Em Curitiba, bolsonarismo tenta calar jovem vereador negro
Vereadores governistas atacam vereador petista por denunciar “tratamento precoce”, fake news sobre a pandemia e criticar projeto que pretende proibir distribuição de alimentos para pessoas em situação de rua
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Em uma ação política antidemocrática e intolerante, quatro vereadores da Câmara Municipal de Curitiba entraram com representação no Conselho de Ética contra o vereador Renato Freitas (PT). Para o mandato de Freitas, trata-se de uma evidente tentativa de censura ao parlamentar e às pautas que ele defende.
O pedido de cassação do mandato foi realizado após discussões no plenário da Câmara sobre o tratamento precoce contra a Covid-19 (kit Covid) e sobre as verbas destinadas a ações públicas por parte do Estado em comunidades terapêuticas, que passaram de R$ 153,7 milhões, em 2019, para R$ 300 milhões em 2020. Para o vereador, o vínculo com determinadas igrejas que também distribuem R$ 50 de auxílio emergencial no Paraná está aparelhando o Estado.
“Mais importante do que financiar comunidades terapêuticas com o dinheiro do Estado, é investir em políticas de fortalecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), visto que são unidades ligadas ao SUS, e trabalham com respaldo científico, amparados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em transtornos relacionados ao uso abusivo de álcool e outras substâncias psicoativas, defende Freitas.
Ouça o vereador Renato Freitas sobre os debates que resultaram em perseguição política, abaixo:
“Renato é vítima de um racismo estrutural. Vamos lutar diuturnamente para que ele fique com o mandato e defenda os mais de cinco mil curitibanos que o elegeu”.
Racismo
A tentativa de ataque ao vereador, que tem uma luta marcada pela denúncia da violência sistemática que atinge a juventude negra e pobre, é repudiada pelo Partido dos Trabalhadores.
O presidente do PT no Paraná, deputado Arilson Chiorato, defende Renato Freitas como um excelente vereador, afirma que ele é vítima do racismo estrutural e considera inadmissível a tentava de silenciar vozes em uma democracia. “Renato é vítima de um racismo estrutural. Vamos lutar diuturnamente para que ele fique com o mandato e defenda os mais de cinco mil curitibanos que o elegeu”.
Para o presidente do PT de Curitiba, Ângelo Carlos Vanhoni, não há nenhuma argumentação de falta de decoro para o pedido de cassação do mandato. Há, sim, uma vontade de restringir e calar a voz de denúncias sobre atos errados que acontecem na sociedade brasileira, embrenhada em violência aos mais pobres.
“Renato é vítima de um racismo estrutural. Vamos lutar diuturnamente para que ele fique com o mandato e defenda os mais de cinco mil curitibanos que o elegeu”, afirma o presidente do PT do Paraná, deputado Arilson Chiorato
“É uma denúncia que tem caráter político. Não mediremos esforços sejam jurídicos ou políticos para defender o vereador, pois é um mandato popular e ligado à luta da juventude pobre do nosso país. Foram eles que elegeram o Renato Freitas.
Não vamos transigir um milímetro na defesa da voz do mandato do Renato na Câmara. Querem atingir a militância do Renato, o Partido dos Trabalhadores e a luta dos jovens negros da periferia. Esses vereadores tentam conter a expansão de uma nova política, onde o povo tem vez e voz”, afirma Vanhoni.
O PT de Curitiba convocou uma reunião para esta sexta-feira (23) com diversas entidades e movimentos para constituírem um Comitê de Defesa do Mandato Popular do Renato Freitas, além de criar um grupo de advogados para se preparar na luta política a ser enfrentada.
Manifesto
O racismo estrutural da Câmara de Vereadores se escancara ao ameaçar o mandato de um parlamentar democraticamente eleito, com mais de cinco mil votos, e que se apresenta com uma nova forma de fazer política: com a periferia no centro do debate. Um manifesto contra censura e perseguição política foi aberto pelo Coletivo Núcleo Periférico de Curitiba.
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A denúncia contra Renato foi liderada pelo vice-líder do prefeito na Câmara, o pastor Osias Moraes (Republicanos), junto do pastor Ezequias Barros (PMB), pastor Marciano Alves (Republicanos) e Sargento Tânia Guerreiro (PSL).
Leia na íntegra a representação no Conselho de Ética aqui.
Da Redação, com informações da assessoria de imprensa do vereador Renato Freitas (PT/PR)