Atilio Daniel Mattozo: PT deve se reunir em torno de meio de comunicação

Em artigo, militante defende que “este meio não será uma ferramenta do partido, mas o próprio partido”

Tribuna de Debates do PT

Vamos a uma proposta clara e objetiva, que busca a revolução socialista dentro do município, para a qual foram iniciadas as linhas deste. A luz se acendeu no livro de Lenin, “Que Fazer?”, onde fica bem desenhado o que o revolucionário sugeria para o sucesso do seu partido na busca pela revolução russa. Poderá, o leitor, ponderar a respeito da idade do livro, ou, quem ler, sobre o fato de que não fica claro o que um circulo local de revolucionários deve fazer sem o apoio de um órgão nacional muito forte. Essas questões respondem uma à outra, mas para isso é preciso mostrar o que livro diz.

O autor diz que é preciso criar um órgão para a comunicação, um jornal, que abranja todo o país com suas denúncias contra o governo e contra os patrões, recolhendo, dos círculos locais, informações que antes eram publicadas em jornais locais. Com isso, os círculos locais, pouco experientes em agitação política e sem ter ideias de por onde começar os trabalhos poderiam começar levantando denúncias e informações para esse jornal, ao passo que, com ele, iam aprendendo sobre o que fazer e como fazer para promover a luta política. Vamos comparar com a nossa realidade: Não há um jornal que abranja todo o país com a finalidade de oferecer denúncias e incentivar a luta política, o que já de início, impede que possamos seguir as orientações do autor do livro. Porém, como na primeira ponderação, a época é outra e existe hoje, uma ferramenta para a comunicação que faz chegar a todos os municípios as informações relevantes para a luta, que é a internet.

A internet não vai poder substituir o material impresso, ou seja, o jornal, mas ela traz até o circulo local, as informações que antes só chegariam impressas em um material destinado ao país inteiro. Basta então, o circulo local criar seu próprio jornal local e divulgar essas informações.

Com isso, vamos dar início, não mais a uma reflexão, mas a um plano detalhado de ação, não definitivo, mas um ponto de partida para uma verdadeira vanguarda na luta revolucionária no âmbito dos pequenos municípios.

Considerando a força do maior partido de esquerda do país e, sendo ele o que mais se identifica com o perfil do trabalho que vamos realizar, acaba sendo o PT, o partido sobre o qual deveremos nos apoiar. Isso irá gerar certo desconforto entre os adeptos dos partidos comunistas que não gostam do PT, mas eles deverão entender e aceitar que é extremamente ridícula a divisão dos partidos de esquerda, antes de chegar ao poder, pois, assim, somente enfraquecem e tornam mais distante o objetivo da ditadura do proletariado. Quando chegarmos ao poder, ai sim, fiquem a vontade para iniciar os debates sobre como governar, mas depois de terem contribuído para, em comum acordo, ter chegado ao poder.

O partido deverá se reunir em torno de um meio de comunicação. Este meio não será uma ferramenta do partido, mas será o próprio partido. Dele, serão irradiadas informações segmentadas, as quais, vamos pontuar mais tarde. Deverá ser estabelecido um canal de comunicação com a direção do partido em outras cidades, informando como será realizado o trabalho. Através desse canal, chegarão notícias regionais, denúncias e outras informações, como técnicas de agitação políticas que deram ou não certo, para que se adquira experiência e conhecimento nas lutas. Da mesma maneira, informaremos as nossas ações, com seus resultados, positivos ou não, com o mesmo objetivo. Isso vai criar um banco de dados sobre como fazer e sobre o que não fazer. Através desse trabalho, iremos também incitar as cidades vizinhas a unir forças, formando, no futuro, um jornal regional e não mais local. Mas esse crescimento e expansão do jornal não é assunto para agora. Concluímos aqui a obrigatoriedade de criar um canal com as cidades vizinhas, por emails e boletins informativos regionais.

É preciso comunicar estas ações ao centro do partido no estado, bem como aos órgãos de luta como: UPES, APP, CUT, MST, etc. E colocar a disposição deles o jornal, obtendo com isso, informações e ensinamentos valiosos sobre formas de agitação política e organização de manifestações e protestos. Nos dois canais de comunicação, já citados, vão ser usados os meios digitais, pois não vão atingir nem a população, nem os membros do partido sem antes terem sido filtrados para a divulgação segmentada.

