Entenda porque a atual política da Petrobras ataca o seu bolso

Enquanto o atual governo acaba com a maior empresa pública do país, o capital só ganha em cima da Petrobras e o consumidor paga a conta na bomba

Pedro França/Agência Senado

Você se lembra quanto pagava pela gasolina durante o governo Lula? Ao longo dos mandatos do ex-presidente, o litro na bomba chegou a custar R$ 2,88 (valor corrigido pela inflação). Atualmente, no governo golpista de Temer, o preço chega a R$ 4,61. Porque será?

Criada no segundo governo Vargas, a Petrobras é mais que um empresa pública. Nasceu com a missão de liderar a industrialização brasileira. E é graças aos investimentos na empresa que o petróleo jorrou em solo brasileiro pela primeira vez, ainda na década de 50.

Sob os governos petistas, a Petrobras viveu seu momento de mais destaque. Esse período foi marcado pela descoberta do pré-sal, uma reserva cujo potencial de extração chega a 14 bilhões de barris. É a maior descoberta do mundo no setor durante o século XXI. Pela primeira vez, o país teve autossuficiência em petróleo. 

O golpe de 2016, marcado por uma conspiração política que resultou no impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, abriu as portas para a privatização da Petrobras. Sob o pretexto de “venda de ativos” e “desinvestimentos”, o patrimônio da empresa está sendo entregue ao capital estrangeiro.

E é justamente por entregar a empresa aos estrangeiros, que o gás de cozinha aumentou, assim como os preços da gasolina e do álcool.

 A política de Parente

A principal explicação para os sucessivos aumento dos derivados do petróleo tem nome: Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras. Desde de junho do ano passado, os preços flutuam conforme o dólar e as variações do mercado internacional. No últimos 30 dias, os preços mudaram mais de 16 vezes.

A convulsão provocada por essa política foi o estopim da greve dos caminhoneiros que quase parou o país. Somada à fraquíssima capacidade de negociação de Temer, o evento revelou o que acontece quando o mercado dita as regras em um setor de extrema importância para os brasileiros.

Presidente da Petrobras, Pedro Parente

Em sua carta de demissão, o ex-presidente se vangloriou de ter gerido a companhia pela primeira vez “sem intervenção política”. Na prática, pôs o lucro dos acionistas a frente das necessidades dos milhares de brasileiros que dependem do combustível para se locomover. Os quase onze dias de paralisação causaram um prejuízo calculado pelo próprio Ministério da Fazenda em 15 bilhões.

Parente é nome conhecido do entreguismo nacional. Chefe das pastas Casa Civil, Planejamento e Minas e Energia dos governos FHC, ele ficou famoso como “ministro do apagão” na grave crise que atingiu setor elétrico de 2002. Mesmo sem ele, a política de preços não vai mudar sem que haja o comando de um governo preocupado com as questões sociais.

Golpismo paralisado

Para atender as demandas dos caminhoneiros, após a grande greve no início do mês passado, Temer baixou o preço do diesel em R$ 0,46. Mas a gasolina ficou ainda mais cara na bomba – na segunda quinzena de maio, o preço subiu R$ 0,47 centavos.

A alta do gás de cozinha é ainda mais absurda. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que o preço médio do botijão cresceu quase R$17,00 desde a posse de Michel Temer. Durante o último ano do governo Dilma, o gás custava R$ 53,63. Em junho desse ano, segundo a ANP, já alcançou R$ 70,60. 

O resultado é ainda mais dramático para os mais pobres, obrigados a improvisar maneiras de cozinhar sem gás. De acordo com o IBGE, 1,2 milhão de lares brasileiros passaram a usar lenha ou carvão no preparo dos alimentos. Outra perigosa alternativa é o álcool, que multiplica os riscos de incêndios e queimaduras: no Recife, 90% dos internados por queimaduras no Hospital de Restauração se feriram dessa forma.

Patrimônio à preço de banana

Em 2006, sob a batuta do governo Lula, o Brasil comemorou a autossuficiência em petróleo pela primeira vez. Em vez de entregar a maior parte dessa riqueza a empresas estrangeiras, como querem fazer os golpistas, os governos do PT optaram pelo modelo de partilha, garantindo a maior parte dos lucros para a União.

Desde a descoberta do pré-sal, Lula defende que os ganhos sejam destinados para o desenvolvimento do Brasil. O governo golpista faz de tudo para sepultar esse projeto, vendendo os direitos de exploração da maior reserva descoberta no século XXI a preço de banana para empresas estrangeiras. Ou seja: menos renda, emprego e riquezas para o Brasil.

Um exemplo? Na rodada mais recente de leilões, a exigência média mínima de retorno ao governo ficou em 13%. O preço de venda barril também caiu drasticamente. Custava em média R$1,49 nas duas rodadas anteriores. Nesta, ficou em parcos R$0,26. Conforme afirmou a Federação Única dos Petroleiros, um negócio da China para quem vence a licitação.

Desde o golpe, a Petrobras envia óleo bruto para ser refinado em outros países, e o compra de volta a preços do mercado internacional – a importação de petróleo cresceu 25%. Comprando foram um bem que poderia produzir aqui mesmo (e deixando de investir em tecnologia para aumentar a capacidade nacional de refino) a empresa fica mais suscetível às tempestades do mercado.

Por Thais Reis, da Redação da Agência PT de Notícias

 

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