CPI do Carf pede quebra de sigilo do presidente da Mitsubishi no Brasil

Empresa contratou consultoria investigada pela Operação Zelotes por pagamento de propina

Brasília- DF 09-07-2015 Presidente da Mitsubishi, Robert Rittscher durante depoimento a CPI do CARF. (Foto: Lula Marques/AgênciaPT)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga denúncias de ilegalidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) ouviu, nesta quinta-feira (9), o presidente da Mitsubishi do Brasil, Robert Rittscher.

Os senadores pretendiam apurar se houve irregularidades na decisão do Carf de reduzir uma dívida da empresa de R$ 266 milhões para menos de R$ 1 milhão. A Mitsubishi contratou a empresa Marcondes & Mautoni como consultora para este processo.

De acordo com Rittscher, a Mitsubishi pagou mais de R$ 40 milhões para a Marcondes & Mautoni por serviços prestados. A consultora é alvo da Operação Zelotes, da Polícia Federal, como uma das intermediárias no pagamento de propinas para funcionários do Carf.

Segundo o senador José Pimentel (PT-CE), e-mails entre os investigados por envolvimento na fraude apontam que as negociações como se fossem disputas de futebol.

“Esse grupo gosta muito de futebol. O linguajar dele é Brasília versus Goiás. Goiás ganhou de tanto, Brasília perdeu de tanto. Aqui há um conjunto de meios que não é da empresa (Mitsubishi). Esse é um linguajar utilizado entre os vários autores que atuaram dentro do Carf e que fizeram parte dessas tratativas”.

A CPI vai solicitar a quebra dos sigilos telefônico e telemático de Rittscher, a ser votado na próxima reunião do colegiado. “É muito difícil acreditar que ele não possui nenhuma relação com alguns dos investigados na Zelotes”, afirmou a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), que é relatora da Comissão.

O colegiado também aprovou o requerimento de Pimentel para a convocação do ex-presidente do Carf, Otacílio Cartaxo. Também terão que prestar esclarecimentos o presidente do Conselho de Administração da Engevix Engenharia, Cristiano Kok e o executivo-chefe da Huawei do Brasil, Jason Zhao.

A CPI também aprovou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Leonardo Manzan, Adriana Ribeiro, Gegliane Pinto, Paulo Cortez e Jorge Victor Rodrigues. A Receita Federal terá de informar a lista de empresas das quais participam como sócios.

A suspeita é de que participassem do esquema de propina, pois atuaram como conselheiros ou consultores do Carf.

Ford – A CPI decidiu suspender o depoimento do presidente da Ford, Steven Armstrong, previsto para esta quinta. De acordo com Graziottin, a empresa receberá uma lista com questionamentos e, só depois de respondidos, os parlamentares decidirão sobre a necessidade de depoimento. Segundo Pimentel, a Ford teria sido vítima de uma tentativa de achaque que custaria bilhões à empresa.

Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias

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