Em Curitiba, ato protesta contra a fome e violência contra as mulheres

Manifestação das mulheres denunciou o crescimento do número de casos de violência doméstica e o aumento da fome e do desemprego, que afetam diretamente as mulheres chefes de família

Juliana Barbosa

Manifestação contra a fome, desemprego e violência contra a mulher

Para marcar o “Dia Internacional de Combate a Violência Contra as Mulheres”, 25 de novembro, coletivos e movimentos sociais realizaram marcha em Curitiba, na tarde desta quinta-feira. A marcha fez parte das atividades da semana de mobilização, que tem como lema “Mulheres pela vida, semeando resistências, contra a fome e as violências”.

Com ossos de boi nas mãos, cartazes, panfletos, faixas e palavras de ordem “Fora Bolsonaro”, o grupo de mulheres denunciou o crescimento do número de casos de violência doméstica e o aumento da fome e do desemprego, que afetam diretamente as mulheres chefes de família.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), durante a pandemia os casos de violências contra a mulher aumentaram em 20% dos municípios. No Paraná, o número de inquéritos de casos de feminicídio cresceu 8%, violência que está conectada ao aumento da fome e desemprego.

Durante a marcha, Laudy Gomes, cantora e compositora, integrante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), emocionou as pessoas presentes ao falar sobre a violência contra as mulheres negras. “Estou aqui hoje representando a mulheres negras da periferia que ainda continuam em luta, vivendo um dia de cada vez para alimentar seus filhos que os pais deixam e se vão. Estamos cansadas de vermos nossas companheiras sendo mortas por homens machistas”. E ressaltou, “mulheres não são objeto”.

A advogada Ana Paula Hupp, integrante do Setor de Direitos Humanos do MST e uma das organizadoras da ação, lembra que o Brasil está entre os cinco países mais violentos para as mulheres. “Estamos nos mobilizando para denunciar esta realidade, mas também mostrar que estamos em resistência, e é nessa resistência que temos construído outras relações, outras vivências, outro mundo possível, um mundo em que todas as pessoas possam viver com respeito e dignidade”, afirmou.

Marilda Ribeiro da Silva, integrante da Marcha Mundial das Mulheres, recordou que as mulheres trabalhadoras sempre estiveram em marcha, pelo direito à vida sem violência, “uma vida com dignidade, e contra a fome e a miséria”. Ressaltando que neste momento, com o governo do Bolsonaro, todas as mulheres estão sofrendo um grande retrocesso inclusive para o país, “com grande aumento da fome e da miséria que atinge diretamente a vida das mulheres. E por isso não podemos ficar fora das ruas e gritar fora Bolsonaro e lutar pelos direitos da vida das mulheres, de políticas públicas que garantam a vida digna das mulheres”, enfatizou.

Além da caminhada, 3 mil marmitas foram produzidas e doadas a pessoas em situação de rua e moradoras de comunidades da periferia da cidade

Solidariedade

Além da caminhada, 3 mil marmitas foram produzidas e doadas a pessoas em situação de rua e moradoras de comunidades da periferia da cidade, na quarta e na quinta-feira – na praças Rui Barbosa e Tiradentes, na Vila Formosa, em comunidades da CIC, Parolin, na Vila Joanita (Tarumã), Vila Pantanal (Boqueirão) e na comunidade Nova Esperança, município de Campo Magro. A mobilização também incentiva a doação de sangue no Hemepar, que está ocorrendo desde segunda e segue até esta sexta, 26.

A ação foi organizada pelo coletivo Marmitas da Terra, Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Liga Brasileira de Lésbicas, Frente Feminista de Curitiba e RM, Rede Mulheres Negras, APP Sindicato, Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná (SindiEdutec), Central Única dos Trabalhadores (CUT), CFC Coletivo Feminista Coritibano, União Brasileira de Mulheres (UBM), FETEC, Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e mandatos das vereadoras Josete e Carol Dartora (PT).

A semana de mobilização segue com a campanha de doação de sangue e com o mutirão de trabalho nas hortas de solidariedade do Assentamento Contestado, Lapa, neste sábado.

A marcha começou na praça Santos Andrade e seguiu caminhada até a Boca Maldita. Durante o curto percurso, as mulheres sofreram diversos tipos de assédio que tentavam descredibilizar seus discursos.

Origem da data

O Dia Internacional de Combate a Violência Contra as Mulheres foi instituído em 1999, pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A data homenageia as “Mariposas”, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que foram brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana, por combaterem a ditadura no país, em 1960.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% de todas as mulheres do planeta já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência em, pelo menos, um momento de suas vidas — independente de nacionalidade, cultura, religião ou condição social.

Como procurar ajuda em caso de emergência

Em caso de urgência, ligue 180 ou 190. Em Curitiba, a Casa da Mulher Brasileira é o principal equipamento público que atua com rede de proteção e atendimento humanizado às mulheres que foram vítimas de violência. Está localizada na Av. Paraná, 870, no Cabral.

Da Redação, com Comunicação do MST e organização da manifestação “Mulheres pela vida, semeando resistências, contra a fome e as violências”

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