Bancada do PT-SC repudia declaração machista de Salum na Alesc

Deputado Roberto Salum (PRB) afirmou para a deputada Ana Paula Lima (PT-SC) que não debate com mulher e que preferia fazê-lo com o seu marido

Agência Alesc

Deputado catarinense Roberto Salum desqualificou colega da Assembléia por ser mulher

A Bancada do Partido dos Trabalhadores da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) repudiou veementemente na sessão plenária, de hoje (21), a declaração machista do deputado Roberto Salum (PRB) que, após provocar a deputada do PT Ana Paula Lima com críticas ao partido, disse que não debate com mulher e que preferia fazê-lo com o seu marido, o deputado federal Décio Lima.

“Não preciso de homem nenhum para me defender e quem não discute comigo é porque não tem argumento. Cheguei aqui com o voto de homens e mulheres e faço a defesa dos trabalhadores e trabalhadoras e do povo de Santa Catarina”, afirmou Ana Paula.

Em pauta, estava a discussão sobre a desativação das Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs). “Seja homem o suficiente para votar pela extinção destas estruturas, que é um projeto de minha autoria”, disse a deputada, em referência ao PL 0221.1/2017 apresentado por ela no ano passado e que está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A deputada Luciane Carminatti (PT), líder da Bancada Feminina na Alesc, destacou que o deputado Salum deveria pedir desculpas, em público, para a deputada Ana Paula, porque considera a coisa mais machista, conservadora e misógina dizer que não debate com mulher.

“Não debate porque não tem competência para discutir com uma mulher, porque juntas tivemos mais de 80 mil votos do povo, representando as nossas regiões e as mulheres de Santa Catarina. Isso não dá para aceitar em 2018”, disparou.

Luciane disse que não admite a discussão rasteira no Parlamento. “Aqui são as ideias que valem e os 40 deputados têm o mesmo valor.” Sobre as ADRs, Luciane ressaltou que o governador Eduardo Pinho Moreira está promovendo uma “maquiagem”.

“Queremos a extinção das 35 ADRs. Não me venham falar em extinguir alguns comissionados, quando temos os efetivos com função gratificada e os terceirizados que o governador não anunciou o que vai fazer”, acrescentou.

Luciane questionou porque o governo só vai desativar as ADRs mais pobres. “Se vão economizar R$ 40 milhões com as 15 mais pobres, quanto se economizaria com as 20 mais ricas? Esse é o debate que queremos fazer. Se queremos saúde, escola decente, professores valorizados, rodovias com condições, queremos a extinção das 35 ADRs.”

Comparativo realizado entre 2003 e 2010 mostra que das 35, apenas cinco – Brusque, Itajaí, Grande Florianópolis, Laguna e Joinville – aumentaram sua participação no PIB. “O governo criou as SDRs para acabar com a litorização, garantir igualdade nas regiões, mas ao contrário, elas aumentaram a concentração do PIB e o empobrecimento daquelas que já eram pobres.”

O deputado Dirceu Dresch, líder da Bancada do PT-SC, se solidarizou à deputada Ana Paula e a todas as mulheres catarinenses e disse que quer discutir ideias, políticas e não descer ao piso como fez o deputado Roberto Salum.

“Respeito as mulheres deputadas da Alesc. Na Bancada do PT, dos cinco deputados, duas são mulheres com capacidade extraordinária de debate, de apresentação de propostas e projeto”, afirmou. Dresch disse para Salum que entre os grandes articuladores do golpe estavam homens como ele, “que não valorizam uma mulher, que entendem que elas não podem fazer política e que tiraram uma presidente sem crime algum para colocar no lugar uma quadrilha de corruptos.”

Assim como as deputadas, Dresch desafiou os homens do parlamento catarinense a ter a coragem das mulheres e votar pela extinção das ADRs.

Por PT Santa Catarina

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