Fenaj: Bolsonaro é responsável por mais da metade dos ataques a jornalistas em 2019
Presidente responde por 121 das 208 ocorrências registradas pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o equivalente a 58% do total
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O presidente Jair Bolsonaro foi responsável por 121 das 208 ocorrências de ataques a jornalistas registrados pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em 2019. Os dados são do relatório “Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil”, divulgado nesta quinta-feira (16).
De acordo com o monitoramento da entidade, a ascensão de Bolsonaro à presidência da República afetou a liberdade de imprensa no Brasil, já que, em 2019, o número de casos de ataques a veículos de comunicação e a jornalistas aumentou 54,07% em relação a 2018, quando foram anotadas 135 ocorrências.
“A maioria dos ataques de Bolsonaro foi feita em divulgações oficiais da Presidência da República (discursos e entrevistas do presidente, transcritos no site do Palácio do Planalto) ou no Twitter oficial de Bolsonaro. Foram 116 casos, já denunciados pela Fenaj em divulgação específica. A esses, somaram-se outros cinco casos de agressões feitas em entrevistas/conversas com jornalistas que não foram reproduzidas no site do Palácio do Planalto”, diz a presidenta da Fenaj Maria José Braga no relatório.
Para a dirigente, a postura do presidente mostra que a liberdade de imprensa está ameaçada no Brasil. “O chefe de governo promove, por meio de suas declarações, sistemática descredibilização da imprensa e dos jornalistas. Com isso, institucionaliza a violência contra a imprensa e seus profissionais como prática de governo”, aponta.
Não foram registrados pelo monitoramento ataques feitos em coletivas como as concedidas usualmente por Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada. Hoje, o presidente atacou verbalmente uma repórter do jornal Folha de S. Paulo ao perguntar se ela não tinha “vergonha na cara” por conta de uma reportagem que denuncia o titular da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten . Ele recebeu dinheiro, por meio de uma empresa da qual é sócio, de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pela secretaria.
“Eu sei que você não é dona da Folha, desculpa, você, como pessoa, não tenho nada contra você, mas você está cumprindo aqui o seu papel para tentar infernizar o governo. Qual pauta positiva a Folha teve no governo até hoje? Nada, zero. Zero”, disse Bolsonaro.