Bolsonaro privilegia “ideologia” e prejudica o Brasil
Bolsonaro começa pelo Chile, depois vai a Israel e, por fim, os Estados Unidos
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Jair Bolsonaro realiza seu primeiro tour internacional a partir do próximo dia 19 de março. Bolsonaro começa pelo Chile, depois vai a Israel e, por fim, os Estados Unidos. A primeira incursão externa de Bolsonaro é pautada por compromissos ideológicos, contrariando interesses comerciais do país e de setores produtivos, como o agronegócio.
Em comunicado oficial, a Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil divulgaram “declaração do secretário de imprensa (dos EUA) sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro do Brasil”.
De acordo com a nota, o presidente Trump e o presidente Bolsonaro “discutirão como construir um Hemisfério Ocidental mais próspero, seguro e democrático”. Ainda, de acordo com o secretário, “eles falarão sobre o papel principal que os Estados Unidos e o Brasil estão desempenhando no esforço de fornecer assistência humanitária à Venezuela”.
A opção pelo Chile secundariza a Argentina, o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul. No Chile, o objetivo é reativar o Prosur (Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América Latina), uma iniciativa dos presidentes da Colômbia, Ivan Duque, e do Chile, Sebastián Piñera, em oposição a Unasur, organismo criado em 2011 originalmente com participação de 11 países da América do Sul.
A visita a Israel pode resultar no compromisso definitivo com a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, abrindo conflito com a maioria dos países do Oriente Médio, os mais importantes do ponto de vista dos negócios do Brasil.
A recepção com pompa e circunstância nos Estados Unidos, na sequência, na forma como está sendo anunciada, é um claro desafio ao BRICS. Em especial à China, país responsável pela absorção de 37% das exportações agrícolas do Brasil.
“Após seu anunciado périplo por países de governos conservadores que o inspiram, talvez os únicos em que seria razoavelmente recebido (o Chile dos Chicago Boys, Israel de Netanyahu e os EUA de Trump), Bolsonaro pretende retornar ao Brasil com um “troféu” nas mãos: um “novo” Acordo de Alcântara”, diz o assessor para relações internacionais da Bancada do PT no Senado Federal, Marcelo Zero.
Com a nova “renegociação”, segundo Zero, o governo antinacional estaria assumindo que, no campo aeroespacial, assim como em outras áreas estratégicas, o Brasil será mero exportador de commodities.
“No caso, uma commodity geográfica. Supriremos os EUA com uma localização geográfica privilegiada. E nada mais. Nada de veículo lançador próprio”, continua. “Nada de satélites competitivos”, conclui.
Por PT no Senado