‘Deflação’ só chega para famílias com renda acima de oito salários mínimos
Índice da Fipe que mede a inflação na cidade de São Paulo registrou alta de 0,44% na inflação para a faixa de até três pisos. Apenas gasolina, etanol e luz baixaram em julho
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Se a sua família tem renda mensal abaixo de oito salários mínimos (R$ 9.696), não há motivos para comemorar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de -0,68% em julho, porque muito provavelmente isso não fez nem fará diferença no seu dia a dia. É o que aponta o IPC FX, índice da Fundação Instituto Pesquisas Econômicas (Fipe) que mede a inflação na cidade de São Paulo por faixa de renda.
Conforme os pesquisadores da instituição, a decantada “deflação” nos preços ao consumidor registrada em julho beneficiou apenas famílias com renda mensal acima de oito salários mínimos (R$ 9.696). Para estas, o IPC recuou 0,11%, influenciado pela redução dos preços de itens como gasolina, etanol e energia elétrica.
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Já para as famílias com renda de 1 a 3 salários mínimos (até R$ 3.636,01), o índice de preços da Fipe registrou alta de 0,44% no mês passado. As do patamar intermediário (faixa de R$ 3.636,01 a R$ 9.696) amargaram uma inflação de 0,17%. Essa diferença ocorre devido ao perfil de consumo das famílias, que varia conforme a renda.
Enquanto consumidores de maior renda têm gastos maiores com transporte, saúde e educação, entre os mais pobres, as despesas estão mais concentradas em alimentação e habitação (66% do gasto). No sentido contrário da gasolina, por exemplo, o leite longa vida deu uma contribuição positiva de 0,29 ponto percentual para a inflação na primeira faixa de renda e de apenas 0,05 ponto para quem recebe mais de oitos salários mínimos.
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“Combustíveis têm um peso muito grande para essa faixa mais alta” explica em reportagem da Folha de São Paulo o coordenador dos índices ligados ao IPC-Fipe, Guilherme Moreira. “Quando cai a gasolina e o etanol, praticamente não afeta o índice de inflação de quem ganha até três salários mínimos, porque eles não têm carro próprio, mas afeta muito a de quem ganha mais de oito mínimos”, compara o economista.
“Por outro lado, a inflação de alimentos é o dobro da acumulada no índice geral e continua subindo muito. Na faixa de até três salários, praticamente um terço (do índice) é alimentação em domicílio”, complementa Moreira.
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O pesquisador ressalta que o efeito da redução de preços dos combustíveis ainda não se refletiu completamente no índice de inflação da Fipe, pois as reduções de ICMS e na Petrobras ocorreram ao longo de julho. A expectativa é de que ainda haja algum efeito para baixo nos dados de agosto para as famílias mais ricas. As mais pobres, no entanto, deverão continuar sofrendo com a carestia dos alimentos, “legado” da completa negligência do desgoverno Bolsonaro com a segurança alimentar da população.
Da Redação