Artigo: O ouro negro e as joias das Arábias, por Paulo Cayres

Parece título de uma das histórias das 1001 noites, qualquer semelhança com Ali Baba e os 40 ladrões pode não ser mera coincidência. Era uma vez, um pais  tropical,  o…

Adonis Guerra

Paulo Cayres, secretário Nacional Sindical do PT e presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM). Foto: Adonis Guerra

Parece título de uma das histórias das 1001 noites, qualquer semelhança com Ali Baba e os 40 ladrões pode não ser mera coincidência.

Era uma vez, um pais  tropical,  o governante de plantão queria destruir tudo, vender todo o patrimônio do pais, não importando se esse patrimônio era estratégico para o desenvolvimento da nação e para a construção do bem estar do seu povo, qualquer empresa estatal, por mais importante e lucrativa que fosse deveria ser entregue para a chamada iniciativa privada,  com o falso argumento que elas seriam melhor administradas.

Vendiam, também,  a balela de que isso ajudava no combate a corrupção, foi assim que uma poderosa e importante empresa de energia foi vendida para os maiores ricaços do pais, que depois descobriu-se,  provocaram  um rombo de bilhões em uma de suas empresas , o  que prejudicou muita gente, inclusive milhares de trabalhadores.

Nessa entrega das empresas nacionais, os governantes desse pais fictício, venderam uma empresa que refinava ouro negro por um valor bem menor do que ela valia, tempos depois os compradores presentearam a mulher do governante com  joias muito valiosas, seria coincidência ou suborno?

Vamos para  a vida real, a refinaria Landulpho Alves, na Bahia, foi vendida por 1,6 bilhões de dólares, mas seu preço estimado era de pelo menos 3 bilhões, ou seja foi vendida pela metade do preço, passado um tempo,  explode no pais a notícia de que Bolsonaro tentou por pelo menos oito vezes, inclusive com o uso de militares,  liberar joias retidas pela receita federal na alfandega,  no valor de 16,5 milhões de reais que teriam sido presenteadas à Michelle Bolsonaro pelos árabes, e que chegaram ao Brasil na mochila de um assessor de seu ministro das minas e energia , Almirante  Bento Albuquerque, que foi quem afirmou que as joias eram um presente para a primeira dama.

Mas não para por ai, já circula a notícia que outro pacote de joias teria entrado no pais sem a devida declaração, serão os únicos? Vamos lembrar que Bolsonaro, seus filhos, a primeira dama, seus ministros viajaram muitas vezes para países árabes.

A história da família Bolsonaro e permeada por muitas histórias ainda sem resposta, rachadinhas, depósitos do Queiroz para a primeira dama, cirurgia plástica  de presente , morte de carpas e recolhimento de moedas que teriam sido doadas, compra de imóveis em dinheiro vivo,  sem contar o ouro do MEC, o escândalo da compra das vacinas, o massacre dos Yanomamis para facilitar o garimpo ilegal em terras indígenas,  talvez esteja ai a verdadeira motivação para as tentativas de golpe, impedir que tudo isso possa ser investigado, e os responsáveis devidamente punidos conforme manda a lei.

O fascismo não é só violento, ele é intrinsicamente corrupto.

Investigação séria, e justiça e disso que o Brasil precisa e não da farsa da lava jato que  ajudou a produzir o bolsonarismo e liberou numa parcela  dos/as brasileiros/as  o que eles/as  tem de pior: preconceito, misoginia, racismo, homofobia, aporofobia, machismo,  ódio aos diferentes e um falso patriotismo.

A reconstrução do Brasil será um trabalho árduo mas será , também,  uma batalha cultural.

Paulo Cayres é secretário Nacional Sindical do PT e presidente da CNM/CUT

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