Eleição de jovens, negras e mandato coletivo aponta renovação nos quadros do PT
Além de eleger representantes da juventude petista e da militância negra para câmaras municipais pelo país afora, o partido continua a ter a maior bancada em São Paulo e uma das maiores no Rio. Legenda elegeu 2.665 vereadores e vereadoras, incluindo jovens que ingressaram agora na política e mais ativistas LGBTQ
Publicado em
O PT elegeu um total de 2.665 vereadores e vereadoras em todo o país nas eleições municipais de 15 de novembro, de acordo com os dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram quase 6 milhões de votos obtidos em todo o país pelas candidaturas proporcionais petistas. Apesar de ter feito um número menor de representantes nas câmaras municipais em comparação às eleições de 2016, o partido se destacou na renovação dos seus quadros, com a eleição de jovens políticos e também de candidaturas negras pelo país afora.
Exemplo dessa renovação é a petista Bia Caminha, 21 anos, a vereadora mais jovem eleita em Belém. Negra, feminista e bissexual, como ela mesma se define, Bia é estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Pará, onde é coordenadora do DCE , além de diretora da UNE e vice-presidenta do PT Pará. Ela obteve mais de 3 mil votos na eleição municipal na capital paraense, é um dos símbolos de renovação das lideranças e de atuação política da juventude petista.
De acordo com dados da Secretaria Nacional de Juventude do PT foram eleitos 569 vereadores e vereadoras com menos de 35 anos. Somente em cidades que tem segundo turno, o partido elegeu as estreantes Laura Sito, Carol Dartora, Camila Jara, Duda Hidalgo, Fernanda Curti, Paolla Miguel, Karla Coser, Dandara, Laiz Perrut, Moara Sabóia, Flávia Hellen, Brisa Brachi e Bia Caminha. E de todas elas, apenas Carol Dartora não participou do Representa, projeto formulado pela JPT e aprovado pelo Diretório Nacional do PT, com investimento político e financeiro do conjunto do partido.
Jovens, negras e mandatos coletivos
Casos como o de Bia comprovam avanços na ampliação da representação racial nos legislativos municipais. O PT, que durante a pré-campanha eleitoral investiu no estímulo às candidaturas de negras e negros, fez história ao eleger as primeiras vereadoras negras em cidades como Curitiba e Joinville, no Sul do país.
Em Curitiba, o partido elegeu a professora e historiadora negra Carol Dartora, que foi a terceira candidata mais votada da capital paranaense. E, em Joinville, foi eleita outra mulher negra e militante combativa, Ana Lúcia Martins. A mídia nacional e internacional destacou o fato dela ter virado vítima de violentas ameaças racistas que recebeu logo após a confirmação da vitória. Ana Lúcia recebeu o apoio e a solidariedade de todas as instâncias do PT e de várias organizações da sociedade civil que denunciaram mais uma vez o racismo estrutural existente no Brasil.
Outra inovação nas eleições proporcionais em 2020 foram os mandatos coletivos, onde diferentemente da disputa tradicional em que o cargo é ocupado por apenas um parlamentar, neste caso várias pessoas podem se alternar em uma mesma cadeira da Câmara Municipal. É o caso do Coletivo Nós, formado por jovens petista em São Luís do Maranhão, e que saiu vitorioso na eleição da capital maranhense. Os militantes Jhonatan Soares, Flávia Almeida Reis, Delmar Matias, Eunice Costa, Maria Raimunda e Eni Ribeiro, que moram na área rural e na periferia da cidade, decidiram formar o coletivo para dar mais visibilidade na política municipal à população dessas regiões.
Em Florianópolis, a primeira e segunda suplências para a Câmara Municipal também ficaram com os coletivos Mulheres pela Educação e o de Saúde, respectivamente. Além dessas outras experiências de candidaturas coletivas foram feitas por petistas, inclusive quatro de coletivos LGBT.
São Paulo e Rio
Na capital paulista, o PT voltou a se destacar na eleição para vereador e se manteve entre as duas maiores bancadas da Câmara Municipal com oito parlamentares, ao lado do PSDB. O vereador Eduardo Suplicy foi reeleito como o vereador mais votado da cidade, com 167.427 votos. Além de Suplicy vão compor a bancada petista os vereadores Donato, Juliana Cardoso, Jair Tato, Alfredinho, Arselino Tatto, Senival Moura e Alessandro Guedes.
No Rio de Janeiro, o PT elegeu três representantes na Câmara Municipal e será uma das maiores bancadas. E entre os três está a estreante Tainá de Paula que recebeu 24.881 votos. Mulher negra, arquiteta e urbanista, ativista das lutas urbanas na capital fluminense, ela também foi um dos destaques na renovação promovida pelo PT na eleição deste ano.
Ex-senador e ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh Farias foi o vereador mais votado do PT e o nono da capital fluminense com um total de 24.912 votos, depois de enfrentar uma campanha difamatória por meio de fake news divulgadas contra a sua candidatura. Lindbergh aguarda ainda julgamento de recurso no TSE contra uma decisão do TRE-RJ que impugnou a sua candidatura. “É uma condenação por suposta promoção pessoal, pelo uso de um sol como marca, em minha gestão enquanto Prefeito do Município de Nova Iguaçu. Não houve nenhum dano ao erário público”, afirmou, em nota, antes da eleição.
Da Redação