Com Carlos a tiracolo, Bolsonaro faz discurso em tom eleitoral
Com pedido de voto implícito, presidente afirma, ao inaugurar ponte ligando Piauí ao Maranhão, que “só mudaremos o Brasil se vocês tiverem entendimento que nós devemos continuar”
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vive uma realidade paralela, em fragrante contradição com que dizem seus ministros na CPI da Covid, tentando acobertar sua irresponsabilidade no combate à pandemia. Nesta quinta-feira (20), durante passagem pelo aeroporto de Palmas (TO), promoveu aglomeração e desrespeitou as leis sanitárias ao ignorar o uso de máscaras e pegar nas mãos de apoiadores.
Em seguida, dirigiu-se para a inauguração de ponte sobre o Rio Parnaíba, ligando Santa Filomena, no Piauí, ao município Alto Parnaíba, no Maranhão, para inaugurar obras. Durante os eventos, Bolsonaro estava acompanhado do filho Carlos (PSC), vereador do Rio de Janeiro, onde deveria cumprir com suas obrigações legislativas.
Durante a entrega de obra públicas, Bolsonaro discursou, falou sobre seu futuro político e fez crítica a adversários, comportando-se como candidato em campanha eleitoral. Em pedido implícito de apoio, Bolsonaro afirmou que “só mudaremos o Brasil se vocês tiverem entendimento que nós devemos continuar fazendo a coisa certa”.
“[Senador] Ciro [Nogueira], meu velho colega de Parlamento, fui do Progressistas dele por muito tempo. Ele não tá apaixonado por mim não pessoal, mas ele está me namorando. Ele quer que eu retorne ao partido Progressistas, quem sabe. Se ele for bom de papo, a gente volta para lá”, afirmou Bolsonaro.
Assim como fez em Alagoas, na semana passada, a inauguração serviu para atacar o isolamento social adotado por estados e municípios, um dos objetivos de sua visita ao Piauí e ao Maranhão. “Desde março do ano passado, quando esse tal de vírus e aqueles entendidos, engravatados, aconselhavam o ‘vamos ficar em casa tudo mundo, a economia a gente vê depois’”, disse.
Em sua realidade paralela, como sempre, esqueceu de falar sobre suas obrigações. O combate à pandemia e auxílio a milhões de brasileiros que deveriam ser foco de suas ações como presidente da República. Bolsonaro falou de inúmeros assuntos em seu discurso, mas em nenhum momento se referiu à compra de vacinas para o povo.
Acusando o golpe da falência da economia, disse que querem por o desemprego na conta dele, e não na de “quem fechou tudo sem qualquer responsabilidade, sem comprovação científica”. Bolsonaro também mistura alhos com bugalhos quando tenta comparar auxílio emergencial de sua gestão com o pagamento de Bolsa Família, nos oito anos de governo do presidente Lula.
Nos eventos, Bolsonaro reconheceu que a grande maioria de obras que vem entregando é de governos anteriores, mas justifica dizendo que se tratam de “obras paradas há 10, 20, 30, 40, 50 anos”. E, mentirosamente, cita como exemplo a transposição de águas do Rio São Francisco, projeto do governo Lula iniciado em 2007, com grande parte das obras concluídas em seus dois mandatos e nos da presidenta Dilma Rousseff.
Da Redação