Dilma: arquitetura financeira mundial restringe desenvolvimento dos países mais pobres

No “States of the Future”, evento paralelo do G20, presidenta do Banco dos Brics criticou dependência do dólar e pregou reforma da governança global para melhorar condições de financiamento internacional

Reprodução / vídeo G20

Dilma: hegemonia do dólar no comércio mundial cria barreiras para o crescimento econômico e a reindustrialização de países em desenvolvimento

“Há uma dicotomia, que é o fato de o dólar ser uma moeda doméstica, nacional, e cumprir um papel de reserva internacional”, afirmou, na segunda-feira (22), Dilma Rousseff, presidenta do Banco dos Brics, na abertura do “States of the Future”, evento paralelo do G20 realizado no Rio de Janeiro. O encontro se estende até sexta-feira (26) e discute um modelo de Estado voltado para o desenvolvimento sustentável e socialmente justo.

A ex-presidenta da República criticou o modelo de financiamento internacional vigente. Segundo ela, a hegemonia do dólar no comércio mundial cria barreiras para o crescimento econômico e a reindustrialização de países em desenvolvimento, como as altas taxas de juros e a dívida pública crescente. Essas dificuldades restringem investimentos em áreas como saúde, educação, infraestrutura e adaptação climática.

Leia mais: Sob comando brasileiro, G20 fortalece agenda global de combate às desigualdades

Mudança na governança global

Dilma defendeu uma mudança na estrutura econômica mundial, afirmando que “o Brasil não pode se manter como mero exportador de commodities e mero consumidor dos benefícios da 4ª Revolução Industrial”. Ela sustentou a criação de arranjos monetários regionais e o uso de divisas digitais para aumentar a capacidade de financiamento em moeda local, reduzindo a dependência do dólar. A reforma da governança global é um dos eixos da presidência brasileira do G20, e vem sendo constantemente defendida por Lula.

Rousseff também criticou o preconceito contra a atuação do Estado, imposto pelo pensamento neoliberal dominante, lembrando que as economias desenvolvidas pregam a minimização do seu papel, mas recorrem à ajuda do mesmo Estado para promover a industrialização.

Ao final do discurso, a presidenta do Banco dos Brics enfatizou a necessidade de intervenção política na gestão da inteligência artificial. E defendeu a atuação da ONU como gestora de uma regulação internacional, garantindo o uso da tecnologia de forma justa e inclusiva.

“O Brasil tem saudades de Dilma”

Além de Dilma Rousseff, o “States of the Future” contou com a participação de diversas personalidades políticas, como Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e ex-Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, e Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, também participou do evento. Ele reforçou as palavras de Dilma, elogiando sua atuação à frente do Banco dos Brics e destacando a importância da instituição como parceira do BNDES na promoção do desenvolvimento sustentável. Mercadante aproveitou para dizer que o Brasil sente falta da liderança da ex-presidenta da República. Nesse ponto, vale lembrar que ela foi arrancada do poder por meio de um golpe parlamentar de Estado, orquestrado por Michel Temer, seu vice à época. Essa criminosa manobra política levou a uma profunda crise econômica e de valores no país, culminando na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.

Leia maisMercadante: crises globais exigem novas relações entre Estado e mercado

O “States of the Future” continua até a próxima sexta-feira (26), abordando temas como a economia verde, a segurança alimentar e a mitigação das mudanças climáticas. O fórum é essencial para a discussão de políticas de desenvolvimento sustentável e justiça social, visando a construção de um futuro mais equitativo e próspero para todos.

Da Redação

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast