Bolsonaro ignora crise no mercado de trabalho e derruba parcela extra a desempregados

Por decisão do governo e empresários, Codefat impede o pagamento de seguro-desemprego a novos benefícios a trabalhadores sem emprego. Medida beneficiaria 2,7 milhões de pessoas. A crise se agrava e piora do cenário econômico em 2021 preocupa sindicalistas. Menos o Palácio do Planalto e o ministro da Economia, inertes e omissos na busca por soluções para minimizar a crise

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Omisso e irresponsável. Presidente da República continua sem enxergar o drama da maioria da população e ameaça explodir a crise no mercado de trabalho para níveis recordes em 2021

O governo Bolsonaro rejeita mais uma vez qualquer solução que permita reduzir a crise social vivida pela imensa maioria da população. Com votos contrários de representantes do governo e entidades patronais, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) rejeitou, por 12 votos a 6, a  possibilidade do pagamento de parcelas extras do seguro-desemprego aos trabalhadores. A medida é uma derrota para os trabalhadores. Oficialmente, o país tem hoje 13,8 milhões de desempregados e mais de 40 milhões vivendo na informalidade. A expectativa dentro do governo é que a crise piore no próximo ano, com mais de 21 milhões de desempregados.

A decisão de negar o pagamento de parcelas extras do seguro-desemprego mostra bem como Jair Bolsonaro segue inerte e omisso diante da grave crise social que o país atravessa e que deve se aprofundar a partir de janeiro de 2021, quando acaba o pagamento pelo governo do auxílio-emergencial. A decisão de ignorar o pedido apresentado pelos representantes de trabalhadores no Codefat foi criticada pelas centrais sindicais: CUT, CSB, CTB, Força Sindical, Nova Central e UGT .

A proposta de pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego havia sido apresentada pelos representantes dos trabalhadores no Codefat. A medida foi rejeitada de pronta porque governistas e patrões se uniram para barrar as parcelas extras do seguro-desemprego. A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho afirmou, em nota, que a proposta tinha “problemas jurídicos incontornáveis”. A proposta consistia no pagamento de duas parcelas extras a todos os demitidos devido à pandemia do Covid-19.

Bolsonaro continua a empurrar o pais para desemprego recorde, enquanto nega benefício extra do seguro

Nas contas do governo, a proposta beneficiaria 2,76 milhões de pessoas. Em média, cada desempregado receberia 2,4 salários mínimos (R$ 2.508). Isso permitira injetar na combalida economia brasileira cerca de R$ 7,3 bilhões. Num momento de crise como o país vive, seria um alento para setores de serviços. Boa parte do dinheiro iria para o consumo e, embora o volume de recursos não tivesse maior impacto na economia, para os desempregados seria uma medida de proteção.

O economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clovis Scherer, que assessora o representante da CUT no Codefat, Quintino Severo, o impacto social para os trabalhadores será imenso. Ele lembra que  o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) tem recursos disponíveis em aplicações financeiras para custear o benefício, sem que isso afetasse a capacidade de financiar investimentos e programas de geração de emprego.

Votaram com os representantes do governo no Codefat os representantes das confederações Nacionais da Indústria (CNI), Agricultura (CNA), Turismo, Comércio, Transporte e do sistema financeiro. “É mais um ataque contra o povo”, lamentou o deputado Rogério Correia (PT-MG). “É uma crueldade”, destacou em nota a CUT.

Da Redação

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