Ato contra a reforma da Previdência reúne mais de 70 mil pessoas em SP
Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência teve manifestações em todo Brasil
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Os carros começaram a dar espaço às pessoas no fim da tarde desta sexta-feira (22) na Avenida Paulista. Pouco depois das 17h, manifestantes ocupavam o vão do MASP e foram se multiplicando até fechar a via nos dois sentidos e ultrapassar as 70 mil pessoas para o Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência.
Entre elas está a professora Sandra Rodrigues Fortes, que veio de Taboão da Serra, região metropolitana da capital paulista. Ela, com precisão, define a mudança na aposentadoria do povo brasileiro. “Trabalhar até a morte ou morrer de trabalhar.”
A militante do Grupo Operário Internacionalista (GOI) ainda acrescenta. “Outro detalhe da crueldade da reforma da Previdência é que ela aumenta o tempo de contribuição e a idade mínima das mulheres rompendo com uma compreensão de que o trabalho doméstico, que ocupa muito as mulheres, pobres principalmente, consome parte da sua vida.”
Também professora, Rebeca Viana, pontua quem se beneficiará com a reforma proposta por Jair Bolsonaro (PSL). “Os privilegiados com a reforma da Previdência serão os privilegiados de sempre, que são os empresários. Ela não é para diminuir gastos ou beneficiar o Estado, ela é para prejudicar o trabalhador.”
O presidente do Partido dos Trabalhadores no estado de São Paulo, Luiz Marinho, fez um apelo diante da multidão. “É preciso obrigar o parlamento brasileiro a rechaçar, a rejeitar, a derrotar a maluquice deste irresponsável chamado Bolsonaro.”
Ele ainda acrescentou. “O que nós precisamos é chamar a atenção de todos os homens e mulheres do país e dizer que nós queremos preservar o sistema previdenciário, queremos preservar o sistema de assistência social, nós queremos preservar a seguridade social do nosso país.”
O presidente do PT-SP, Paulo Fiorilo, também falou sobre os absurdos propostos pelo atual governo. “Infelizmente o governo do Bolsonaro veio para destruir as políticas públicas e as conquistas dos trabalhadores, é por isso que a gente está nas ruas contra esta reforma que tira direitos.”
Ele fala ainda da importância deste 22 de março para a militância progressista. “O ato marca o início de jornada contra a retirada de direitos dos que mais precisam.”
Quem também frisou a importância desta sexta-feira foi o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos (PSOL). “Hoje se inicia um grande movimento pelo país, que é o movimento que vai barrar a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro”. Ele ainda acrescenta. “Nós viemos aqui pra defender o nosso futuro e o das próximas gerações.”
Lula Livre
O deputado estadual do PT, Barba, lembrou ainda outras lutas que precisam ser travadas pelos progressistas. “Precisamos desencadear uma grande luta neste país para derrotar a reforma da Previdência e para libertar o presidente Lula, que foi preso para não ganhar as eleições em nome dos trabalhadores e das trabalhadoras.”
Quem também fez questão de prestar solidariedade ao ex-presidente foi o professor, ilustrador e quadrinista João Pinheiro. “Em primeiro lugar, Lula Livre” e deu sua opinião sobre os próximos passos contra a reforma e as pautas antipovo do atual governo. “Eu entendo que todos nós precisamos nos mobilizar da maneira que for possível e sair da luta individual para se juntar à luta coletiva.”
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, também falou sobre a injustiça cometida contra o ex-presidente. “Para ter paz não pode ter injustiça, para ter paz temos que libertar o presidente Lula. Para ele vir para as ruas e encaminhar a luta, junto com a gente. Paz tem que ter Lula Livre, tem que ter quem matou Marielle na cadeia.
Isso que nós precisamos. Vamos construir paz com luta da classe operária em defesa dos nossos direitos. Lula foi preso não devia tá lá. É preso político.”
Centrais sindicais
O ato que reuniu mais de 70 mil pessoas, foi organizado pelas centrais sindicais, uma das mais resistentes frentes de luta no Brasil. O presidente da CUT continuou dizendo que o povo, mesmo aquele que estava adormecido com as mentiras de Bolsonaro, acordou. “O trabalhador entendeu o que Bolsonaro quer fazer. Vamos derrotar eles e quem quer retirar nossos direitos. Em casa, no boteco do lado, na escola, todo mundo está falando.”
Ele ainda complementa. “Vai ser a primeira grande derrota desse governo. É muito grande a nossa possibilidade de vitória. Eles absolutamente não estão sabendo o que fazer. Mas não cai sozinho. Tem que cair com mobilização.”
Greve
Caso a reforma da Previdência de Bolsonaro continue, a CUT – e as demais centrais sindicais – anunciam novos atos e uma greve geral de todas as classes trabalhadoras.
Este 22 de março de 2019 está sendo encarado como o primeiro passo na luta e na resistência contra a reforma da Previdência e pelo nosso direito de se aposentar com dignidade.
Depois de horas, os manifestantes começaram a desocupar a Avenida Paulista numa ruidosa demonstração que se espalhou por todo Brasil e os carros voltaram ao seu caótico protagonismo. Mas o recado foi dado e este, pelo que deu a entender o povo, pode ser só o primeiro passo.
Da Redação da Agência PT de Notícias