Metalúrgicos do ABC aprovam greve geral contra reforma de Bolsonaro

Em ato político liderado pela CUT e demais centrais, presidentes e diretores das entidades falaram com os trabalhadores e explicaram os impactos da reforma

Edu Guimarães

Depois de caminhar 4 quilômetros pelas ruas de São Bernardo do Campo, no Dia Nacional em Defesa da Previdência Social, nesta sexta-feira (22), os metalúrgicos e metalúrgicas do ABC e trabalhadores de categorias como químicos, bancários e professores, participaram do ato político realizado pela CUT e demais centrais sindicais, no Largo Rudge Ramos.

Durante o ato, os dirigentes colocaram em votação e os trabalhadores e trabalhadoras aprovaram, por unanimidade, a realização de uma greve geral contra a reforma de Bolsonaro, caso ele insista em manter esta proposta que vai acabar com a Previdência e a Assistência Social.

“Na hora que a CUT e as demais centrais convocar uma greve geral contra a reforma da Previdência de Bolsonaro nós estaremos juntos, e vamos parar, não só a Ford e a Mercedes-Benz, como hoje, mas sim todas as fábricas da região para dizer que não vamos aceitar qualquer medida que retire direitos da classe trabalhadora”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Wagner Santana, o Wagnão.

Aos milhares de trabalhadores e trabalhadores que lotaram a Praça do Rudge Ramos e as escadas da paródia São João Batista, o diretor executivo da CUT, Júlio Turra, disse que o que unifica toda a classe trabalhadora é a luta contra os ataques à Previdência Social.

“Tirem as mãos da nossa previdência. Essa é a palavra de ordem que nos unifica”, disse Júlio que foi ovacionado pelos manifestantes.

Ele foi enfático ao dizer para os trabalhadores que para a CUT não tem outra prioridade no momento a não ser derrotar essa reforma e que é preciso foco, não se distrair com a briga política nem no  Judiciário.

“Vai ter briga de procurador e dos ministros do Supremo, espetáculo da Lava Jato e fofocas dos bastidores para que a gente esqueça que a reforma da Previdência está em tramitação no Congresso Nacional”, alertou.

“Além disso, o governo vai investir milhões em propagandas para enganar o povo. Não podemos permitir. Temos que ir para as ruas, conversar com a população e trazer mais gente para luta. O foco agora é derrotar essa reforma nefasta”, afirmou Júlio Turra.

Para o presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, a luta pelos empregos e direitos é parte da luta pelo estado democrático de direito.

“A luta em defesa dos empregos é uma luta de todos nós, é um direito porque o desemprego mata e destrói. A bandeira que nos une é por um Brasil soberano e livre do império, bem diferente do que Bolsonaro acredita. Ele idolatra a bandeira americana, coisa de um governo pateta, mas não defende os empregos no Brasil”, disse o presidente da CTB.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, que também é metalúrgico, enfatizou que esta reforma vem para satisfazer a gana do capital e de empresários do setor financeiro e, se aprovada, só vai prejudicar a classe trabalhadora.

“É uma proposta que impede os trabalhadores de se aposentar. Ninguém fica 40 anos em um emprego, a rotatividade é grande e demora em torno de um ano e meio para um trabalhador arrumar outro emprego. Isso mexe nas estruturas da família, aquela que Bolsonaro disse em sua campanha que ia defender”, disse Miguel.

Para o diretor da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, conhecido como Mancha, é preciso combater a narrativa da mídia comercial, que vem em desencontro da realidade e mentindo para a sociedade.

“O que tem aparecido fortemente para a população é a campanha da Globo, do Estado, da Folha, que diz que a reforma da Previdência é necessária para o país. Nós estamos dizendo que é mentira. Essa reforma atende os interesses dos banqueiros e empresários, os principais patrocinadores da mídia comercial”.

“O próximo passo é construir a greve geral”, finalizou o dirigente do CSP-Conlutas.

Já o dirigente da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, falou diretamente com o pessoal dos setores de comércio e serviços que têm estabelecimentos no entorno da Praça.

“Eu quero dialogar com os comércios, com os donos do armazém, da padaria, do mercadinho aqui da região e dizer que se a reforma da Previdência for aprovada vai impactar toda população e vai reduzir o poder de compra das pessoas, já que boa parte da população que compra é aposentado ou aposentada”.

“A população precisa se unir para defender a aposentadoria, a previdência pública, para que possamos envelhecer com dignidade e girar a economia da cidade”, disse Índio.

Para o presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGTB), Ubiraci Dantas Oliveira, conhecido como Bira, a palavra que marca este ato é a esperança. Ele contou como está o Chile com os impactos da capitalização da previdência, que Bolsonaro quer implementar no Brasil.

“No Chile a situação é de extrema pobreza e tem muitos idosos até se suicidando por não ter como sobreviver. Não podemos permitir que esta crueldade. Com luta e garra, junto com nossos companheiros e companheiras no Congresso Nacional, nós iremos vencer”.

No ato político das centrais, o padre Paulo Afonso, da paródia São João Batista do Rudge também quis falar com os milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

“Eu também fui metalúrgico e sei como é difícil as relações entre patrão e trabalhador, e também sei da importância da luta. Nós, da igreja, somos a favor da justiça, principalmente para aqueles em que a corda arrebenta”, afirmou o padre.

“A igreja vê com temor essa reforma da Previdência de Bolsonaro, no qual o banco quer assumir nossos direitos. Vamos rezar pra que mude e que a justiça seja feita. A igreja católica está com vocês”, finalizou o Padre Paulo Afonso, que encerrou o ato com o Pai Nosso.

Wagnão convidou todos e todas para o ato na Avenida Paulista desta sexta (22), às 17 horas, e disse que a pressão nos parlamentares deve continuar nas ruas e nas redes.

E olhando para o padre disse: “Assim como Jesus, esse povo resiste, padre. Este povo luta por direitos, para garantir emprego, salários, melhores condições de vida e no trabalho. Por isso estamos há décadas nas ruas e por isso estaremos sempre nas ruas lutando para apontar os caminhos da luta e da resistência contra qualquer um que vier tirar nossos direitos”.

Por CUT

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