Lei da Igualdade Salarial e Remuneratória é sancionada por Lula

Além da conquista inédita, mais duas leis foram assinadas pelo presidente; a que garante direitos para mães atletas e altera o Estatuto da Advocacia e da OAB

Ricardo Stuckert

Lei representa um grande marco para as mulheres trabalhadoras no Brasil

Hoje foi um dia histórico para as trabalhadoras do Brasil. Após mais de 80 anos da  Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o presidente Lula sancionou na tarde desta segunda-feira (3), na Base Aérea de Brasília, o projeto n° 1085/2023 , de origem do Executivo, que garante a igualdade salarial e remuneratória entre mulheres e homens e altera a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Esta é uma conquista inédita e muito aguardada pelas brasileiras.  O projeto integra uma das entregas anunciadas pelo governo federal, durante o último 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. 

Para garantir o cumprimento da lei, foi anunciado um site especial para recebimento de denúncias para as empresas que desrespeitarem a lei. Para acessar, basta clicar aqui. As denúncias poderão ser feitas também pelos canais Disque 100, Disque 180 e 158. A denúncia pode ser anônima para garantir a identidade da pessoa que realizou a denúncia. 

Ao sancionar a lei inédita, Lula destacou a obrigatoriedade dos empresários em respeitarem a legislação: “Há governos que fazem cumprir a lei e têm governos que não fazem esse cumprimento. A nossa diferença é que nós temos fiscalização, temos Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério das Mulheres, Ministério Público do Trabalho, e tudo isso tem que funcionar em benefício da lei”, ressaltou o presidente. 

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, agradeceu o empenho dos parlamentares que atuaram firmemente para que o projeto fosse aprovado com celeridade. “Quero dizer a vocês que é muito importante esse processo porque a Constituição já fala disso (igualdade), mas o presidente Lula ao determinar que pensássemos uma nova lei, que trouxesse a clareza da obrigatoriedade e ao pensarmos conjuntamente, mas pensar as condições para que a lei pegue. Por isso, usaremos a Inteligência Artificial (IA) e também a fiscalização in loco quando preciso. Contem com o governo Lula e o MTE para fazer a lei valer de verdade. Saibam que tudo é conquista, se alguém descumprir, denunciem”, informou Marinho. 

Outra novidade anunciada pelo ministro foi a previsão para a realização de concurso público para a contratação de 900 novos auditores. Segundo ele,  além das costas já obrigatórias, o certamente irá prever cotas para PCD, pessoas trans, indígenas e quilombolas; além das pessoas negras e pretas. Além disso, vale destacar que os dois ministérios criaram um Grupo de Trabalho Interministerial  (GTI) para aperfeiçoar os trâmites da lei a fim de dar características do Brasil; o grupo conta com representantes da sociedade civil e segmentos do movimento sindical. 

Durante o discurso, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que apenas quatro meses depois do 8 de março, quando o projeto de lei foi anunciado ao Congresso, e com apenas seis meses de governo, essa grande política prometida pelo presidente Lula durante a campanha foi sendo entregue à sociedade.  

“Verdade que a desigualdade salarial entre mulheres e homens é um desafio mundial. Mas o Brasil está entre os piores colocados. E este cenário será modificado. A lei traz uma grande inovação: o relatório de transparência, que por um lado torna mais eficaz o processo de fiscalização. E por outro leva informações necessárias às trabalhadoras sobre as remunerações. A Lei de Igualdade Salarial e critérios remuneratórios é fruto da luta histórica das mulheres, em especial das trabalhadoras que atuam no movimento sindical. E todas nós sabemos o que enfrentamos até chegar até aqui. A cada luta por direitos, sempre ouvimos que haveria algum tipo de retaliação social ou econômica. Foi assim com a licença-maternidade, quando nos disseram que as empresas deixariam de contratar mulheres. E não foi diferente com o projeto de lei da igualdade salarial, quando ouvi exatamente o mesmo argumento, tantas décadas depois. Mas o avanço venceu”, defendeu a ministra. 

Maria Auxiliadora dos Santos, da Força Sindical, representou o Fórum Nacional de Mulheres das Centrais Sindicais. Segundo ela, o dia foi histórico para as trabalhadoras do nosso país: “Hoje o senhor está sancionando uma lei que é muito importante na vida de cada uma de nós que trabalhamos, que ganhamos 30% a menos do que o dos homens. Se implementar essa lei o país será melhor, a economia. Quero agradecer ao senador Paulo Paim, que esteve nessa caminhada para que este projeto fosse aprovado. É muita alegria de cada uma dessas mulheres, dirigentes sindicais e todo canto desse Brasil do campo e da cidade. A lei vai pegar pq está nas mãos das mulheres e do movimento sindical. Vamos estar fazendo cumprir essa lei ”, afirmou emocionada.

A CEO do Grupo Mulheres do Brasil, Alexandra Segantin, iniciativa que conta com 117 mil mulheres que trata sobre empreendedorismo feminino reformou a importância de haver mais mulheres nos espaços de poder e decisão para que haja uma nova realidade: “Hoje é um dia muito importante. O grupo faz 10 anos, e ver essa sanção de uma lei tão importante, que já estava prevista na CLT, mas as medidas são justas e duras e multas expressivas, destaco a transparência e a fiscalização. É um passo muito importante, mulheres estamos juntas para transformar”, disse.

Garantia para mães atletas e combate a tipos de assédio na OAB

Além do referido PL, mais dois projetos foram sancionados pelo presidente: a lei (PL1084/2023)  que altera o Programa Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte, que busca ampliar direitos e garantias a esportistas gestantes ou mães de recém-nascidos; e a lei (PL1852/2023)  que altera o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para incluir assédio moral, assédio sexual e discriminação como infrações ético-disciplinares.

A ministra do Esporte, Ana Moser, lembrou que o Bolsa Atleta é a maior política mundial de apoio individual ao atleta. Ela reformou a importância das presenças de mais mulheres nos ministérios e que essas conquistas evidenciam “o fortalecimento da figura da mulher em todos os setores, que só foi possível porque o presidente Lula colocou todas essas mulheres em posições de destaque”. Segundo a ex-atleta, esse o ano, mais de oito mil atletas são contemplados com o programa, sendo mais de 3.600 mulheres: “Até hoje a questão da gravidez das atletas mãe era totalmente invisibilizada. É um direito que não era respeitado. A atleta não cogita ser mãe, porque é um risco à sua carreira, e uma medida tão óbvia como essa demorou, mas só pode ser possível com o senhor”, destacou. 

Agna Alves Cruz é paratleta e recebe o benefício . Segundo, foi graças ao programa que ela conseguiu ter condições de criar os dois filhos: “Com muito orgulho que eu falo que sustentei os meus filhos com o bolsa atleta sanção importante para nós mulheres com deficiência”, disse.

O presidente da OAB, José Alberto Simonetti, afirmou que o momento foi bastante simbólico em que celebramos e que a lei representa o avanço da sociedade na advocacia: “É uma vitória para toda a sociedade esse PL, que teve origem no Conselho da OAB. Ao incluir como o  assédio moral, assédio sexual e discriminação como infrações ético-disciplinares reforçamos o nosso compromisso com a ética e o respeito, representa nosso empenham para criar ambiente seguro para mulheres e homens. Por fim, gostaria de agradecer e destacar a atuação do presidente Lula na sanção desta lei, que mostra a sua liderança e compromisso com igualdade e segurança das mulheres. Que essas conquistas sejam o início da jornada para uma sociedade mais justa para todos e todas.”

 Da Redação do Elas por Elas 

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