Brasil está como farsa repetindo história autoritária, diz Ciro

Em homenagem aos 62 anos de morte de Getúlio Vargas, políticos fizeram um paralelo sobre situação que o levou ao suicídio e atual golpe contra Dilma

Políticos se reúnem em torno de monumento com carta testamento de Getúlio Vargas. Foto: Caroline Bicocchi

No aniversário de 62 anos do suicídio de Getúlio Vargas, lembrado nesta quarta-feira (24), foi inevitável o paralelo com o atual panorama brasileiro de golpe. Com um tiro, Getúlio retirou a própria vida para impedir um golpe militar que estava sendo tramado – e que só foi ocorrer dez anos depois.

“O povo que não conhece sua história está condenado a vivê-la como farsa. Hoje o Brasil está como farsa repetindo a sua história autoritária”, afirmou o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). Ele ainda lembrou que o mais longo período democrático brasileiro está se encerrando agora com o golpe em curso contra o governo de Dilma Rousseff (PT).

Ciro esteve presente em ato em homenagem a Getúlio, em frente ao monumento com a carta-testamento do político no centro de Porto Alegre. Ciro resgatou que em 1964, o golpe teve elementos similares ao do atual golpe.  “Os protocolos legalistas foram todos seguidos em 1964”, diz.

Na época, o presidente do Senado declarou vaga a Presidência, abrindo espaço para que o presidente da Câmara convocasse uma eleição indireta e colocasse Castelo Branco no poder. Logo depois, o Supremo Tribunal Federal referendou legalmente todas essas etapas. “A história é implacável quando lembra disso. Agora ocorrerá o mesmo”, afirmou.

O político ressaltou os retrocessos que o Brasil vive com o novo governo golpista de Michel Temer. Para ele, a soberania nacional está ameaçada. Já a CLT, criada por Getúlio Vargas para garantir os direitos dos trabalhadores, pode ser desmantelada com a proposta do governo Temer de sobrepor o negociado sobre o legislado, lembrou Ciro.

Na proposta, negociações entre patrões com empregadores poderão prevalecer sobre as leis trabalhistas. O problema é que, sobretudo em épocas de crise, essa relação é desigual.

O candidato do PT em Porto Alegre, Raul Pont, também presente no evento, fez um paralelo com a questão do petróleo. Getúlio foi um dos principais defensores do petróleo brasileiro, tendo criado a Petrobras justamente para manter as riquezas no Brasil.

“Nesse momento a Petrobras está sendo atacada, a bacia de Carcará sendo entregue”, afirmou Pont. “Nós precisamos ter grandes empresas públicas para  garantir a ação do estado na infraestrutura do país e dos municípios, algo imprescindível para construir uma grande nação”.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, também traçou o paralelo entre o golpe atual e o que ocorreu com Getúlio. O político gaúcho sofria, na época de sua morte, uma grande campanha midiática contrária, tal como o PT vem sofrendo nos últimos anos.

“Nós temos que pensar o que vai ocorrer com o Brasil em 10 anos, com os aposentados, os trabalhadores, a Petrobras. A ameaça é profunda. Eu estou vendo retrocessos grandes”, afirmou Lupi.

“Jornais falavam do mar de lama do governo Getúlio. Ele estava acuado e solitário. Quando Getúlio Vargas dá um tiro no peito ele muda o curso dessa história”, afirma. A partir de sua morte, a comoção conseguiu reverter essa campanha e impedir o golpe em curso.

“A política não é uma fotografia do momento que vivemos. Mas o que temos que ter em conta é quem está por trás dessa fotografia e a quem interessa”, afirmou.

Ciro Gomes sobre os golpistas: "sindicato de salafrários"

Ciro Gomes soltou o verbo durante conversa com a Agência PT em Porto Alegre: "Se reúnem para consumar esse golpe o sindicato dos políticos salafrários brasileiros". Assista e compartilhe!

Publicado por Partido dos Trabalhadores em Quinta, 25 de agosto de 2016

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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