Atilio Mattozo: É preciso focar na consciência de classes
É preciso reunir todos os movimentos, todos os segmentos da luta e levantar uma única bandeira, comum a todos e que leve o nosso presidente Lula à Presidência do país
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“Este artigo tem por objetivo mostrar que a luta por direitos específicos de cada movimento são distrações prejudiciais à luta do partido. Precisamos levantar uma só bandeira e assumir o termo revolução”!
Nunca houve um momento tão complexo e cheio de discussões como o que estamos vivendo agora. São diversos temas, onde cada um produz diversas opiniões que vão, aos poucos selecionando e dividindo a população, desfazendo os grupos de pessoas que estava em torno da mesma opinião em um tema mais antigo para unir com outras em torno de uma opinião sobre o tema mais atual. Pode ser citada a morte de Fidel, a tragédia do time da Chapecoense, times que disputavam o Campeonato Brasileiro, dez medidas contra a corrupção, apoio ou repúdio a Sergio Moro, Fora Temer ou Fica Temer, PEC 55, aborto, entre outros que têm transformado a internet em uma guerra de opiniões.
Por um lado isso pode ser bom para a politização da população, mas, por outro lado, é extremamente prejudicial para as lutas que vinham evoluindo, as manifestações populares contra o golpe e a favor de Lula, a união das classes trabalhadoras, etc. O prejuízo está no fato de que duas pessoas com consciência de classe não mais lutam juntas porque outro assunto, alheio a esta questão, dividiu suas opiniões e os fez romper sua união.
O fato é sabido pela grande mídia, a qual tenta ser decisiva nos rumos do Brasil em favor da elite, neste momento, e aplica a técnica da divisão de opiniões em assuntos secundários, alimentando rixas e disputas que não trazem benefício ideológico à população.
O filósofo Maquiavel descrevera em seu livro “O Príncipe” esta técnica usada por governantes em sua época, onde alimentavam intrigas entre povoados ou regiões a fim de que nunca se unissem contra o reino. Porém, o próprio Maquiavel advertia que esta técnica não funcionaria caso houvesse uma grande agitação, ou um motivo realmente forte para uma revolta, pois se uniriam os rivais para derrubar o governante. Os nossos adversários subestimam a capacidade das massas de superar esta grande quantidade de divergências de opinião, apostando suas fichas nessa estratégia.
Nossa função, então, e não há alternativa, é fazer com que a revolta popular contra o governo golpista e contra a exploração da classe trabalhadora seja maior do que as opiniões e divergências sobre assuntos banais, paralelos à luta que se deve travar neste momento pelos direitos da classe trabalhadora. É preciso investir pesado na propaganda da consciência de classes, atingindo, principalmente, (e aqui volto a insistir no tema que já em dois artigos defendo), as classes mais baixas nos pequenos municípios, aqueles que ainda não foram contaminados pelas opiniões de internet.
É claro que as lutas dos movimentos de minorias, como LGBT, movimentos negros, estudantis e outros, são extremamente valiosos para uma sociedade mais justa e igualitária para todos, mas, neste momento, precisamos unir todas as forças em torno da consciência de classes, usando todos os meios de comunicação e de agitação para disseminar esta ideia, deixando claro que o PT é o grande líder e defensor da classe trabalhadora. Ainda há quem não saiba a diferença entre esquerda e direita, ainda há quem se encante com os discursos populistas e ainda há quem acredite nos políticos de direita ou em uma ideologia do meio, onde não precisa se assumir ou em um lado ou em outro.
Os temas colocados na mídia hoje estão desgastando até quem já está na luta, pois, ao defender o ponto de vista defendido pela esquerda sobre determinado assunto, deixa de usar aquela energia para a luta de classe que precisamos levar às ultimas consequências para poder enfrentar esta ofensiva conservadora de extrema direita que está nos sobrepujando rapidamente.
“Lutar por direitos específicos é limitar a luta política do partido a uma luta sindicalista ou reformista”, sendo que é necessário hoje buscar a luta pela consciência de classes e motivar toda a classe trabalhadora a ir às ruas para lutar por todos os seus direitos de uma só vez. Todos os direitos para que haja uma sociedade realmente justa só se pode alcançar estando no poder no país, se livrando dos golpistas que estão transformando Brasília em um circo e reorientando grande mídia.
Nós já temos o nome do grande líder que pode fazer isso, já temos os argumentos e a ideologia, mas ainda não levamos tudo isso às massas, principalmente nas pequenas cidades dos lugares mais remotos do país, onde, sem contato com as ações do partido, os militantes se limitam à política local e cotidiana que não serve para nada além de desestimular a verdadeira luta socialista.
É preciso reunir todos os movimentos, todos os segmentos da luta e levantar uma única bandeira, comum a todos e que leve o nosso presidente Lula à presidência do país. Não só a presidência, mas à soberania completa, para que possa, aí sim, debater com os movimentos e atender as reivindicações de cada segmento e de cada minoria, com intolerância aos capitalistas e aos conservadores. Definida esta bandeira, todos os esforços devem ser concentrados em divulgá-la, levando-a aos lugares mais remotos do país e incluindo na luta os trabalhadores das pequenas cidades com um objetivo claro. É preciso, em outras palavras, assumir a bandeira da revolução, sem medo de pronunciá-la, colocando-a como bandeira única da luta até que possamos alcançá-la.
Para tudo isso, volto a insistir no que já sugeri em dois artigos publicados na Tribuna, que é a criação de um meio de comunicação do partido, de preferência impresso, que leve as informações necessárias até as pequenas cidades. É preciso que alguém entenda que os militantes de pequenas cidades poderiam ser mais úteis à luta se estivessem em sintonia com o Partido, se estivessem em contato frequente com o Partido e a par das decisões e posicionamentos, bem como tendo funções e tarefas a serem executadas dentro do município, evitando assim a ociosidade e tendo o que oferecer de concreto aos novos militantes e à juventude petista local.
Por Atilio Daniel Mattozo, editor do site Geral de Notícias, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.
ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores