Dia de resistência em Curitiba termina com emocionante mensagem de Lula

Aniversário de companheiro atingido em ataque torna-se dia de luta na véspera de um Primeiro de Maio histórico e marcado pela chegada de centenas de caravanas

Ricardo Stuckert

Ato político com a presidenta do PT e senadora Gleisi Hoffmann, a senadora Vanessa Grazziotin e o senador Lindbergh Farias na Vigília Lula Livre, em Curitiba

Poucos minutos antes do covarde ataque ao acampamento Marisa Letícia em Curitiba, próximo à esquina democrática da Vigília Lula livre e ao prédio da Superintendência da Polícia Federal onde o ex-presidente é mantido como preso político, Jeferson Lima de Menezes havia solicitado a alguns companheiros e companheiras que estavam na região que se recolhessem.

Todos se emocionam ao pensar nas dezenas de vidas que o gesto simples salvou, especialmente ao lembrar que, no dia de seu aniversário de 39 anos, Jefferson se recupera no hospital de um tiro que atingiu seu pescoço.

Desde a manhã, foram muitas as homenagens a ele, à sua militância e de repúdio ao ódio que motivou tal gesto. “Jefferson salvou muitas vidas naquele acampamento”, afirmou à imprensa Felix de Barros, diretor da Federação dos Trabalhadores de Transporte do Estado de São Paulo. “Jefferson compreende a luta e o avanço de classes nos governos Lula, por isso está aqui. Ele veio para cá para se dar ao povo, deixando a família em São Paulo. É triste que uma pessoa que veio se doar para o povo quase tenha perdido a vida”, afirmou. “Atiraram em um sindicalista que representa mais de 20 mil pessoas no ABC. Quem quer calar a voz do trabalhador? A nossa democracia?”

Cantos de “Parabéns a você” ecoaram por todos os cantos da vigília Lula livre e do acampamento Marisa Letícia, tomado pela emoção com a chegada de uma mensagem ditada pelo ex-presidente Lula a seu advogado e assinada de próprio punho. Uma carta lida pela senadora e presidenta do PT Gleisi Hoffmann retratando a solidariedade e o sofrimento de Lula diante da perseguição contra ele e contra aqueles que seguem a seu lado:

“Fiquei indignado com mais este ataque aos companheiros e companheiras que lutam pela justiça em nosso país. Quero mandar um abraço de solidariedade ao Jeferson, à Márcia, às famílias e aos amigos que sofreram junto com eles. Eu também sofri.

Não sabemos ainda quem atirou contra vocês, mas sabemos que o gatilho foi preparado pelas forças que disseminam o ódio e a violência política em nosso país. As mesmas que provocaram a morte de Marielle e Anderson.

Tenho quase 50 anos de militância política e nunca vi nada semelhante ao que está acontecendo no Brasil, desde que reconstruímos a democracia em 1988.

Diariamente, a Rede Globo envenena o país com mentiras sobre o PT, os companheiros da esquerda e dos movimentos sociais. E censura as notícias sobre a violência praticada contra nós.

Fiquem sabendo que continuamos juntos, resistindo, porque estamos numa causa justa, pela democracia, pelos direitos do povo e por um país mais justo.

Um abraço fraterno do companheiro”

Luiz Inácio Lula da Silva 

Apresentação de “O Processo”, documentário dirigido por Maria Augusta Ramos, que mostra os bastidores do processo do Golpe de 2016. A exibição aconteceu durante a noite desta segunda-feira (30) na Praça Santos Andrade, em Curitiba

Um dia que contou com a presença de inúmeros deputados federais, estaduais, vereadores e senadores, foi definitivamente marcado pela chegada de centenas de militantes de vários estados do país, na expectativa da realização de atos históricos neste Primeiro de Maio.

Peças de teatro improvisadas, blocos de carnaval, discursos emocionados e muitos debates espontâneos tomaram as ruas do entorno do prédio da Polícia Federal, onde também aconteceram atos com juristas de renome internacional e de coletivos de mulheres.

Desse total, mais de 200 homens e mulheres seguiram para o centro da capital paranaense para atos de panfletagem e mobilização ao longo da tarde. As centenas de pessoas seguiram então, no final da tarde, para um ato na Praça Santos Andrade para a estreia da Mostra de Cinema pela Democracia em Curitiba.

Um telão inflável que viajou do Acre de ônibus foi erguido para a exibição de “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, vencedor da competição internacional de documentários Visions du Réel, em Nyon, na Suíça, e escolhido pelo público como o terceiro melhor da mostra Panorama, do Festival de Berlim.

A mostra é uma iniciativa de produtores, cineastas, técnicos e artistas unidos na luta pela democracia. Com a exibição, uma forma de resistência pela arte tornou clara, nas palavras da senadora Gleisi, os motivos por trás do golpe que tirou do país não só sua presidenta legitimamente eleita, mas todos os direitos que, desde então, têm sido sumariamente atacados.

Para realizar o documentário, a diretora reuniu quase 500 horas e filmagens no Congresso Nacional, entre entrevista, sessões e reuniões.

A boa recepção do filme no centro de Curitiba não foi novidade para quem segue de perto o dia a dia do acampamento Marisa Letícia. Na noite de domingo, uma exibição de “Lula, O Filho do Brasil” já emocionara e causara bons debates entre os companheiros e companheiras que dormem sob o céu de Curitiba inspirados pelo brilho de uma estrela.

Da Redação da Agência PT de Notícias, de Curitiba

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