Focus #110: BRICS+, a força do Sul Global
Focus Brasil repercute a ampliação do BRICS, concluída na semana passada. “Lula retoma participação do Brasil na nova geopolítica que está nascendo”, aponta a revista. Leia a íntegra
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A ampliação do bloco econômico BRICS, decidida por Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul, é o destaque da edição desta semana da revista Focus Brasil, editada pela Fundação Perseu Abramo (FPA). De acordo com a publicação, a entrada de Arabia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, a partir de 2024, conforme decidido na cúpula do BRICS na Áfica do Sul, aumenta a força do Sul Global.
A Focus aponta o reforço na agenda do grupo por uma maior participação dos países em desenvolvimento nos principais fóruns globais. “O grupo também acordou seguir em busca de uma reforma da ONU, especialmente em relação ao Conselho de Segurança da organização, para torná-la mais “democrática, representativa, efetiva e eficiente”. O BRICS defende aumentar a “representação dos países em desenvolvimento na composição do conselho para que ele possa responder adequadamente aos desafios predominantes globais”, informa a revista.
A Focus também ressalta as críticas que Lula fez às Nações Unidas e ao sistema financeiro internacional. “Lula defende que o modelo multilateral do comércio seja reavivado para que volte a ser indutor de relações justas, pre- visíveis, equitativas e não discriminatórias entre os países”, observa a publicação.
Na seção Carta ao Leitor, o diretor da FPA Alberto Cantalice aborda as relações do Brasil com o continente africano a partir da viagem de Lula para participar da cúpula do BRICS. Segundo Cantalice, a viagem de Lula “mais uma vez, traz à luz a identidade do nosso país com os povos que habitam aquela região. Parte fundamental da construção da nacionalidade brasileira, a África nunca teve no Brasil o reconhecimento pleno de sua importância”.
“Para nós, a história da África se reveste de uma importância que a academia no país ainda não percebeu”, observa. “É preciso romper com a lógica meramente eurocêntrica que domina o pensamento brasilei- ro. Os grilhões que prendiam os corpos africanos, hoje agem aprisionando pensamentos”, defende o diretor.
Na entrevista da semana, a socióloga e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, comemora o que ela considera “uma nova primavera” no país, após todos os retrocessos que se seguiram ao golpe que apeou Dilma Rousseff da Presidência em 2016. “Ainda são apenas sete meses do primeiro ano. É muito pouco e já se fez muito”, constata a socióloga. “Nós semeamos na resistência e estamos colhendo agora com o governo Lula todas as sementes da liberdade que nós plantamos na resistência”.
Menicucci, que foi recentemente eleita presidenta do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo, falou sobre os trabalhos da FPA aos jornalistas Bia Abramo e Guto Alves. “É o Conselho que analisa, avalia, aprova ou desaprova todas as de- cisões tomadas pela diretoria da fundação”, explica. “Temos ideia de buscar as ministras e os ministros [do governo federal] para conversar conosco, dialogar sobre as suas atuações, suas políticas”, anuncia.
Foi golpe!
A confirmação da inocência da ex-presidenta Dilma Rousseff no que diz respeito às pedaladas fiscais, base de seu impeachment fraudulento, pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), também ganhou destaque na Focus. Com o título “TRF-1 confirma: foi golpe“, a Focus faz justiça à ex-presidenta, repercutindo declarações da própria Menicucci na entrevista, do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do presidente Lula, que falou sobre o assunto em Angola.
“A Dilma foi absolvida e eu agora vou discutir como é que a gente vai fazer. Não dá para reparar o direito político porque se ela quiser voltar para ser presidente, eu quero terminar o meu mandato”, brincou, arrancando risos dos presentes. Mas, falando sério, Lula disse que alguma coisa pre- cisa ser feita. “Quero saber como que se repara uma uma coisa que foi julgada por uma coisa que não aconteceu”, pontua a reportagem.
“A revista lembra ainda o discurso histórico proferido por Dilma no dia 31 de agosto de 2016, há exatos sete anos, quando foi afastada do poder. “Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment”, afirmou Dilma. “O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática”, previu.
Cultura
A história dos Secos & Molhados, seminal banda brasileira que completou 50 anos da sua primeira formação, é contada pelas lentes do jornalista Miguel de Almeida no livro “Primavera nos Dentes”. A edição comemorativa da obra é tema de resenha assinada por Bia Abramo. “Parte da importância de “Primavera nos Dentes”, biografia da banda Secos & Molhados, é que seu autor, o jornalista Miguel de Almeida, “esteve lá””, escreve Abramo.
“Jornalista de formação, começou a trabalhar na Folha de S. Paulo já no final dos anos 1970, período em que a vida cultural do Brasil vivia ainda sob muita influência dos movimentos contraculturais”, relata a jornalista. “É por esse tecido mais sensível, de alguém contemporâneo daquilo que pesquisa e descreve como a história curta, porém explosiva, de um grupo que mudou o rumo da MPB, que “Primavera nos Dentes” se destaca como livro-reportagem”.
Os irlandeses do U2 ganham espaço na publicação pelos 30 anos do lançamento de Zooropa, álbum que consolidou mudanças estruturais na carreira da banda e que anteciparia novas sonoridades no pop mundial pelas décadas seguintes. “O U2 deslocou o eixo de influências americanas e de caráter messiânico – que basearam alguns sucessos do passado – para a vanguarda da música eletrônica europeia”, diz o texto assinado pelo jornalista Fernando Brasil.
“As canções, ora esparsas, ora estridentes, agora abriam espaço para comentários sociais sobre o uso da tecnologia pelos países ricos, política externa e isolamento social, impregnados por uma fina e melancólica camada de ironia”, registra.
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Da Redação