Crise e retrocessos: três anos do afastamento de Dilma Rousseff
Povo é o que mais sofre com esse projeto de destruição do país, que começou com o afastamento de uma presidenta legítima e passou pela prisão política de Lula
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Neste 12 de maio de 2019, completa-se três anos que a ex-presidenta Dilma Rousseff, eleita democraticamente com mais de 54 milhões de votos, foi afastada de seu cargo por um processo fraudento no Senado Federal, que acarretou no início de um projeto de destruição do Brasil, com o golpe em agosto de 2016.
O projeto desse golpe foi mais além e impediu que Luiz Inácio Lula da Silva concorresse nas eleições presidenciais de 2018. Desde o dia 7 de abril o ex-presidente é mantido como preso político na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, condenado em um processo sem provas, perseguido por juízes e procuradores com claras intenções políticas.
O afastamento de Dilma, culminou no governo ilegítimo de Michel Temer, que atacou direitos sociais garantidos pela Constituição de 1988 e até mesmo a CLT de Getúlio Vargas, além de entregar as riquezas naturais e as principais estatais do país, minando a soberania nacional. Depois disso, Jair Bolsonaro (PSL) assumiu para dar continuidade aos ataques que Temer começou e já se mostra um inimigo declarado dos direitos do povo brasileiro.
Confira os principais retrocessos para o povo brasileiro desde que Dilma Rousseff foi afastada da presidência:
Economia
Com um desempenho pífio na economia, o Brasil do golpista Temer fechou o ano de 2017 com um PIB de apenas 1%, puxado pelo bom momento das exportações e pelo crescimento do consumo das famílias reforçado pela liberação do FGTS, mas o volume total de investimentos voltou a registrar queda pelo quarto ano consecutivo (-1,8%) o que derrubou a taxa de investimento como proporção do PIB a 15,6%, a mais baixa da série histórica iniciada em 1996.
A taxa média anual de desemprego no Brasil subiu de 11,5% para 12,7% entre 2016 e 2017, agora com Bolsonaro o desemprego já atinge 13,4 milhões de brasileiros.
A economia brasileira vive um ciclo de estagnação. A renda do brasileiro diminuiu e não consegue se recuperar sem políticas eficientes para a retomada de crescimento do Produto Interno Bruto. Com isso, o consumo das famílias – responsável por 60% do PIB, também cai e, portanto, não há expectativa de melhora.
Volta da fome
Logo nos primeiros dias de governo, Jair Bolsonaro acabou com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), por meio da Medida Provisória 870. O órgão era responsável por elaborar políticas de combate à fome. A extinção arbitrária torna-se ainda mais equivocada considerando que a fome está de volta no Brasil. Foi o que apontou o relatório “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018”, divulgado em novembro do ano passado, por instituições ligadas ao sistema da Organização das Nações Unidas (ONU)
O Brasil foi retirado do “Mapa da Fome”, elaborado pelo órgão da Agricultura e Alimentação (FAO) da ONU, em 2014. Antes dos governos petistas, 18,8 milhões de brasileiros sofriam com a fome. Os 13 anos de governos Lula e Dilma não apenas garantiram acesso de milhões de brasileiros à comida, mas também à alimentação saudável. O resultado disso é que, após séculos de descaso, o Brasil havia saído do Mapa.
Retirada de direitos trabalhistas
Com o apoio do então deputado federal Jair Bolsonaro, Temer aprovou a Reforma Trabalhista, em 2017, sob a justificativa de que era preciso modernizar as relações de trabalho e com a promessa de gerar 2 milhões de novos empregos. Entretanto, no final de 2018, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que o golpista não chegou nem perto. Foram criadas pouco mais que 290 mil vagas com carteira assinada.
O aumento da informalidade, as altas taxas de desemprego e a “pejotização” do trabalho impactaram negativamente inclusive na arrecadação da Previdência Social. O estudo “Previdência x Providência”, dos pesquisadores José Roberto Afonso e Juliana Damasceno de Sousa, aponta uma forte evasão dos salários maiores do caldeirão de contribuições para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Aumento do desemprego
O Brasil ostenta hoje a marca de 13 milhões de pessoas desempregadas, com um acréscimo de 892 mil brasileiros nos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro. O atual presidente prometeu, durante o período eleitoral, que criaria 10 milhões de vagas. Não o fez e agora condiciona a criação de empregos à aprovação do fim da aposentadoria.
