Brasil ocupa 4º lugar no ranking de assassinatos de lideranças ambientais

Balanço feito pela ONG Global Witness aponta que, em 2018, 20 ativistas ambientais foram mortos no país; questão ambiental é menosprezada por governo Bolsonaro

Cristino Martins/Fotos Públicas

A ONG Global Witness apontou, em relatório divulgado nesta terça-feira (30), que 164 ativistas ambientais foram assassinados em 19 países no ano de 2018. O ranking das nações é liderado pelas Filipinas, que teve 30 defensores ambientais mortos no ano passado, seguido por Colômbia, com 24, Índia (23) e Brasil (20).

Segundo o documento, 43 mortes foram de ativistas que lutavam contra o setor de mineração e extração ilegais, sendo que 21 militavam na área da agricultura e 17 em movimentos e atingidos por barragens.

“É um fenômeno que pode ser visto em todas as partes do mundo. Os defensores do meio ambiente e da terra, dos quais um número significativo são representantes dos povos indígenas, são considerados terroristas, criminosos ou delinquentes por defenderem seus direitos”, diz Victoria Tauli-Corpuz, relatora especial sobre os direitos dos povos indígenas da ONU, em texto assinado no informe.

Para a especialista, “os assassinatos documentados pela Global Witness geralmente ocorrem em meio a ameaças e violências cometidas contra comunidades inteiras”.

Entre os 19 países onde houve assassinatos de ativistas ambientais, Guatemala apresentou o maior salto em relação ao ano de 2017, passando de 12 para 16 mortes.

De acordo com o relatório, mais da metade dos assassinatos ocorreram em países da América Latina, considerada pela ONG como o continente mais afetado por mortes de defensores do meio ambiente.

“Essa violência é um crise humanitária, mas é também uma ameaça a todos que dependem de um clima estável. Proteger defensores de terras indígenas não é apenas um imperativo dos direitos humanos, mas também uma solução urgente à crise climática”, conclui Tauli-Corpus.

EUA, Canadá e França

Além de assassinatos, o estudo aponta para diversas agressões e tentativas de criminalização realizadas contra ativistas pelo meio ambiente em países como Estados Unidos, Canadá e França. Nos EUA, o relatório aponto para o caso de Red Fawn Fallis, liderança indígena condenada a 57 meses de prisão após ser detida em 2016 durante um protesto.

No Canadá, uma subsidiária da companhia energética TransCanada moveu um processo civil contra lideranças indígenas da tribo Unist’ot’en por conta de protestos realizados pelo povoado contra a construção de um gasoduto que passaria pelas terras dos indígenas.

Por sua vez, na França, uma batida policial coordenada invadiu simultaneamente sedes de grupos contra energia nuclear em 10 diferentes localidades do país. Segundo o relatório, as invasões vieram acompanhadas de prisões e vigilância dos ativistas.

Por Brasil de Fato

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