“Casamentaços” LGBT: símbolos de resistência aos retrocessos

Casamentos coletivos de casais homoafetivos estão ocorrendo por todo o país como uma forma de resistir aos possíveis retrocessos do governo Bolsonaro

Reprodução/Casa 1

Voluntários organizam "casamentaço" para casais LGBT

“Trabalho de graça no seu casamento LGBT até o final do ano”, essa corrente circulou pelas redes sociais de inúmeras pessoas que se ofereceram para auxiliar quem quisesse celebrar uniões homoafetivas. As propostas vieram de mulheres e homens, fotógrafos, cerimonialistas e outros profissionais da área que desejam de alguma forma ajudar.

A campanha começou com a publicação de um fotógrafo se oferecendo para trabalhar de graça em casamentos LGBTs que acontecessem até dezembro. Essa iniciativa viralizou por causa da posse de Jair Bolsonaro em 2019, que traz o medo de retrocessos e repressão. O presidente eleito já se manifestou diversas vezes de forma homofóbica e a comunidade LGBT teme a revogação das resoluções de 2011 e 2013 do STF e do Conselho Nacional de Justiça que permitiram a união civil homoafetiva no Brasil.

A presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Simmy Larrat explica que esses casamentos são movimentos para “mostrar que nós não vamos abrir mão dos direitos garantidos. Existia uma movimentação que pautou a necessidade desses casórios coletivos para passar a informação para a sociedade e para os oportunistas de que nós vamos continuar no campo da resistência e da luta para ampliar esses direitos”.

“Bolsonaro é conivente com o preconceito, com a violência no âmbito da escola, da saúde e todas as vezes que queremos enfrentar essa violência institucional eles inventam uma desculpa, sendo assim acreditamos que o governo não promoverá serviços para enfrentar esse tipo de violação que acontece no âmbito do próprio estado”, esclarece Simmy.

Festas foram marcadas para celebrar o amor por todo o país, com serviços de música, bebida, comida, burocráticos e outros fornecidos pelos voluntários e se tornaram símbolo de resistência aos possíveis retrocessos que o governo Bolsonaro ameaça.

No domingo (16) um grande casamento coletivo aconteceu em São Paulo, com mais de 40 casais. Desde outubro, cidades como Belo Horizonte, Teresina, Aracaju, Recife e Goiânia também tiveram casamentos coletivos, a maioria deles organizada colaborativamente.

O “casamentaço” de São Paulo foi financiado por uma vaquinha virtual que arrecadou R$ 47.045,00 reais e reuniu centenas de voluntários que se dispuseram a realizar o evento.

Em Recife, o casamento coletivo aconteceu na quarta-feira (19) e foi inteiramente montado por voluntários. A cerimônia foi celebrada pelo juiz da 1ª Vara de Família e Registro Civil da Capital, Clicério Bezerra, conhecido por fazer o primeiro registro com dupla paternidade no estado.

Por Jéssica Rodrigues, para a Secretaria Nacional de Mulheres do PT

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