Clima de ódio alimentou ataque à produtora do Porta dos Fundos, diz Duvivier
Especial de fim de ano para a Netflix retrata Jesus como homossexual e desperta ira de setores conservadores que apoiam governo de Bolsonaro
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Um Jesus Cristo gay no especial de Natal do Porta dos Fundos é o provável motivo do atentado contra a produtora O2 na madrugada desta terça-feira (24). “Assustador. Eles não estão sós. É um ódio que tem sido pregado na mídia conservadora e no Congresso”, disse o humorista, ator e roteirista Gregório Duvivier ao El País.
Ele é um dos atores de A primeira tentação de Jesus, produzido para a Netflix. O filme de humor enlouqueceu conservadores e cristãos fundamentalistas, incluindo o clã presidencial e pastores. Um abaixo-assinado pede o veto à produção dizendo que é considerada “ofensiva à fé cristã” já passou de 2 milhões de assinaturas.
Em nota, a produtora do grupo diz que já foram disponibilizadas as imagens das câmeras de segurança da equipe. “O país encerrará essa tormenta de ódio e o amor prevalecerá junto com a liberdade de expressão”, encerra a declaração.
O ator Fabio Porchat usou sua conta do Twitter no início da noite desta terça-feira (24) para se pronunciar sobre o ataque a bomba na sede da produtora do Porta dos Fundos. “Não vão nos calar! Nunca! É preciso estar atento e forte…”, escreveu Porchat.
O presidente do Psol, Juliano Medeiros, também se manifestou sobre o caso: “É mais um atentado à democracia e à liberdade de expressão. Coisa de gente fundamentalista e violenta (impossível não lembrar de Charlie Hebdo)”.
Ações na Justiça
Na madrugada desta véspera de Natal, a sede da produtora do Porta dos Fundos, no bairro Humaitá, no Rio de Janeiro, foi alvo de um ataque a bomba. Dois coquetéis molotov foram atirados no interior do prédio da produtora do grupo de humor.
Via assessoria de imprensa, o Porta dos Fundos informou que, se não fosse a presença de um segurança, a sede da produtora certamente seria incendiada. Em nota, o grupo humorístico afirmou que “condena qualquer ato de ódio e violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades, para o Secretário de Segurança, e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos”. Além disso, ressaltou que seguirá em frente “mais unido, mais forte e mais inspirado pela liberdade de expressão”.
A produção audiovisual chegou, inclusive, a ser alvo de petições e ações na Justiça. Na última sexta-feira (20), uma juíza negou um pedido para que o especial de Natal fosse retirado do ar. “Seria inequivocamente censura”.