclusive, uma mulher como Secretária de Juventude”, ressalta.

Juventude do PT foi pioneira na paridade de gênero nas instâncias de direção

Para além da igualdade numérica entre homens e mulheres nos espaços de direção, a petista defende outros mecanismos para empoderar e aumentar a quantidade de mulheres participando da vida política.

Na sua avaliação, é preciso mais formação para as mulheres, assim como espaços que permitam a participação delas em reuniões e atividades partidárias. E cita como exemplo a dificuldade das militantes que são mães, pois muitas vezes não têm onde deixar as crianças para participar de uma atividade, ou até mesmo os horários das reuniões não favorecem quem tem filhos.

“Além disso, é preciso sensibilizar outras mulheres. Quem já está nos cargos precisa abrir as portas para sensibilizar as outras. Porque difícil é e vai ser sempre, mas se a gente não ocupar, ninguém vai nos dar o espaço”, afirma.

“Acho que o grande incentivo para outras mulheres é quando elas enxergam e conseguem se ver em outras. O incentivo principal é quando elas se sentem representadas por outras mulheres e percebem que elas também podem estar ali, na liderança, na direção. Por isso, vou continuar militando sempre”, destaca.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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