Um boletim informativo deverá ser elaborado e distribuído com grande frequência, buscando manter próximos todos os membros do partido, bem como, companheiros não filiados, mas que participam de movimentos sociais, os quais terão estreito contato com o partido e serão mencionados mais a frente. Também haverá a comunicação digital, com uma página na rede social, por exemplo, mas aqui, vamos nos deter aos detalhes do material impresso que é o foco e também a ferramenta mais útil. No boletim, serão tratados diversos assuntos relevantes para os membros, buscando orientar sobre as ações futuras e sobre o posicionamento do partido a respeito de cada situação. As reuniões com os membros deverão ser mais frequentes, bem como, congressos e assembleias com a população, dando bastante importância ao que nelas for decidido, mas sem permitir que desviem o foco estabelecido previamente. Poderá, havendo recursos, ser mantido correspondência com os outros partidos, da mesma linha exortando-os a se unir ao nosso em busca de um objetivo comum.

Serão estabelecidos canais diretos com os movimentos sociais, e suas diretorias em nível estadual, mas também local, pois é obrigação do partido estar sempre informado e participante das atividades de todos os movimentos sociais, associação de moradores e de trabalhadores rurais, bem como sindicatos. As atividades dos mesmos, deverão ser apoiadas e orientadas pelo partido, lembrando que, devido as informações e aprendizados obtidos através da comunicação com outras cidades e órgãos, vamos estar cada vez mais reparados para oferecer este apoio.

A internet alcança apenas públicos segmentados, não sendo suficiente para levar a agitação política e a revolta contra o governo de direita até a população como um todo. Um exemplo disso é a briga dos professores com o governo do estado. Mesmo com o bom trabalho da APP Sindicato, parece que o governo já não se assusta com os professores, pois notou que as greves não arranham sua imagem como se espera. Isso porque não é levado até a população o sentimento de revolta dos professores com o descaso do governo com a educação, nem os danos que esse descaso causa na sociedade como um todo. A divulgação das ações do sindicato é feita na internet, mas, quem lê sobre greve de professores, são os professores, sendo ignorado pelo resto do público, tornando fácil para o governador marginalizar as greves e colocar a opinião popular contra os professores enquanto se destaca como herói ao reprimir as ações dos mesmos. Este é apenas um dos exemplos de como temos apanhado por conta da falta de propaganda das ações e de denúncias contra o governo em um meio de comunicação que realmente atinja as massas. Este meio é, com certeza, o jornal impresso.

Diante disso, vamos rodar um jornal impresso que trará todos os detalhes das lutas que estão sendo realizadas, as denúncias contra o governo e contra a perseguição aos movimentos sociais e ao partido. O jornal abordará também, os assuntos locais, buscando trazer a opinião popular para perto da linha do partido.

Todos estes atos vão movimentar o partido, os movimentos sociais e a população, tornando possível o crescimento do partido e a arrecadação financeira que financiará os mesmos. Será quase instantâneo o crescimento da atividade do partido e notória a sua liderança sobre todos os que se encontram descontentes e sobre os movimentos, sendo que, não haverá tempo hábil para uma reação dos adversários, dando uma boa vantagem na largada dessa corrida pela consciência política e de classes nos pequenos municípios.

Um jornal local, vinculado ao partido, traria, na cidade pequena, uma polêmica muito grande, para a qual, os setores conservadores locais, diferente das organizações no alto escalão, não estão reparados para enfrentar. Nenhum dos entusiastas pela direita vai colocar tempo, dinheiro ou energia para combater imediatamente a ameaça vermelha que vai passar em frente as suas portas. Ainda se fizerem, vai ser de maneira desorganizada e desesperada, o que resultará em propaganda para a nossa causa. A união de grupos diversos em torno da mesma causa, vai fazer destacar o partido entre a população, alem de motivar os membros e inspirar as cidades vizinhas, as quais, tendo noticias das nossas ações, vão querer fazer melhor, sendo que, nesta teoria, não é vergonha imitar e copiar, e se fizerem melhor, com eles aprenderemos também a fazer melhor.

“Meu sonho pode ultrapassar o curso natural dos acontecimentos, ou desviar-se para uma direção onde o curso natural dos acontecimentos jamais poderá conduzir. No primeiro caso, o sonho não produz nenhum mal; pode até sustentar e reforçar a energia do trabalhador… Em tais sonhos, nada pode corromper ou paralisar a força de trabalho. Ao contrário. Se; o homem fosse completamente desprovido da faculdade de sonhar assim, se não pudesse de vez em quando adiantar o presente e contemplar em imaginação o quadro lógico e inteiramente acabado da obra que apenas se esboça em suas mãos, eu não poderia decididamente compreender o que levaria o homem a empreender e realizar vastos e fatigantes trabalhos na arte, na ciência e na vida prática… O desacordo entre o sonho e a realidade nada tem de nocivo se, cada vez que sonha, o homem acredita seriamente em seu sonho, se observa atentamente a vida, compara suas observações com seus castelos no ar e, de uma forma geral, trabalha conscientemente para a realização de seu sonho. Quando existe contato entre o sonho e a vida, tudo vai bem”. (Pisarev)

 

por Atilio Daniel Mattozo, editor do site Geral de Notícias, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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