Comunidade internacional alerta Brasil sobre ameaça à democracia
Manifesto assinado por importantes acadêmicos alemães expõe preocupação com o crescimento do discurso de ódio, nos EUA mais de 1000 repudiam Bolsonaro
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A ameaça à democracia e aos direitos humanos que se apresenta na eleição presidencial de 2018 mobilizou um grupo de 40 intelectuais alemães, que escreveram uma carta, divulgada nesta segunda-feira (22) buscando alertar o país sobre a situação.
“Aprendemos, dolorosamente, com a história europeia e, em especial, com a história alemã, que a apologia da tortura e da violência e o desrespeito a concidadãos e minorias jamais serão solução para crises econômicas e políticas”, afirma o documento assinado por importantes personalidades da ciência alemã.
Entre os signatários, está o filósofo e sociólogo Axel Honneth, professor nas universidades de Frankfurt e Columbia, nos Estados Unidos, e o sociólogo Claus Offe, da Hertie School of Governance, em Berlim. Ambos foram alunos de Jürgen Habermas.
Também assina o documento o sociólogo Stephan Lessenich, que foi presidente da Associação Alemã para Sociologia (DGS) e atualmente dá aula na Universidade Ludwig Maximilian de Munique; a historiadora especializada em América Latina Barbara Potthast, da Universidade de Colônia; e a economista Barbara Fritz, da Universidade Livre de Berlim.
“Temos observado como, durante a presente campanha eleitoral, difamações, desinformação e perseguição vem colocando em questão o tratamento igualitário de mulheres e homens, a dignidade de gays, lésbicas e pessoas transgênero, assim como a legitimidade política dos movimentos sociais e os direitos de minorias ameaçadas – entre estas, indígenas e quilombolas”, diz o documento.
Os intelectuais ainda defendem “valores inegociáveis como democracia, direitos humanos e o caráter laico das instituições públicas” e destacam que o “estímulo deliberado de conflitos entre os diferentes grupos da população e o anunciado armamento da população civil vão gestando uma catástrofe humanitária de dimensões incalculáveis”.
Por fim, os cientistas pedem que o Judiciário brasileiro defenda os direitos humanos e a democracia e puna aqueles que violam esses princípios com palavras ou atos. “As forças democráticas no Brasil não podem ficar omissas”, acrescentam.
Mais de 1000 acadêmicos norte-americanos contra Bolsonaro
Na terça-feira (16) foi divulgado um manifesto assinado por acadêmicos e ativistas do Estados Unidos, que chegou a ter mais de 1000 assinaturas. O documento, intitulado “Defenda a democracia no Brasil: diga não a Jair Bolsonaro” afirma expressar “crescente alarme diante da iminente ameaça presente na eleição de Jair Bolsonaro para a presidência em 27 de outubro de 2018. Seu programa de extrema-direita radical reflete uma perigosa tendência internacional da eleição de políticos extremamente conservadores que conquistaram o poder estatal nos últimos anos.”
A petição foi endossada por acadêmicos proeminentes e estudantes das principais universidades dos Estados Unidos, como Harvard, Yale, Princeton, Brown, Stanford, Universidade de Chicago e Berkeley, representando 200 universidades em 38 estados dos Estados Unidos da Califórnia à Flórida, e do Texas ao Maine. Ativistas e brasileiros que estudam e trabalham nos Estados Unidos também apoiaram a declaração pública.
A petição conclui afirmando que as “políticas propostas por Bolsonaro poderiam significar o fim de todos os benefícios políticos, sociais, econômicos e culturais das últimas quatro décadas liderados por movimentos sociais e políticos progressistas para consolidar e expandir a democracia no Brasil”.
Da redação da Agência PT de notícias, com informações da Deutsch Welle e da Carta Maior