Brasil à venda: Correios voltam ao radar entreguista de Jair Bolsonaro
Presidente quer acelerar seu plano de vender toda e qualquer empresa pública nacional para manter os interesses de quem realmente manda no país: o capital financeiro
Publicado em
Quando Jair Bolsonaro anunciou em junho passado a demissão do então presidente dos Correios, Juarez Aparecido de Paula Cunha, em nova escalada autoritária e descabida, os interessados em abocanhar o superavitário Correios cresceram os olhos imediatamente.
Na visão dos agentes do capital financeiro, a troca de comando na empresa – agora sob a tutela do general Floriano Peixoto – seria a oportunidade para recolocar a estatal na mira entreguista e privatizadora do atual desgoverno.
Com a venda iminente, Bolsonaro e Peixoto devem decidir nesta sexta (2) apenas qual será o modelo de privatização que colocará fim a uma história de 356 anos da empresa subordinada ao Ministério das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Como tem sido rotineiro, a argumentação apresentada (se é que se pode chamar de argumento) contraria os números apresentados pelo próprio Correios. Falar a verdade, por sinal, foi a deixa para que Cunha entrasse na lista de perseguidos de Bolsonaro quando se dispôs a “apresentar todas as informações necessárias e demonstrar que os Correios, se bem geridos, são viáveis e que as medidas adotadas para saneamento e modernização da estatal já estão dando resultado”.
O despreparado presidente ignora os números: a estatal registrou lucro de R$ 161 milhões em 2018 e de R$ 667,3 milhões em 2017.
História do país e 100 mil famílias ameaçadas
Desde abril os Correios estão sob ameaça. De lá para cá não foram poucos os alertas dados por especialistas de que a venda poderá custar mais caro do que se espera. Além de colocar em risco o emprego de ao menos 100 mil funcionários, a entrega da empresa levará ao isolamento um Brasil ainda pouco conhecido da maioria e onde mais de 63 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à internet.
“Os Correios auxiliam também na fonte de renda de milhares de pequenos produtores que vivem longe das capitais. Sem o serviço de envio e entrega, muitos desses trabalhadores e trabalhadoras do país ficarão isolados e podem ser levados à pobreza e à miséria. Isso sem contar os mais de 100 mil colaboradores da empresa que certamente terão dificuldades de manterem seus empregos caso a privatização se confirme”, avalia Fabio Souza de Oliveira, analista de Correios Jr, em entrevista à Agência PT em abril.
Da Redação da Agência PT de Notícias