Franklin Martins: Se Lula não tivesse sido eleito em 2002, o Brasil tinha explodido
Em entrevista ao jornal “El País”, ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do Governo Lula, recordou a esperança dos brasileiros quando Lula ingressou no Poder
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O ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Franklin Martins, afirmou, em entrevista ao jornal “El País“, publicada no último domingo (12), que se o ex-presidente petista não tivesse sido eleito em 2002, “o Brasil tinha explodido”. “Não tenho dúvida nenhuma”, declarou.
Martins fez o comentário ao avaliar que pouco antes de Lula ser eleito, inúmeros artistas questionavam a política brasileira. Segundo ele, havia uma “bronca social” e “revolta política” nas letras de canções do período. Na entrevista, o ex-ministro falou também sobre seu trabalho sobre a relação da música com a história política do Brasil. A pesquisa resultou em três grandes volumes.
Sobre a atual momento econômico que o país enfrenta e a gestão PT, Franklin Martins defendeu a presidenta ao dizer que “ela tem perfeitas condições de se recuperar”, porém o processo “não é automático”.
“Eu acho que ela está no início do governo. Início de governo onde você está fazendo uma arrumação da casa, é um momento de dificuldade de popularidade. Acho que ela tem perfeitas condições de se recuperar, mas não é automático. Para se recuperar, a economia vai ter que se recuperar”, avaliou.
Martins acredita que ouvir mais os anseios da população pode ser o caminho para a presidenta recuperar a popularidade. “Politicamente, ela terá de discutir com a população, que tem expectativas muito grandes, que não quer retrocesso. Isso é uma característica, a população não quer perder o que já conquistou”, disse.
A terceira parte do projeto musical de Franklin Martins reconta uma fase em “que o Brasil estava há 30 anos sem crescer, sem gerar emprego”, em referência ao ano de 1994.
O ex-ministro disse ainda que na época da ditadura muitas músicas foram censuradas, mas apesar da dificuldade em exibir o material, “os artistas encontraram meios de dar o seu recado”.
“O Chico Buarque, por exemplo, fez várias músicas com pseudônimo, e a censura não percebeu que a musica era dele. Havia o que se chamava de letras duplex: a música falava de uma coisa, mas você podia fazer uma leitura política. Uma muito famosa é Apesar de você”, contou.
Franklin Martins deu detalhes na entrevista sobre sua vida política. Falou foi criado “num ambiente de luta contra a ditadura”, quando tinha entre 15 e 16 anos.
“Eu já era um militante político no sentido de que, nos anos 61, 62, 63, garoto ainda, na escola, eu já era representante de turma, votava com a esquerda. Era um período de grande efervescência política no Brasil. Quando vem a ditadura, considerava que era um dever meu lutar contra a ditadura”, relembrou.
Também destacou que “não tinha como fazer a luta contra a ditadura sem fazer a luta armada”. “A minha crítica, olhando retrospectivamente —eu já fiz essa crítica em 1972— é que, com a luta armada, que é uma forma de luta que não podia ser acompanhada pelo povo, nós nos isolamos e fomos massacrados”, disse.
O período da ditadura militar é representado no segundo volume da seleção musical que resgata os anos de 1964 até 1985. O primeiro aborda de 1902-1964, já o terceiro vai de 1985 a 2002. No conjunto da pesquisa musical há mais de 1,1 mil canções e recebe o título “Quem foi que inventou o Brasil? A música popular conta a história da República”, é da editora “Nova Fronteira”.
Todas as músicas podem ser ouvidas no portal www.quemfoiqueinventouobrasil.com.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias