Conheça a história de mulheres que lutaram e foram torturadas por isso

Nesse dia Internacional em Apoio às Vítimas de Tortura é de extrema importância lembrar dessas guerreiras que combateram a ditadura militar no Brasil

Reprodução

Dilma Rousseff

Este 26 de junho é o Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1997, no mesmo dia que entrou em vigor, no ano de 1987, a Convenção contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes da qual o Brasil é signatário.

Apesar de todos os esforços para combater essa crueldade, a prisão, a tortura, o assassinato e o desaparecimento forçado ainda são registrados na história da Humanidade. No Brasil, a proibição à tortura está inclusa na Constituição Federal de 1988, e em 2011, a ex-presidenta Dilma Rousseff instaurou a Comissão Nacional da Verdade para investigar violações de direitos humanos durante a época da Ditadura Militar no país.

A história, por muitas vezes, tentou apagar a existência de mulheres que estiveram a frente de diversas lutas e sofreram consequências terríveis. A ex-presidenta Dilma Rousseff é um grande exemplo de mulher que esteve na luta contra a Ditadura Militar e por isso foi presa e vítima de torturas.

Conheça cinco mulheres que protagonizaram suas lutas e acabaram sendo vítimas de tortura no Brasil

Dilma Rousseff

A ex-presidenta iniciou sua militância aos 16 anos. Teve que viver na clandestinidade e em 1970 foi presa pela Operação Bandeirantes.

Nesse mesmo ano Dilma, que estava presa, foi submetida a torturas em São Paulo (Oban e DOPS), no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Ela foi colocada no pau de arara, sujeita a palmatória, choques e socos, o que ocasionou problemas em sua arcada dentária.

Em 2011, Dilma instalou a Comissão Nacional da Verdade, com o objetivo de apurar as violações dos direitos humanos que ocorreram no período entre 1946 e 1988, o que inclui a ditadura militar (1964-1985). No ano de 2014, a história de Dilma foi relatada à Comissão.

Maria Amélia de Almeida Teles

A feminista foi uma das criadoras do jornal “Brasil Mulher” na década de 1970. Militante do PCdoB, foi presa pela Operação Bandeirantes, onde sofreu diversas sessões de tortura pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador ídolo de Jair Bolsonaro (PSL).

Seu marido, Carlos Nicolau Danielli foi assassinado na sua frente, e constantemente seus filhos, crianças de 4 e 5 anos, eram levados para assistirem as sessões de tortura.

Amelinha, como é conhecida, relatou a Comissão Nacional da Verdade que foi submetida ao pau-de-arara, levou choques em todas as partes do corpo, além de ter sofrido violência sexual. Sua família ganhou uma ação judicial contra Ustra pelos crimes cometidos contra ela, isso fez com que ele fosse o primeiro torturador reconhecido da história da ditadura militar no Brasil, em 2008.

Iara Iavelberg

A psicóloga casou-se aos 16 anos mas se separou três anos depois, mesmo não sendo considerado adequado para uma mulher na época. Iniciou sua militância quando entrou no movimento estudantil em 1963.

Militou na Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop), na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), na VAR-Palmares e no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Durante sua prisão no regime militar, foi dito que Iara teria dado um tiro em seu peito diante da impossibilidade de fuga. É o que constava no laudo de sua morte que foi entregue a família e que posteriormente desapareceu.

Sua família jamais se convenceu de seu suicídio, e conseguiu, em 2003, iniciar um processo de investigação e exumar o corpo de Iara. Ficou concluído que a causa da morte por suicídio seria improvável, e enfim, seu corpo pôde ser retirado da ala de suicidas do cemitério judaico que estava enterrada.

Aurora do Nascimento Furtado

Estudante de psicologia, se manteve ativa no movimento estudantil. Foi a responsável pela imprensa da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, no final da década de 1960. Na época era conhecida como Lola.

Foi militante da Dissidência Estudantil do PCB, e passou a viver na clandestinidade após o AI-5. Militou também na ALN, no Rio de Janeiro, onde era responsável pela publicação do jornal Ação.

Aurora foi submetida ao pau-de-arara, a sessões de choques elétricos, espancamentos, afogamentos e queimaduras, entre outras formas de tortura. Morreu decorrente dos maus-tratos, mas em seu laudo médico dizia que ela tinha sido morta a tiros durante uma tentativa de fuga.

A real causa de sua morte foi confirmada com o depoimento do general de brigada na reserva e ex-comandante do DOI-CODI Adyr Fiúza de Castro. Durante seu depoimento ele também afirmou saber das torturas que eram praticadas no quartel, e assumiu que pela impossibilidade de interrogar Aurora nem pensou em enviá-la para um hospital, e achou melhor deixá-la morrer onde estava.

Nilda Carvalho Cunha

Estudante secundária, fez parte do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). Foi presa em 1971 e sofreu torturas físicas e psicológicas. Após ser solta passou a ter uma série de sintomas de desequilíbrio mental provocado pelas intensas torturas das quais foi vítima.

Nilda foi internada e, em 14 de novembro de 1971 morreu de maneira não explicada, já que os médicos afirmaram que ela estava melhorando. Em seu atestado de óbito consta como causa da morte “edema cerebral a esclarecer”, mas sua família suspeita de envenenamento. Uma necropsia foi feita em seu corpo mas o laudo nunca foi entregue aos seus parentes.

Que não se esqueça

Essas são algumas das mulheres que lutaram e sofreram durante a ditadura militar no Brasil, mas uma parte muito triste da história é que muitas ainda continuam no anonimato e não tiveram a chance de contar suas histórias. Por elas, e por todos as outras pessoas que tiveram suas vidas tiradas, a importância de que continue o combate à tortura.

Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT com informações de Memórias da Ditadura

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