Brumadinho: petistas lembram os 30 dias da tragédia e cobram punição
Bancada do PT acusou a direção da Vale de negligência e ainda cobrou a instalação imediata de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
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Os deputados da Bancada do PT de Minas Gerais, e de outros estados do País, lembraram nesta segunda-feira (25) a passagem de 30 dias do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), que deixou até o dia de hoje 179 mortos confirmados e 131 desaparecidos. Os parlamentares acusaram a direção da Vale de negligência, e ainda cobraram a instalação imediata de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as causas do rompimento da barragem, indiciar os responsáveis pela tragédia e ainda investigar a atuação das mineradoras em todo o País.
O deputado Patrus Ananias (PT-MG) disse que até agora as medidas para amenizar os impactos da tragédia foram insuficientes e exigiu a punição dos verdadeiros responsáveis.
“O que foi feito até agora está muito aquém do razoável. É preciso dizer que a Vale cometeu um crime, contra vidas humanas e o meio ambiente. Centenas de pessoas morreram e o Rio Paraopeba está praticamente morto. O que houve foi um crime, onde a Vale por negligência assumiu o risco de a tragédia ocorrer. E essa responsabilidade acredito que nem é tanto de funcionário locais ou regionais da Vale, mas principalmente da direção nacional e internacional dessa empresa, que não tem diretrizes claras para as seguranças de suas barragens”, afirmou.
Na mesma direção o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) exigiu o afastamento do presidente da Vale. “Se o Brasil fosse um país sério, o presidente da Vale já teria sido afastado de suas funções. O País não pode esquecer dessa tragédia e precisa dar respostas urgentes mesmo sabendo que em muitos casos a perda é irreparável”, destacou.
Já o deputado Padre João (PT-MG) acusou a Vale, mesmo após a tragédia, de não assumir sua responsabilidade de prestar assistência aos atingidos. “A Vale continua cometendo crimes. Sonega informações e prefere gastar com advogados e propaganda do que indenizar as vítimas em Brumadinho. Mesmo o acordo celebrado entre as famílias atingidas diante da justiça, o valor acertado representa apenas 16% dos danos reais às famílias. Não há humanidade por parte da Vale, apenas lucro, até mesmo diante de mortes e destruição. Isto não pode continuar”, frisou.
Além de pedir punição aos responsáveis, vários deputados também questionaram o modelo de mineração utilizado no Brasil. Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), as mineradoras não podem apenas enriquecer vendendo o minério sem se preocupar com as consequências para a sociedade e o meio ambiente.
“Essas empresas não podem simplesmente explorar o minério e exportar barato, não industrializar o País e não ter estratégia de extração sustentável, para as pessoas e o meio ambiente, e ainda não pagar impostos, já que elas são isentas de pagar ICMS por conta da lei Kandir, implementada em 1996 pelo governo FHC. Não podemos deixar de formar essa CPMI, porque se o Congresso não fizer será uma pizza enorme, uma vitória da Vale”, ressaltou Rogério Correia.
Na mesma linha, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) observou que “é tempo de revisar toda a política da mineração, não de abrir caminho para novos crimes ambientais, trabalhistas e humanitários”.
Para o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) a atividade das mineradoras não pode colocar o lucro acima da vida. Ele defendeu a imediata instalação da CPMI para investigar a tragédia.
“A busca do lucro negligencia vidas e coloca em risco cidades inteiras. Vamos até o fim na Comissão Externa e CPMI criada para exigir justiça para essas famílias e também para pressionar governos estaduais e federal e mineradoras a barrar essa escalada de irresponsabilidade com a vida”, disse.
O deputado Paulo Guedes (PT-MG) ressaltou que “crimes como esse de Brumadinho continuam acontecendo por reflexo de um modelo de exploração irresponsável, que prioriza apenas o lucro”. Ele destacou a necessidade da instalação da CPMI para investigar as causas da tragédia, mas ressaltou que é preciso ampliar o apoio aos atingidos.
“É preciso dar celeridade às ações que visem o apoio às vítimas, à apuração e punição dos responsáveis e o reparo ambiental necessário”, afirmou.
Leia abaixo outras manifestações de parlamentares petistas sobre os 30 dias da tragédia de Brumadinho (Twitter):
Deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder da Bancada do PT na Câmara: “Um mês do crime da Vale e de centenas de famílias com as vidas destruídas por conta da ganância e da busca pelo lucro acima de qualquer coisa”.
Deputada Erika Kokay (PT-DF): “Hoje completa 1 mês que a barragem da Vale em Brumadinho rompeu matando centenas de pessoas. Não foi tragédia, foi crime”.
Deputada Luizianne Lins (PT-CE): “Um mês da tragédia de Brumadinho. Um mês de dor pelas vidas perdidas. Um crime ambiental que contabiliza 131 pessoas ainda desaparecidas e 179 mortes confirmadas. Punição aos responsáveis! CPI Já! ”.
Deputado Zeca Dirceu (PT-PR): “Um mês da tragédia em Brumadinho. 179 vidas tiradas e 131 desaparecidas. Um dia que jamais será esquecido, trabalhadores, mães, filhos, todos soterrados. Um crime protagonizado pela maior mineradora do Brasil”
Deputado Nilto Tatto (PT-SP): “Após um mês do crime da Vale em Brumadinho, a população segue na incerteza. Familiares dos desaparecidos vivem a angústia de um luto sem corpos. Ainda assim o governo insiste na ideia de “autolicenciamento”.
Deputado Airton Faleiro (PT-PA): “Estamos apresentando a esta Casa um requerimento de indicação ao Ministério da Cidadania, já que não temos Ministério da Cultura, para implantação de memorial em mármore com a relação dos mortos e dos desaparecidos daquele crime socioambiental. Queremos que este memorial simbolize um espaço para os familiares levarem flores, fazerem lá seus atos religiosos e, mais do que isto, eternizarem o protesto para que nunca mais se repitam”.