Para o cientista social Rodrigo Marcelino, a reforma da Previdência proposta por Bolsonaro possui uma série de impactos negativos, dentre os quais está a ameaça de redução no número de postos de trabalho. A aposentadoria é a principal fonte de renda de muitas famílias brasileiras. Com o desmonte do sistema previdenciário, o poder de compra das famílias despenca, o que faz diminuir a geração de renda e, ao longo prazo, a oferta de emprego.
Bolsa família: alvo de demagogia e desmonte
Embora faça demagogia com o Bolsa Família, Bolsonaro se somou à Temer na investida de desmonte do programa de distribuição de renda. Em seu primeiro mês de gestão, o atual presidente cortou 381 mil benefícios e descartou reajustar os valores pagos para famílias de baixa renda.
Temer foi autor de corte recorde na história do programa. Entre julho de 2014 e julho de 2017, houve uma redução de 1,5 milhões de bolsas pagas. O resultado foi que, em março de 2017, a ONU registrou que o Brasil caiu 19 posições no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Mais Médicos sob ataque
O programa Mais Médicos, criado em 2013 pela presidenta Dilma Rousseff, garantiu atendimento médico pela primeira vez para ao menos 700 municípios, que até então estavam escamoteados. Durante cinco anos, 20 mil médicos cubanos atenderam mais de 110 milhões de pacientes. Os números não foram suficientes para que Bolsonaro não atacasse o programa e, consequentemente, garantisse saúde pública para brasileiros que moram nos grilhões do país. Os cubanos se retiraram do Mais Médicos após ataques preconceituosos do atual presidente. Do total de brasileiros que entraram na sequência, para substituir os cubanos, 15% desistiram em seguida.
Minha casa Minha Vida sem investimentos
Temer iniciou o desmonte: em 2017, somente 9% dos valores previstos para o Minha Casa Minha Vida foram investidos. A redução afetou os mais pobres, beneficiários da faixa 1 do programa. Bolsonaro segue o mesmo receituário. Em seus primeiros meses de governo, colocou o programa e 50 mil empregos em risco, ao atrasar repasses que somam R$ 450 milhões para as construtoras. Em decorrência, os empresários do setor dizem que vão dispensar até 50 mil trabalhadores.
Desde a criação do Minha Casa Minha Vida, milhões de moradias foram construídas para abrigar milhões de famílias que não tinham um lar. De 2009 a 2014, durante as gestões petistas, foram 6,8 milhões de beneficiários e 1,7 milhão de moradias entregues – mais 1,7 milhão que estavam em construção – em mais de 5.288 municípios.
Sucateamento da saúde pública
A PEC do Teto de Gastos aprovada por Michel Temer desenhou um cenário de precariedade e subfinanciamento para a saúde pública no Brasil. Ao congelar as despesas por 20 anos, o ex-presidente golpista sentenciou de morte um direito fundamental da população. E Bolsonaro não quer fazer diferente. Seu ministro da Economia, Paulo Guedes, quer aprovar um projeto de desvinculação orçamentária que acaba com os investimentos obrigatórios em saúde e educação.
Isso representa o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), referência mundial saúde pública. O Balanço de 100 dias de Bolsonaro explica que, se não houvesse a vinculação do orçamento, o valor aplicado no SUS entre 2000 e 2017 não chegaria a 40% do que foi investido nesse período. Isso significa que o Sistema seria equivalente a 1/3 do que é hoje.
Educação fora da lista de prioridades
Desde o golpe que destituiu Dilma da Presidência da República, uma série de medidas que contribuem com a precarização do ensino público estão sendo tomadas. A PEC do Teto de Gastos também compromete seriamente a pasta. Além disso, em novembro de 2016, Michel Temer sancionou a Lei 13.365/2016, que revoga a obrigatoriedade da participação da Petrobras na exploração do petróleo da camada pré-sal. A medida impacta diretamente os recursos da estatal que têm que ser destinados para educação e saúde.
Atualmente, Jair Bolsonaro vem atacado a educação pública no Brasil, com diversos cortes que prejudicam todos os estudantes e trabalhadores da área.
Da Redação da Agência PT de Notícias