Censo do IBGE: cresce número de lares chefiados por mulheres
Em 12 anos, houve ampliação no número de residências que têm a mulher como principal mantenedora. Programas dos governos do PT ajudam a explicar mudança no cenário
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Em um país majoritariamente feminino, as mulheres brasileiras também ampliam seu papel no comando dos lares, de acordo com o “Censo Demográfico 2022″, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. O levantamento fez uma comparação entre os cenários do ano passado e de 2010.
Pela primeira vez, há mais mulheres como responsáveis pelos lares brasileiros do que como esposa do responsável, aponta o IBGE. Em 2022, 1 em cada 3 mulheres (34%) era responsável pela casa. Em 2010, eram menos de 1 em cada 4 (23%). Tal resultado reflete um conjunto de ações, programas e políticas públicas que culminaram na independência econômica das brasileiras.
De acordo com o Instituto, em 2022, das 72,5 milhões de unidades domésticas do Brasil, 49,1% tinham responsáveis do sexo feminino. A proporção representa uma mudança importante em relação ao Censo de 2010, quando o percentual de homens responsáveis (61,3%) era substancialmente maior do que o percentual de mulheres (38,7%). Por unidade doméstica entende-se o conjunto de pessoas que vivem em um domicílio particular.
Por regiões
O levantamento revelou ainda que o Nordeste é a região que concentra o maior número de residências chefiadas por mulheres. Em 10 estados, o percentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica foi maior que 50%: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas e Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%).
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da federação estão concentradas na Região Nordeste do país. Por outro lado, os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%”, diz o órgão.
Segundo o G1, entre as mulheres, 34,1% são as responsáveis pela casa, e 25% foram apontadas como cônjuge ou companheira. O Censo de 2010 mostrava outro cenário: 22,9% eram as responsáveis, e 29,7%, as cônjuges ou companheiras. Com isso, a fatia de lares comandados por mulheres cresceu e passou a ser praticamente igual à dos comandados por homens: em 2010, 39% dos lares tinham elas como responsáveis. Agora, são 49%. Os homens, que respondiam por 61%, agora estão à frente de 51%.
Governos do PT explicam mudança no cenário
Além da avanço da conscientização das mulheres sobre a busca pela liberdade e emancipação, com a que culminam muitas vezes na saída de relações abusivas, a existência no Brasil de programas sociais que estimulam o empreendedorismo das mulheres e de ações que focam no empoderamento das brasileiras ajudam a explicar a mudança no cenário apresentado pelo Censo 2022.
Ao observar o período analisado dos últimos 12 anos, é possível atestar que o número de mulheres que conquistaram a independência tem contribuição direta de iniciativas dos governos Lula e Dilma.
Dentre elas, vale destacar o Bolsa Família. Criado em 2003, o programa foi lançado com a determinação de, sempre que possível, colocar o nome da mulher no cartão. Essa simples medida, deu mais independência às mulheres, significando uma verdadeira “revolução feminista” no Brasil.
Em 2009, o Minha Casa, Minha Vida foi lançado seguindo a mesma lógica do Bolsa Família: as chaves da casa própria seriam entregues nas mãos da mulher. Elas passaram a ter preferência na assinatura da escritura (89% dos casos) e o imóvel permanece com a mulher em caso de separação.
Já em 2015 houve o lançamento da Lei das Domésticas que assegurou direitos trabalhistas, como férias e 13°, para 1,8 milhão de trabalhadoras. Esta foi conquista histórica, por enfrentar os efeitos do racismo e da escravidão no país. Também neste ano, o número de mulheres matriculadas no ensino superior saltou de 2 milhões para 3,7 milhões. Em grande parte apoiadas pelo ProUni e Fies, muitas delas foram as primeiras da família a ter um diploma universitário.
Os governos Lula e Dilma chegaram à marca de 8.664 creches construídas ou com recursos garantidos. A medida permitiu que milhões de mulheres pudessem se qualificar e entrar no mercado de trabalho, pois tinham onde deixar seus filhos com segurança.
Ao longo das duas gestões federais petistas, as mulheres do campo também foram assistidas, com iniciativas como a documentação da trabalhadora rural, linhas de crédito Pronaf Mulher e o Programa de Organização Produtiva de Mulheres Rurais.
Já no governo Lula 3, as mulheres seguem como prioridade, e diversas ações têm sido executadas para garantir autonomia financeira e social a elas. Exemplo é o Decreto n° 11.430, que destina mínimo de 8% dos postos de trabalho para mulheres em situação de violência nos contratos firmados com a Administração Pública. Fundamental destacar também a sanção da Lei da Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens.
Além disso, no campo do empreendedorismo, foi lançada a Estratégia Nacional do Empreendedorismo Feminino, que objetiva ser mais uma iniciativa que tem a mulher como foco. A ação é dividida em quatro eixos, a iniciativa vai priorizar mulheres inscritas no CadÚnico e também prevê garantir equidade étnico-racial para empreendedoras autodeclaradas pretas ou pardas.
Da Redação do Elas por Elas, com informações da Agência IBGE e do G1