Em SC, mulheres petistas debatem representação política

Evento realizado em Florianópolis (SC) teve apresentação das pré-candidatas a deputadas estadual e federal do PT-SC e do projeto “Elas por Elas”

“Partido! Partido! É das trabalhadoras!”

Quem já foi a um encontro de mulheres petistas sabe que esse grito é sempre entoado a plenos pulmões pelas militantes. E não é para menos. As mulheres ocupam um papel de protagonismo histórico no partido, desde a sua fundação até os dias atuais, passando pela eleição da primeira presidenta da República, Dilma Rousseff, à da senadora Gleisi Hoffmann para a presidência nacional do partido.

As mulheres reconhecem o legado do PT, que em 13 anos de governo, com Lula e Dilma Rousseff, provocou uma verdadeira revolução na vida de milhares de brasileiras. Na sua estrutura interna, foi o primeiro partido do país a construir a paridade de gênero estatutariamente.  

O reconhecimento dos avanços é unânime. Mas elas querem mais.

No sábado (23), cerca de 300 mulheres participaram do Encontro Catarinense de Mulheres Petistas, em Florianópolis. Parlamentares, dirigentes e militantes de diversas cidades se reuniram na Assembleia Legislativa do estado durante todo o dia para debater o tema “Mulheres e Democracia”.

O encontro foi realizado no auditório que leva o nome de Antonieta de Barros, a primeira deputada estadual negra do País e primeira mulher a ocupar o cargo parlamentar na Assembleia de Santa Catarina, cuja força e resistência estiveram com as mulheres ali presentes.

Santa Catarina também é terra de Anita Garibaldi, a guerrilheira que abriu caminho para as mulheres na revolução. É preciso lembrar que as mulheres da História do estado não estão apenas no passado, mas no dia-a-dia, em todos os lugares, travando novas lutas para que outras também estejam em espaços de decisão.

Uma dessas mulheres é Ideli Salvatti, que em 2002 tornou-se a primeira senadora eleita por Santa Catarina, além de ter sido ministra no governo da presidenta legítima, Dilma Rousseff. Ela ressaltou as conquistas históricas das catarinenses na luta por representação.

“Nós não sabemos o tamanho da nossa força. São de Santa Catarina a primeira juíza e a primeira deputada estadual negra do país. É do estado e do PT a primeira mulher agricultora eleita deputada federal”, lembrou Ideli durante a sua fala.

A “Lei do Parto”, que garante à gestante o direito de escolher uma pessoa para acompanhá-la na durante o nascimento do bebê, é de autoria da ex-senadora e representa uma importante vitória das mulheres na luta pelo fim da violência obstétrica.

Existem ainda outras batalhas em curso. Uma delas é pelo aumento da representação de mulheres na política. Apesar de serem maioria na população e no eleitorado, elas correspondem a apenas 10,7% das cadeiras do Congresso Nacional.

As mulheres de Santa Catarina mostraram que estão organizadas na busca por esse espaço que lhes é de direito. No encontro, 16 pré-candidatas aos cargos proporcionais foram apresentadas pelo partido.

Cada uma delas recebeu um documento com 13 diretrizes e propostas formuladas por mulheres para a construção do Plano de Governo do PT-SC. As proposições também foram entregues ao deputado federal e presidente do diretório de Santa Catarina, Décio Lima.

A deputada estadual Ana Paula Lima (PT-SC), falou sobre os desafios enfrentados pelas mulheres nas instâncias políticas. Em fevereiro deste ano, ela sofreu um ataque de cunho misógino do deputado Roberto Salum (PRB), que mandou que ela “chamasse o marido” para discutir com ele durante uma sessão parlamentar.

“Ser candidata é vencer um obstáculo a cada dia. Quando chegamos ao parlamento, temos de provar a todo o momento que não somos apenas boas, mas que somos ótimas. Então, é a hora de aumentar a nossa participação na política”, disse.

“A representação de mulheres na sociedade deve estar também no parlamento brasileiro. Não há democracia quando as mulheres não estão nos espaços de poder”, defendeu a deputada estadual, Luciane Carminatti (PT-SC).

Elas por Elas

Durante o encontro em Santa Catarina, a Secretaria Nacional de Mulheres apresentou o projeto Elas por Elas. A iniciativa tem o objetivo de agregar forças para impulsionar a participação de mulheres na política.

A secretária de mulheres do PT-SC, Marcilei Vignatti, destacou que já é possível perceber mudanças na condução das pré-candidaturas neste ano.

“Antes, as companheiras eram retiradas de suas casas às vésperas das eleições para serem candidatas. Agora nós estamos fazendo a construção do processo, oferecendo alternativas para que elas possam se organizar e se eleger”, afirmou.

Por meio da iniciativa, as pré-candidatas terão acesso à formação política, suporte contábil, jurídico e em comunicação, para que tenham condições de fazerem uma disputa justa durante o processo eleitoral.

“Algumas companheiras já têm condições mínimas de fazerem a campanha, mas outras não. O projeto tem esse princípio de partilhamento e solidariedade, para que todas possam fazer a disputa”, explicou a secretária nacional de Mulheres, Anne Karolyne.

O legado das mulheres petistas foi lembrado durante todo o encontro. O golpe machista e misógino sofrido pela presidenta eleita, Dilma Rousseff, foi destacado, junto à resistência das mulheres que assumiram a linha de frente nas manifestações para impedir o processo golpista.

Recados para Lula

As mulheres também estão na luta pela libertação e pelo direito à candidatura do presidente Lula, preso político desde o dia 07 de abril. As participantes do encontro pediram “Lula Livre” e puderam escrever recados para o presidente, que foram depositados em uma caixa, para serem levados ao cárcere, em Curitiba.

Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas

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