Carta da Cop 30 convoca “mutirão global” contra a mudança do clima
Presidente da conferência, André Corrêa do Lago ressalta a urgência de reação ao aquecimento global e diz que a degradação do meio ambiente gera catástrofes
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A presidência da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém, em novembro deste ano, divulgou uma carta aberta convocando um “mutirão global” contra as mudanças climáticas. O documento alerta que 2024 foi o ano mais quente já registrado na história e afirma que são necessárias ações emergenciais e urgentes para impedir um cataclisma em razão do aquecimento da Terra.
A carta foi destinada aos países-signatários da Convenção-Quadro das Nações sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). A carta foi divulgada pelo presidente da Cop, o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conduzir a conferência.
A COP vai reunir na capital paraense diversos chefes de Estado e de governo, negociadores internacionais, cientistas e sociedade civil. Pela primeira vez o evento será realizado na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo.
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O texto da carta lembra que a COP-30 marcará 20 anos da entrada em vigor do Protocolo de Quioto e 10 anos da adoção do Acordo de Paris. “Entramos em 2025 com a confirmação de que 2024 foi o ano mais quente já registrado globalmente e o primeiro em que a temperatura média global ultrapassou 1,5°C acima de níveis pré-industriais. Logo em seguida, janeiro de 2025 marcou o mês mais quente já registrado. Com base em trabalhos anteriores sobre riscos físicos, transicionais e legais relacionados ao clima, o Conselho de Estabilidade Financeira – a organização internacional que monitora e recomenda políticas para o sistema financeiro global – informou em janeiro passado que os choques climáticos podem ameaçar a estabilidade financeira do mundo”, destaca um trecho do documento.
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O embaixador destacou que o aquecimento global não é mais uma teoria da ciência, mas sim um problema que já afeta a humanidade e causa tragédias. “Agora, não apenas ouvimos falar dos riscos climáticos, mas também vivemos a urgência climática. A mudança do clima não está mais contida na ciência e no direito internacional. Ela chegou à nossa porta, atingindo nossos ecossistemas, cidades e vidas cotidianas. Da Sibéria à Amazônia, de Porto Alegre a Los Angeles, ela agora afeta nossas famílias, a saúde, o custo de vida e nossas rotinas de educação, trabalho e entretenimento”, destaca.
Em tom de urgência, a carta ressalta que se as nações não se mobilizarem, os impactos chegarão de maneira avassaladora. “A mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe. Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias. Se, em vez disso, optarmos por nos organizar em uma ação coletiva, teremos a possibilidade de reescrever um futuro diferente. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia, mas sim pela resiliência e pela agência em direção a uma visão que nós mesmos projetamos”, destaca um dos trechos.
Por fim, o documento faz um chamado global e destaca que as nações ricas não podem ficar atrás de “muros” do negacionismo. “A cultura brasileira herdou dos povos indígenas nativos do Brasil o conceito de “mutirão” (“Motirõ” em tupi-guarani), que se refere a uma comunidade que se reúne para trabalhar em uma tarefa compartilhada, seja colhendo, construindo ou apoiando uns aos outros. Ao compartilhar essa inestimável sabedoria ancestral e tecnologia social, a presidência da COP30 convida a comunidade internacional a se juntar ao Brasil em um mutirão global contra a mudança do clima, um esforço global de cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”, completa o texto.