Fim do auxílio e desemprego apontam para explosão social em 2021
De acordo com projeção de especialistas, em torno de 48 milhões de pessoas, sobretudo trabalhadores informais, ficarão sem ajuda financeira do governo federal a partir de janeiro. “Ainda há tempo de evitar o caos sanitário e social em 2021. Basta a prorrogação do estado de calamidade, o que suspenderá as regras fiscais e viabilizará gastos emergenciais para combate à pandemia”, defende a deputada federal (PR) e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann
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O fim do auxílio emergencial nesta terça-feira agravará o desemprego e a pobreza no país, prevê o diretor-adjunto do Dieese, José Silvestre. A decisão do governo chega junto com o anúncio de que o país fecha o ano com mais de 14 milhões de desempregados. Para completar, a inflação de alimentos e da cesta básica atinge em cheio a renda dos mais pobres.
De acordo com projeção de especialistas, em torno de 48 milhões de pessoas, sobretudo trabalhadores informais, ficarão sem ajuda financeira do governo federal a partir de janeiro. Sem propor alternativas, o Ministério da Cidadania aponta para o retorno do Bolsa Família, programa que atende a 19,2 milhões de pessoas. Na maioria dos países do mundo o apoio às populações e à economia está sendo renovado.
Para o diretor-adjunto do Dieese, a combinação do fim do auxílio com o aumento da procura por trabalho vai aprofundar o desemprego em 2021. De acordo com Silvestre, esse quadro é agravado pela incapacidade do país de criar empregos na magnitude necessária. O Índice de Atividade Econômica, medido pelo Banco Central, encolheu 3,93% em 12 meses, indicando a fraca recuperação da economia.
Hoje é o último auxílio emergencial apesar da alta dos casos de covid-19. O resultado vai ser 48 milhões de pessoas sem renda. Bolsonaro vai prorrogar auxílio e decreto de calamidade ou vai deixar o povo morrer de fome, sem auxílio e sem emprego?
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) December 29, 2020
Em artigo, a deputada federal (PR) e presidenta do PT alerta que a retirada da renda do auxílio, sem recuperação dos rendimentos do trabalho, implicará aumento da desigualdade e da pobreza. “Os mais vulneráveis, sem a renda garantida pelo Estado, buscarão sua sobrevivência material e ampliarão o risco de contágio pelo vírus, pressionando ainda mais a rede pública de saúde, que também sofrerá o impacto da austeridade em 2021”, afirma.
O fim do auxílio emergencial afetará o rendimento das famílias e o consumo, aponta o diretor-adjunto do Dieese. “Não há dúvida que o auxílio emergencial teve contribuição importante inclusive para que a queda na economia não fosse tão acentuada”, destaca ele. “As pessoas precisam comer. Certamente vamos assistir a uma piora da miséria e da pobreza, como já está sendo projetado”, adverte.
“É contra esta visão que precisamos lutar, em defesa da adoção de medidas emergenciais que atendam ao interesse da população, especialmente os trabalhadores e os mais vulneráveis”, defende Gleisi. Para ela, “ainda há tempo de evitar o caos sanitário e social em 2021. Basta a prorrogação do estado de calamidade, o que suspenderá as regras fiscais e viabilizará gastos emergenciais para combate à pandemia”.
Da Redação com site da CUT e agências