Consciência Negra na Amazônia, por Anne Moura
Lutas, resistência e desafios interseccionais, escreve Anne Moura
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No Brasil, o Dia da Consciência Negra é uma oportunidade para refletirmos sobre as profundas raízes do racismo, e os esforços contínuos necessários para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Neste contexto, é fundamental destacar também a interseccionalidade que envolve diferentes comunidades marginalizadas, como indígenas, ribeirinhos e as periferias amazônicas, como também as mulheres negras, que são alvo principal do racismo e da misoginia.
O papel das mulheres negras é fundamental nessa jornada pela equidade. Elas são a fonte primária dessa luta e enfrentam desafios únicos, combinando as barreiras do racismo e do sexismo. No entanto, é também através de suas vozes e liderança que vemos uma força inspirada na busca por justiça social.
A luta antirracista é uma batalha contínua que exige atenção e ação coletiva. Neste dia, reafirmamos nosso compromisso em combater o racismo em todas as suas formas, compreendendo que a discriminação vai além da cor da pele e afeta diversas camadas da sociedade. Este é um dia para reiterar o nosso compromisso com a erradicação do racismo em todas as suas formas, promovendo um futuro onde a diversidade seja verdadeiramente respeitada e valorizada.
O combate ao racismo no Brasil ainda tem muito a avançar. Este ano tivemos significativas conquistas, como a criação do Ministério da Igualdade Racial, e recentemente, a Lei de Cotas aprovada que assegura direitos para estudantes de baixa renda, pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência. Agora precisamos continuar lutando para que o Estatuto da Igualdade Racial, destinado para garantir à população negra a efetivação de igualdade de oportunidades e a defesa dos direitos étnicos individuais e coletivos, bem como, garantir o combate à discriminação e ao preconceito seja cumprido.
O Amazonas foi o segundo estado a abolir a escravidão no país, mas ainda precisa de fato de representantes interessados na luta antirracista. O que pra gente vai além da conscientização sobre a herança escravagista, mas se estende às questões ambientais e sociais que afetam diretamente nossas comunidades. O desmatamento, a perda de terras tradicionais e a falta de acesso aos serviços básicos são desafios enfrentados diariamente, intensificando as disparidades existentes.
A data de 20 de novembro, criada em homenagem a Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, celebra a história, a resistência e a busca por igualdade da população brasileira. Uma luta que não é apenas por respeito, mas por mais espaço e representatividade política, por acesso à educação, saúde e visibilidade artística e cultural.