Com Bolsonaro, até os militares voltam à precarização e à falta de recursos

Colocado na reserva após acusação de explodir bombas em unidades do Exército, Bolsonaro prova mais uma vez que não tem lealdade sequer com a própria classe

Marcos Corrêa/PR

“O Exército vai entrar em meio expediente, porque não tem comida para dar para o recruta”. A afirmação divulgada pelo G1 é de Jair Bolsonaro, militar da reserva que, após eleito, deixa a própria classe à mercê da precarização. O cenário é o oposto do que foi vivenciado pelos militares no governo Lula que deu dignidade às Forças Armadas brasileiras e fez os maiores investimentos na Defesa nacional.

Já no governo de Bolsonaro – militar colocado na reserva pela acusação de explodir bombas em unidades do Exército – as Forças Armadas vão atuar apenas meio período, um retorno ao cenário que era visto há 17 anos na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2002.

À época, o Estadão reportou que 44 mil recrutas de um total de 52 mil alistados foram dispensados devido ao ajuste fiscal promovido pelo tucano. Naquele ano, as Forças Armadas sofreram um bloqueio de R$ 2,175 bilhões e suspenderam a convocação de recrutas para economizar com refeições e pagamentos.

Lula foi o presidente que mais fez pelos militares

Ao comentar o descaso do atual governo com a Defesa Nacional, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, lembra que o governo Lula havia encerrado esse período de precarização, além de investir em infraestrutura para as Forças Armadas. “Com o presidente Lula as Forças Armadas resgataram a dignidade. Os recrutas tinham comida, coturnos, trabalhavam o dia inteiro. E os maiores investimentos foram feitos: submarino nuclear, caças, armamentos, tanques, caminhões”, afirmou.

O ex-presidente também tem falado sobre esse legado constantemente. Em entrevista a Monica Bergamo (Folha) e Florestan Fernandes (El País), Lula disse que tem vontade de perguntar aos chefes da Marinha, da Aeronáutica e do Exército “qual Presidente da República fez mais por eles”.

Na ocasião, Lula também contou sobre como encontrou as Forças Armadas quando assumiu seu primeiro mandato, após os cortes orçamentários de FHC.  “Quando cheguei na Presidência, em 2003, soldado brasileiro saia às 11h porque não tinha dinheiro para almoçar. Recruta não recebia salário mínimo. Além de pagar salário e dar almoço, criei o Soldado Cidadão para oferecer cursos de formação”, relatou.

O assunto foi retomado em outras entrevistas, inclusive na mais recente delas, veiculada na sexta-feira (16) pela TVE Bahia. Em conversa conduzida pelo jornalista Bob Fernandes, Lula reiterou que nenhum outro presidente “teve o respeito e cuidou das Forças Armadas” como ele.

O ex-presidente disse ainda que as Forças deveriam ter “um papel importante em cuidar para nossa soberania, não contra o nosso povo”. E questionou: “onde estão os militares nacionalistas?” diante dos retrocessos do governo Bolsonaro.

Retrocessos esses que atingem diretamente o própria classe, que agora retoma à precarização deixada por Fernando Henrique Cardoso.

Cortes orçamentários

O anúncio de que os militares vão retroceder 17 anos e voltar a trabalhar meio período ocorre em meio aos cortes orçamentários promovidos pelo desgoverno de Jair Bolsonaro que tem desmontado o Estado brasileiro em uma política entreguista e submissa aos Estados Unidos.

Em março, governo cortou R$29,7 bilhões dos recursos públicos para 2019 e, em julho, retirou mais R$1,44 bi. Embora a Educação seja a área mais afetada, o caso das Forças Armadas mostra que nenhum setor do Estado sai ileso a esse desgoverno.

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do G1 e do Estadão

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast