Degradação da Amazônia cresce 675% em agosto; desmatamento sobe 63%

De acordo com estudo que utiliza sistema integrado de satélites, 922 km² de floresta da Amazônia Legal ou pegaram fogo ou caíram com a extração de madeira

Victor Moriyama / Greenpeace

Em 2019, a Amazônia foi devastada por inúmeras queimadas

Os índices de desmatamento na Amazônia seguem em alta. Em agosto desse ano, foram detectados 886 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, de acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). Em comparação com o mesmo mês no ano anterior, esse número representa aumento de 63%. Em 2018, foram registrados 545 quilômetros quadrados de devastação. O aumento tem sido constante, com ampliação significativa resultado das políticas do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Os dados são ainda mais alarmantes quando as queimadas e extrações seletivas de madeira são levadas em conta, em um índice chamado de “degradação”. Nesse cenário, foram computados 922 quilômetros quadrados, aumento de 675% em comparação com agosto do ano anterior, que registrou 19 quilômetros quadrados. Destaque negativo para o estado do Mato Grosso, que contabiliza 45% do total, e do Pará, com 42%.

O órgão responsável por analisar os dados do SAD é o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Eles explicam a diferença entre os dois índices: “Caracteriza-se desmatamento como o processo de destruição total e permanente de uma área verde. Na maioria das vezes, essa floresta é convertida em áreas de pasto. Já a degradação é caracterizada pelo corte raso e seletivo das árvores, normalmente para fins de comercialização da madeira. Outros exemplos de degradação são os incêndios florestais, muitas vezes usados para abertura de clareiras”.

Piores cenários

Neste mês, 48% do desmatamento na Amazônia ocorreu em áreas públicas ou privadas em diferentes estágios de posse. Em sequência, 23% foram em assentamentos, 20% em unidades de conservação e 9% em terras indígenas. Os municípios que mais desmataram foram Altamira e São Félix do Xingu, ambos no Pará. Apenas neste municípios foram desmatados 92 e 60 quilômetros quadrados respectivamente.

A partir de agosto, o SAD começou a medir o desmatamento no Maranhão, o que não fazia até então. Entretanto, os números apresentados não contabilizam a devastação no estado, para não prejudicar a comparação. Os dados para a unidade nordestina serão apresentados à parte. Foram detectados sete quilômetros quadrados na Amazônia maranhense, que representa 24% do território.

O sistema

O Imazon realiza o trabalho de monitoramento e divulgação do desmatamento na Amazônia há mais de uma década. “O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) é uma ferramenta de monitoramento, baseada em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon para reportar mensalmente o ritmo do desmatamento e da degradação florestal da Amazônia. Operando desde 2008, atualmente o SAD utiliza os satélites Landsat 7 (sensor ETM+), Landsat 8 (OLI), Sentinel 1A e 1B, e Sentinel 2A e 2b (MSI) com os quais é possível detectar desmatamentos a partir de 1 hectare mesmo sob condição de nuvens”, explicam.

Por Rede Brasil Atual

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