Bolsonaro e PGR: Desrespeito à lista tríplice é maior retrocesso em 20 anos

Associação Nacional dos Procuradores da República divulgou nota repudiando a escolha de Bolsonaro; governos do PT se destacaram por sempre respeitar a lista elaborada pela categoria

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em 9 meses, Bolsonaro ainda não entendeu o cargo que ocupa. Governando apenas para seus amigos e filhos e para os 12% que o apoiam cegamente, Bolsonaro vende o país e descredencia as instituições pilares da nossa democracia. O Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal, o Congresso, a Ordem dos Advogados do Brasil e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais já estiveram sob ataque direto do presidente e, em certas situações, da matilha desenfreada nas redes comandada por seu filho Carlos Bolsonaro.

Nesta quinta-feira (5), Bolsonaro resolveu desprezar a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), responsável por eleger e montar a lista tríplice de procuradores mais bem preparados para o cargo de Procurador-Geral da República, uma tradição democrática do país. A lista era composta por Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul, mas o escolhido foi Augusto Aras, decisão que gerou críticas de diversos procuradores e da ANPR que divulgou nota de repúdio.

“A autonomia institucional do MPF corre claro risco de enfraquecimento diante da desconsideração da lista tríplice”

No documento, a associação avalia que o “desrespeito à lista tríplice é o maior retrocesso democrático e institucional do Minitério Público Federal (MPF) em 20 anos”. Classifica a decisão de Bolsonaro como “uma escolha pessoal, decorrente de posição de afinidade de pensamento”. Para finalizar, a ANPR “conclama os colegas de todo o país para o Dia Nacional de Mobilização e Protesto, que ocorrerá na próxima segunda-feira (9)”.

Nome mais votado pelos procuradores, Mário Bonsaglia criticou a escolha e alertou que “a autonomia institucional do MPF corre claro risco de enfraquecimento diante da desconsideração da lista tríplice”, afirmou ao Estadão. Bonsaglia foi o único da listagem a se encontrar com Bolsonaro que conversou com oito procuradores, sete destes corriam por fora para o cargo.

O respeito de Lula e Dilma

 

O caso é mais um exemplo do despreparo de Bolsonaro para o cargo que ocupa, envergonhando uma posição que durante 16 anos foi preenchida de maneira brilhante. Durante seus governos, Lula e Dilma sempre respeitaram a lista tríplice da ANPR e, na maioria das vezes, escolheram o mais votado pelos procuradores. A Procuradoria-Geral da República é um cargo muito importante para o Judiciário brasileiro, responsável por investigar e denunciar políticos com foro especial. Um eventual aparelhamento da instituição feriria de morte a democracia brasileira.

Da Redação da Agência PT de Notícias

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast