Arrocho: Trabalhadores formais estão há três anos sem aumento real

Resultado do desastrosa política econômica, da desindustrialização acelerada e da inflação descontrolada, o piso dos salários encolheu 4,5% em 2021 em comparação com o ano anterior, ficando em R$ 1.332

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Bolsonaro e Guedes, inimigos dos trabalhadores

Nesta quarta, 26, o boletim Salariômetro divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revelou que os trabalhadores formais completaram, em 2021, um período de três anos consecutivos sem ganho real de salário, quando o aumento supera a inflação do período anterior. Conforme o documento, a variação mediana em 2021 ficou negativa em 0,1% e chegou a zero nos dois exercícios anteriores. O piso dos salários encolheu 4,5% em 2021 em comparação com o ano anterior, ficando em R$ 1.332.

O desempenho é resultado da combinação de desemprego elevado, atividade econômica travada e disparada da inflação, apontam os pesquisadores. Coordenador do Salariômetro, o professor Hélio Zylberstajn, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, disse à Folha de São Paulo que o resultado de 2021 poderia ter sido ainda pior diante das condições da economia e do mercado de trabalho.

Nos outros anos, a inflação era mais baixa, mas em 2021 foi brutal. Levando isso em conta, não foi tão ruim quanto poderia ter sido”, pondera. Além dos reajustes baixos, o Salariômetro também registrou aumento de acordos e convenções que previram o pagamento escalonado dos índices de reajuste. “Isso quase não aparecia antes da pandemia e salta em alguns momentos, dependendo do número de categoriais que fecharam negociação. O reajuste vem pequeno e ainda é pago parcelado.”

Em seu perfil oficial no Twitter, Luiz Inácio Lula da Silva chamou a atenção para o encolhimento da renda dos trabalhadores sob Bolsonaro e Guedes. “Durante o Governo do PT, 82,9% dos acordos dos trabalhadores eram de aumento real de salário, acima da inflação. A vida era melhor e o povo consumia mais”, lembrou – coberto de razão.

Segundo o economista, as empresas não conseguem repassar toda a inflação aos produtos e serviços, e o alto desemprego reduz o poder de barganha dos sindicatos. “Com o INPC acumulado em dois dígitos, não há espaço para ganho real. Mesmo assim, esse será mais um ano complicado, de eleições e juros em elevação. A situação não é boa para os trabalhadores”, concluiu Zylberstajn.

Há dez dias, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) também alertou para a degradação da renda dos trabalhadores. Segundo a entidade, em 2021, apenas 15,8% dos reajustes negociados no Brasil resultaram em ganhos reais aos salários, quando comparados com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE. O percentual de resultados iguais ao índice foi de 36,6%; e abaixo dele, de 47,7%. A variação real média em 2021 ficou abaixo da inflação: -0,86%.

Da Redação

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